“Não vamos
parar”: Greta Thunberg chegou a Lisboa, onde afinal vai ficar dois dias
Mariana Durães 3
de Dezembro de 2019, 13:21
Greta Thunberg já
chegou a Lisboa. Quase cinco horas depois da hora prevista, o La Vagabonde
atracou na Doca de Santo Amaro. Ainda o barco se aproximava do cais e já se
ouviam palmas, batuques e cânticos: “Welcome, Greta!”, gritavam os portugueses
que a esperavam. À sua espera, além dos activistas climáticos, estavam
deputados, jornalistas e muitos fãs. Também a “Brigada Vermelha” marcou presença
na recepção. Vestidos de vermelho da cabeça aos pés, com a cara pintada de
branco, os activistas do Extinction Rebellion encenaram um protesto.
Já com os pés
assentes em terra, Greta foi cumprimentada por Fernando Medina, presidente da
Câmara Municipal de Lisboa, José Maria Cardoso, deputado do Bloco de Esquerda e
líder da comissão parlamentar do Ambiente, e Matilde Alvim, uma das
organizadoras da Greve Climática Estudantil em Portugal.
A recepção da
activista, feita no cais, prosseguiu com discursos de boas-vindas. Fernando
Medina agradeceu a presença da jovem em Lisboa e a sua acção de sensibilização,
com impacto a nível global. Matilde Alvim falou em nome do movimento climático
português e utilizou uma das célebres frases da activista sueca: “A nossa casa
está a arder.” A jovem portuguesa mencionou algumas das exigências da Greve
Climática Estudantil: "Precisamos de neutralidade carbónica até 2030,
manter os combustíveis fósseis no chão, providenciar energia limpa e cancelar
novos projectos de aeroportos, como o do Montijo", disse. E terminou,
agradecendo directamente a Greta Thunberg: "Obrigada por teres inspirado
uma geração, por teres sido tão radical no teu discurso. Por favor, não
páres."
Seguiram-se
algumas palavras de Abel Rodrigues, que alertou para a desflorestação da
Amazónia, e de Riley Whitelum, o youtuber australiano que, juntamente com a
mulher Elayna Carausu e o filho de 11 meses, Lenny, deu boleia a Greta
Thunberg. Nikki Henderson, marinheira profissional que pilotou o barco até
Portugal, mencionou a dificuldade que uma viagem desta dimensão representa para
alguém "como Greta e o seu pai", que "não estão habituados".
"Estar com a Greta durante 21 dias fez-me sentir que se estivermos todos
juntos, tudo parece menos assustador. E há mais esperança", rematou.
"É muito bom
sermos recebidos de forma tão calorosa. Estou muito feliz por estar nesta
bonita Lisboa", começou por dizer Greta. A jovem sueca mencionou algumas
dificuldades associadas à viagem, como o "isolamento durante três semanas,
num espaço tão limitado", mas não tardou em fazer promessas de mais luta:
"Não vamos parar. Vamos continuar a viajar e a pressionar as pessoas que
estão no poder, assegurando-nos de que eles prioritizam este problema." E
rematou, em resposta a um jornalista: "Acho que as pessoas estão a
subestimar a força dos miúdos zangados. Nós estamos zangados, frustrados, mas é
por uma boa razão."
Questionada sobre
se concorda com a construção do aeroporto do Montijo, Greta confessou não
conhecer o contexto, mas foi assertiva. "Não precisamos de pensar no que
nos vai beneficiar agora, mas no futuro", revela a activista, que vai
afinal permanecer por Lisboa dois dias, partindo depois para Madrid, onde é
esperada na COP25, a tempo da manifestação de sexta-feira, uma contra-cimeira
convocada pelo movimento Fridays For Future.
Greta ainda não
sabe em que eventos irá participar na Cimeira, mas o que espera é que os líderes
mundiais "percebam a urgência" da crise climática, "ouçam a
Ciência e ajam". "Que comecem a encarar esta crise como uma crise e
cooperem internacionalmente." A carta que o ministro do Ambiente, Matos
Fernandes, enviou a Greta foi também um dos assuntos abordados. A jovem não
está "100% certa" se a terão recebido ("é muito difícil
comunicar lá") e, para a "comentar", teria de ler em detalhe.
"Mas acho que posso dizer que nenhum país está a fazer o suficiente e devemos
fazer muito mais do que estamos a fazer agora", ressalvou.
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