quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Greta: pelo planeta, mostra-nos as contas! / "Greta." por António Sérgio Rosa de Carvalho / Greta Thunberg: uma voz para quem (se) interessa


Greta Thunberg chegou a Madrid. Esperadas mais de 100 mil pessoas na Marcha pelo Clima

A ativista sueca Greta Thunberg, acabada de chegar de Lisboa, vai estar na manifestação que deverá contar com a coordenadora do BE, Catarina Martins, e o líder do PAN, André Silva. Representantes de diversas organizações ambientalistas portuguesas também vão desfilar na Marcha pelo Clima.

DN/Lusa
06 Dezembro 2019 — 07:43

Uma Marcha pelo Clima tem lugar esta sexta-feira em Madrid, à margem da cimeira sobre alterações climáticas (COP25), sendo esperadas dezenas de milhares de pessoas e a presença da mediática jovem ambientalista Greta Thunberg, que chegou a Madrid, pouco depois das 07:30, depois de ter estado em Lisboa.

Segundo os organizadores da manifestação, deverão participar "mais de cem mil" pessoas de todo o mundo para "desmascarar a hipocrisia" dos governos que há 25 anos se reúnem sem sucesso para contrariar as alterações climáticas.

A Marcha pelo Clima e uma cimeira social que começa no sábado vão dominar a agenda paralela à 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que começou a 2 de dezembro e vai prolongar-se até 13 de dezembro em Madrid.

A manifestação começa às 18:00 (17:00 em Lisboa) em Atocha, perto do centro de Madrid, e depois de percorrer uma parte de A Castelhana, a maior e mais importante avenida da capital espanhola, termina na zona dos Novos Ministérios.

Na marcha, que deverá contar com a coordenadora do BE, Catarina Martins, e o líder do PAN, André Silva, está prevista a presença de representantes de diversas organizações ambientalistas portuguesas.

Ativista sueca em Madrid
Greta Thunberg, que durante o último ano ganhou protagonismo e se tornou uma das caras mais conhecidas no movimento internacional que exige ação contra as alterações climáticas, chegou a Madrid esta manhã, depois de uma viagem no Lusitânia Comboio Hotel. A jovem irá participar na Marcha pelo Clima e será uma das pessoas que irá discursar a partir das 20:00 na zona em que termina a manifestação e em que também haverá "espaços" de música, poesia, e outros eventos de animação cultural.

A cimeira foi transferida de urgência, a 1 de novembro para Madrid, depois de o Chile ter anunciado que renunciava à sua organização, devido à contestação social sem precedentes no país.

OPINIÃO
Greta: pelo planeta, mostra-nos as contas!

A bitola que uso para os lobbies das energias fósseis é igual à que imponho a quem defende as causas que me são caras. Por isso, Greta, por favor, mostra-nos as contas!

SUSANA PERALTA
6 de Dezembro de 2019, 6:00

Greta Thunberg aportou a Lisboa na terça-feira. As reações à sua visita oscilam entre a veneração e a raiva. Na minha modesta opinião, Greta Thunberg tem coisas boas e más e tê-la por cá é uma ótima ocasião para as discutir.

Os jovens estão alheados da política, como confirma o estudo que citei há uma semana, Abstenção e Participação Eleitoral em Portugal, e ninguém sabe como lidar com isso. Alguns países deram direito de voto a partir dos 16 anos de idade, proposta discutida em Portugal pela mão do PAN, mas recebida com sobranceria pelos restantes partidos, à exceção do Bloco de Esquerda e do deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira. Felizmente, o ativismo político é outra forma de participação, muito importante para a democracia. Greta Thunberg trouxe os jovens para a arena do ativismo e isso é bom. Não sabemos que efeitos vai ter a prazo na participação eleitoral destes jovens, mas por agora é refrescante.


Os grupos sem direito de voto, ou que o têm mas não o exercem, estão pouco representados nas escolhas políticas. O caso das alterações climáticas é paradigmático, porque as consequências negativas da emergência ambiental vão ser suportadas pelos jovens. Quanto mais velhas somos, menor a probabilidade de virmos a enfrentar um planeta fundamentalmente diferente e, sem grande surpresa, menos sacrifícios estamos dispostas a fazer no presente para melhorar o futuro coletivo. Greta Thunberg tem o mérito de trazer este tema para o centro do debate. A sua intervenção é isenta de críticas? Claro que não! Nem sempre é fiel à ciência, tem acessos de extremismo, por vezes resvala para estados emocionalmente pouco amigos do debate ponderado. Mas do outro lado da barricada estão lobbies poderosos, poucos escrupulosos e, já agora, nada científicos nas suas afirmações. As cinco maiores petrolíferas gastaram pelo menos 251 milhões de euros a fazer lobby junto da União Europeia entre 2010 e 2018, segundo um relatório de um grupo de ONG (Corporate Europe Observatory, Food & Water Europe, Friends of the Earth Europe e Greenpeace) revelado no final de outubro. Os lobistas do petróleo empregam 200 pessoas em Bruxelas, que se desdobraram em 327 reuniões (declaradas) com responsáveis de topo da Comissão Europeia. A atividade de lobbying concentra-se nos momentos de negociações de pacotes legislativos ambientais importantes. Ou seja: esta gente não brinca em serviço. Para lhes fazer frente, eram precisas várias Greta Thunberg.


No capítulo das críticas, anda por aí uma visão moralista das escolhas de Greta que lhe quer impor uma vida estereotipada de miúda de 16 anos: muita diversão, inconsequência q.b.. A mim parece-me mais provável que a tomada de consciência política da geração mais nova seja um susto tão grande que certas pessoas preferiam que Greta ficasse no seu canto a jogar consola. Mais perplexa me deixa o argumento que aproveita o facto de a jovem ser portadora de uma forma de autismo para reduzir a sua intervenção ao delírio de uma pessoa com incapacidade. Acontece que o nosso espaço público precisa de mais – ao invés de menos – pessoas diferentes. Já escrevi isso a propósito da gaguez de Joacine, e repeti-lo-ei sempre que for necessário. A reação de espanto com que a sociedade reage a estes casos só mostra que eles pecam por excessivamente raros.

Mas o movimento de Greta tem dois problemas: é pouco transparente e excessivamente purista. Ora: ninguém é puro, nem mesmo Greta Thunberg. Esta combinação é explosiva e pode deitar o movimento por terra um destes dias, o que seria péssimo: mais uma machadada na causa ambiental, mais uma desilusão política para os jovens. Greta foi para os EUA de veleiro em setembro; esteve de malas feitas para o Chile, acabou por vir para Madrid atrás da Cimeira do Clima. Tudo isto custa muito dinheiro. Mesmo com a pouca informação que temos, vislumbramos incoerências que podem ser fatais a um movimento que se afirma pelo purismo. O Catamaran La Vagabonde, que trouxe Greta à doca de Alcântara, pertence a um casal de australianos que está a viajar pelo mundo desde 2014. O seu proprietário juntou dinheiro para a compra do barco trabalhando, durante 8 anos... em explorações de petróleo offshore. O veleiro Malizia II, que levou Greta aos EUA foi disponibilizado por Pierre Casiraghi, membro da família reinante do Mónaco, principado campeão da falta de transparência e da lavagem de dinheiro. E tem um historial de patrocínios pela BMW, empresa de pegada ecológica nada mansa, que se apressou a afirmar que não contribuiu para a expedição de Greta. Ficávamos todos mais descansados se ela nos dissesse quem pagou, afinal. Greta ofende-se com o escrutínio e afirma que é tudo pago pelos pais. Tenho pena, mas isso não chega! A bitola que uso para os lobbies das energias fósseis é igual à que imponho a quem defende as causas que me são caras. Por isso, Greta, por favor, mostra-nos as contas!

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico



OPINIÃO

Greta.

A pergunta fundamental é: já esteve JMT nalguma marcha pelo Clima? Eu estive. E o que vi foi milhares de Jovens Gretas e Gretos, sem autismos, mas com as mesmas perguntas impotentes e universais dirigidas, precisamente, aos políticos e aos líderes mundiais.

António Sérgio Rosa de Carvalho
10 de Outubro de 2019, 2:13

Uma Santa? Uma Política? Ou, apenas, mensageira e oráculo de uma Verdade Científica não apenas Inconveniente mas Incontornável?

Estamos todos “gretados”. Uma das melhores caracterizações da idiossincrática mente de Greta, e da sua relação rigorosa e sem filtros, com a urgência dos factos incontornáveis científicos divulgados nos relatórios do IPCC, foi-nos dada num recente artigo da Spiegel.

Neste, Greta, é comparada ao famoso Neo do Matrix, o qual é exposto à escolha entre tomar a pílula azul que o irá levar ao esquecimento “normalizado” de uma verdade escondida e a pílula vermelha, que o irá levar ao conhecimento sem filtros da mesma verdade.

Greta optou pela pílula vermelha.

Assim, ao acusar directamente os grandes líderes que a convidam, de torpor e de irresponsável inacção perante os factos científicos, Greta transformou-se na mensageira da sua própria geração e das gerações futuras. Um inconveniente e incomodativo oráculo, que muitos denunciam como perigosa ameaça mistificante, para o mundo de aparente prosperidade, estabilidade e segurança. Uma ameaça para o Mundo da pílula azul.

Todos viram o Video do “How dare you”? Mas, provavelmente poucos viram a mensagem registada também em vídeo de Sir David Attenborough e dirigida aos Líderes do Mundo presentes a 23 de Setembro na cimeira da ONU.

 Nele, Attenborough avisa que foi possível construir a civilização humana nestes últimos doze mil anos devido à estabilidade do clima. Essa estabilidade está gravemente ameaçada e uma data limite e decisiva é 2020, data da “última” cimeira em Londres. “Última" no sentido do tempo que nos resta para atingir os objectivos e compromissos tomados pelas nações de diminuir para metade as emissões de C02 até 2030 e atingir o zero de emissões em 2050, no conhecido limite dos 2 graus.

Na cimeira de 23 de Setembro conseguiu-se concretamente muito pouco além da vaga e tímida promessa de 70 nações do compromisso de neutralidade de carbono em 2050 e de implementar os seus planos nacionais que resultam do Acordo de Paris até 2020.

Daí, a indignação trémula e impotente de uma adolescente que representa uma geração que em nada contribuiu para o Mundo da Pílula Azul, mas que vai ser obrigada a sobreviver nas realidades apocalípticas do Mundo da Pílula Vermelha. Neste, o conceito Viver tal como nós o conhecemos terá então desaparecido.

António Guterres ilustrou recentemente isto com a frase: “A ciência mostra-nos que se nada for feito enfrentamos, pelo menos, 3 graus Celsius de aquecimento global até ao final do século. Eu não estarei cá, mas minhas netas, sim.”

Ora, as acusações dirigidas a um Movimento Imparável, apolítico e Universal de Consciencialização que ilustra a Ecologia como o novo Humanismo Universal do século XXI, que transcende e atravessa diagonalmente as polarizações entre a “Esquerda” e a “Direita” já chegaram às páginas do PÚBLICO.

Através de JMT, que nas suas piruetas retóricas baseadas numa ironia que se pretende libertadora do enfadonho “Politicamente Correcto” pretende representar a “frescura” de uma geração irreverente.

Assim, Greta é acusada de ser uma perigosa mistificadora portadora de uma auréola santificadora e sumo sacerdotisa de uma nova religião verde. E estes “fundamentalismos” também a comparam a uma perigosa figura da extrema-esquerda que quer resolver as coisas “à bomba”, num processo de politização da causa ambiental. Depois seguem-se as classificações de Guterres como patético, da impossibilidade de conhecer o Futuro e acusação de politização dos Movimentos da causa Ambiental.

Neste caso, JMT contribuiu através das suas confusas trapalhadas argumentativas, como ninguém, precisamente para a polarização e politização deste Movimento Universal que Guterres classifica, nos seus esforços, como Imparável e Universal. Neutral politicamente, mas profundamente consciente das profundas reformas necessárias no nosso modelo económico de mercado e do insustentável mito de crescimento ilimitado.

A pergunta fundamental é: já esteve JMT nalguma marcha pelo Clima? Eu estive. Em Haia a 27 de Setembro. E o que vi foi milhares de Jovens Gretas e Gretos, sem autismos, mas com as mesmas perguntas impotentes e universais dirigidas, precisamente, aos políticos e aos líderes mundiais. Foi em nome deles e dos meus netos que estive presente.

Historiador de Arquitectura


Greta Thunberg: uma voz para quem (se) interessa

Greta optou pela via do desconforto. Por descansar pouco e movimentar-se muito. Porque ela sabe que isto é urgente. E não é apenas ela que está chateada. É frustrante saber que se pode construir um mundo melhor e ver a maior parte a querer percorrer um caminho negro para o planeta.

Paula Alves Silva
Jornalista multimédia na Voice of America. Feelancer a viver em Washington DC, EUA
6 de Dezembro de 2019, 8:06

Recordo-me com clareza do dia em que o Max Thabiso Edkins colocou o nome da Greta Thunberg na mesa. Trabalhava no Connect4Climate, um programa do Banco Mundial dedicado às alterações climáticas, e estávamos a planear a participação e cobertura da 24.ª Conferência da Partes (COP24) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.

O Max, activista pelo clima a trabalhar na comunicação deste programa, apresentou-nos o nome da Greta para ela discursar em representação dos que raramente são ouvidos por serem considerados demasiado novos. Ainda a Greta não era conhecida mundialmente. Ainda a Greta quase se sentava sozinha frente ao Parlamento sueco, iniciando o que hoje é um grande e global movimento de greve às aulas a cada sexta, em prol do ambiente.

Em parceria com as Nações Unidas, levamo-la ao grande palanque. E no momento em que colocamos o discurso dela na Internet, as partilhas começaram. Foi um crescimento com efeito bola de neve. Após a COP24, a Greta alcançou muitos outros palcos e tornou-se a voz de combate às alterações climáticas.

Porque é que ela é tão importante na luta urgente às alterações climáticas? Simples. Eu trabalhei cinco anos com questões relacionadas com este tema. Muitos trabalham há décadas. Com organizações, com entidades privadas, com governos, com activistas, etc. Até então não se tendo conseguido o que era essencial nesta “luta": colocar o tema na boca do mundo. Na boca de todos. Ela conseguiu-o!

Há varias razões para ela o ter conseguido e outros não. Tinha de ser alguém com a idade dela. Tinha de ser alguém da geração dela. Porque é a geração dela que é capaz de criar a pressão necessária para combater as alterações climáticas. Tinha de ser alguém com a idade dela porque é a geração dela que está disposta a mudar. Tinha de ser alguém com a idade dela porque é a geração dela que mais sofrerá com as consequências das alterações climáticas. E eles sabem-no. A população idosa já não se preocupa porque “poucos anos lhe restam”. Os adultos estão demasiado confortáveis para mudar o que quer que seja na vida (mesmo tendo filhos que sofrem e sofrerão ainda mais os efeitos).

Falo, obviamente, generalizando. Felizmente há excepções. Li muitos comentários aos nossos posts, muitas críticas em eventos públicos para chegar a esta conclusão. É pelas mãos dos jovens e dos adolescentes que se fará o caminho. São eles que pressionam e continuarão a pressionar o sistema rumo à mudança.

“O real poder pertence às pessoas”, disse ela no discurso proferido na COP24. É verdade, foi preciso “uma miúda” vir dizer-nos isto. Foi preciso “uma miúda” lembrar-nos do que nunca se deve esquecer: que precisamos constantemente de proteger aquela que é a nossa casa.
Acusá-la de faltar à escola é simples indício de falta de visão. Neste último ano ela aprendeu mais — velejando, falando em palcos centrais, conversando com cientistas, académicos, entidades governamentais, lideres mundiais, organizações, atravessando fronteiras — do que teria aprendido na escola. Além disso, estar na escola, com os amigos, com a família é uma posição confortável tendo em conta o seu país de origem. Ela optou pela via do desconforto. Por descansar pouco e movimentar-se muito. Por fazer mais. Porque ela sabe que isto é urgente.

Urgente é a palavra. E acreditem que quando se passam anos a trabalhar em prol de algo melhor e ninguém ouve ou apenas ignora, difícil é que não resida tristeza, desespero e raiva na voz. Não é apenas ela que está chateada. São muitos. Somos muitos. É frustrante saber que se pode construir um mundo melhor, mais saudável, mais sustentável, mais verde e ver a maior parte a querer continuar a percorrer um caminho negro para o planeta. Um caminho em que se esburaca a terra por petróleo e se destroem ecossistemas, em que se desmata, em que se encarceram e matam animais, em que se destrói ao invés de salvar.

E eu tenho a impressão que aqueles que criticam são exactamente a camada da população que não quer mudar. São os que olham para a capa ao invés de prestar atenção ao conteúdo. Porque, sim, mudar exige esforço. É a escova de dentes que usamos de manhã, o quanto abrimos a torneira, o champô e o gel de banho que se usa, o desodorizante, o perfume, os produtos de maquilhagem, a escova do cabelo, o produto para a barba, a gilette, a comida na mesa, a carne e o peixe, os esfregões da cozinha, o líquido da loiça, o tipo de transporte que se usa, como se gera a electricidade, a gasolina e o gasóleo, a forma como se viaja, a quantidade de roupa que se compra, os sapatos em pele, os sacos de plástico para as batatas, outro para as cebolas e mais um para os alhos e outros para mais legumes e mais para a fruta e para as azeitonas e para os tremoços e para tudo o resto.

Tudo tem de mudar. Tudo tem de urgentemente mudar. Mas sabem o mais caricato? É que os resultados que a mudança traz colocam-nos num outro patamar de bem-estar. Acarretam visíveis mudanças positivas para a nossa saúde, protegem o ecossistema. E é exactamente aqui que me perco. Quão contraproducente é ver uma porta para uma vida melhor, mas querer permanecer onde se está? Como é que se pode continuar a negar um trabalho em prol de ar despoluído e água limpa, florestas verdejantes e cheias de biodiversidade, rios e mares despoluídos, glaciares intactos, menos doenças?

 “O real poder pertence às pessoas”, disse ela no discurso proferido na COP24. É verdade, foi preciso “uma miúda” vir dizer-nos isto. Foi preciso “uma miúda” lembrar-nos do que nunca se deve esquecer: que precisamos constantemente de proteger aquela que é a nossa casa. Agora, vamos ouvir o que ela tem para dizer na COP25.


Texto publicado originalmente no Facebook da autora.

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