OPINIÃO
António Costa, o Oliveira da Figueira da Europa
Este episódio dos gastos revelados pelo Politico, é sério
e de uma grande gravidade. Ele arrasta, em termos de imagem, não só Costa, mas
também a imagem de todo um povo, sacrificado e mal liderado.
António Sérgio
Rosa de Carvalho
9 de Março de
2021, 6:05
https://www.publico.pt/2021/03/09/opiniao/opiniao/antonio-costa-oliveira-figueira-europa-1953554
O Politico Europe
é fenómeno jornalístico Internacional de referência. Um artigo recente
descrevia gastos astronómicos (1) à volta da
Presidência Europeia de Portugal, em detalhes absurdos de esbanjamento de
recursos, que inevitavelmente serão associados ao nível de responsabilidade com
que Portugal irá utilizar o “maná” da “bazuca” (2) financeira
europeia.
Isto, num momento
da mais alta gravidade, onde a Europa é testada até aos seus limites, na sua
capacidade de gestão da pandemia.
Costa, depois de
momentos de indignação perante os frugais, especialmente os holandeses e Mark
Rutte, que foram classificados como “forretas”, lá se deslocou a Haia e numa
vénia que pretendia ser implicitamente manhosa, marcou o momento com um
“episódio Oliveira da Figueira”. Ora, Mark Rutte tem sido retratado, até pelo
New York Times, (3) como político que ilustra a conjugação
da grande capacidade de trabalho, baseada em espírito de iniciativa e
empreendimento com grande rigor na gestão financeira e contas públicas, do povo
holandês.
A sua gestão da
crise corona com apelos permanentes à responsabilidade cívica individual
simultaneamente com injecções financeiras, trouxe de volta e de forma subtil, a
ideia da importância do Estado como referência reguladora e pedagógica
insubstituível. E isto num tecnocrata responsável de uma onda neoliberal com
todas as suas consequências nefastas, mas agora mais convertido ao Estado
Social, com um programa político, pelo menos aparentemente, mais próximo das
tradicionais preocupações sociais-democráticas.
Todos conhecem o
detalhe das deslocações permanentes de bicicleta, do rigor e sobriedade do
alojamento, da interminável capacidade de trabalho. Tudo isto completado pelo
episódio da “esfregona” à entrada do Parlamento, onde, quando entornou café
junto aos pontos de controle, insistiu em agarrar na esfregona e pano para
limpar as consequências para os outros, do incidente.
Perante isto, uma
certa imagem política ligada ao PS, como candidato ao estatuto de “Dono disto
Tudo “abrilhantado pela divisa “Quem se mete com o PS leva”, agora recentemente
confirmada pela arrogância do deputado Ascenso (4) conseguindo
num ápice “ascender” ao título de “Idiota Irreflectido” no episódio do
monumento, agravado pelo “apanhado” de escândalo na via pública, também à porta
do Parlamento, com polícia e insultos e acusações aos moradores, que ficaram
registados em Video, transportou-nos às caricaturas anafadas e roliças, de
personagens da Primeira República.(5)
Ora, este
episódio dos gastos revelados, é sério e de uma grande gravidade. Ele arrasta,
em termos de imagem, não só Costa, agora reduzido à caricatura de matreiro
Oliveira da Figueira, perante os frugais, mas ele arrasta também consigo a
imagem de todo um povo, sacrificado e mal liderado.(6)
Um povo que foi
condenado a uma nova diáspora e uma sangria permanente de toda a sua juventude,
que supostamente iria garantir o futuro do país e exigir o seu lugar no mesmo.
No assumir do perfil caricatural de Oliveira da Figueira, e da sua pretendida
esperteza implícita, ao confrontar-se com o rigor e a responsabilidade da
gestão da realidade, Costa, pôs-se definitivamente no futuro, “a jeito” para o
papel purificador da “esfregona” de Rutte.
Historiador de
Arquitectura
( 2 ) https://www.publico.pt/2021/02/27/politica/noticia/governo-ja-sabe-onde-comeca-executar-prr-1952349
( 3 ) https://www.nytimes.com/2020/05/28/world/europe/rutte-dutch-netherlands.html
( 4 ) https://www.publico.pt/2021/02/19/opiniao/opiniao/salazarismo-nao-morreu-1951297
( 6 ) https://www.publico.pt/2014/01/12/opiniao/opiniao/pousar-a-mala-e-levantar-a-cabeca-1619300
Oliveira da Figueira / TinTin / Hergé
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