Hostel com 120 camas vai nascer
na Quinta da Pimenteira, em Monsanto
O projecto, que prevê um aumento
da superfície de pavimento de quase 3500 metros quadrados, implica novas construções
em áreas hoje ocupadas por viveiros. O CDS está contra
Inês Boaventura /
9-9-2015 / PÚBLICO
A Quinta da
Pimenteira, uma propriedade municipal no Parque Florestal de Monsanto que a
Câmara de Lisboa concessionou a um privado, vai dar lugar a um hostel com 120
camas. Apresentado como tendo um “cariz bucólico” e uma “componente agrária”, o
projecto implica a construção de novos edifícios, alguns dos quais em áreas
hoje ocupadas por viveiros.
O licenciamento
da obra de “alteração e amplicação” da Quinta da Pimenteira, localizada junto
ao Viaduto Duarte Pacheco, vai ser discutido hoje em reunião camarária. O
requerente é a empresa MCO II, que foi a única a concorrer a um concurso
lançado no Verão de 2014 pelo município para a concessão deste espaço,
atribuída em conjunto com a do Moinho do Penedo, da Casa do Presidente e de
duas antigas casas de função.
A proposta que
agora vai ser apreciada diz respeito apenas à Quinta da Pimenteira, abrangendo uma
área de intervenção de cerca de 53 mil m2. De acordo com o documento assinado
pelo vereador Manuel Salgado, está em causa a instalação no local de um hostel,
“com capacidade máxima de 120 camas fixas/utentes, distribuídas por 39 unidades
de alojamento”, com “salas de tratamento ( spa)”, ginásio, “um restaurante,
três lojas e um bar de apoio à piscina”, além de “viveiros e tanques”.
Na memória
descritiva do projecto, à qual o PÚBLICO teve acesso, explica-se que a “casa
principal existente” no local (“categorizada como um típico solar séc. XVIII”)
será reabilitada, passando a ter dez unidades de alojamento (com 40 camas). Também
recuperado será o anexo localizado junto a ela, no qual serão criadas 12
unidades de alojamento (com 48 camas). Finalmente, numa “área ocupada por
estufa-viveiro” será construído de raiz um edifício, designado por
“estufa-hostel”, com 16 unidades de alojamento (32 camas).
Também previsto
está um volume destinado a “restaurante e lojas de apoio” (que será uma
“construção de madeira em módulos prefabricados”), de um “edifício de apoio ao
hostel” (“a construir de raiz em área ocupada por estufa-viveiro”) e de um bar
junto ao “tanque-piscina”, que vai ser feito “recuperando o tanque” hoje
existente. Contas feitas, segundo se conclui numa informação da Divisão de
Projectos de Edifícios da Câmara de Lisboa, está em causa “um acréscimo da
superfície de pavimento de 3494,11
m2 ”.
Na memória
descritiva, o autor do projecto, Miguel Saraiva, sublinha que na casa principal
haverá “uma intervenção ligeira e o menos intrusiva possível”, acrescentando:
“As novas construções a realizar integram-se perfeitamente na estrutura da
quinta existente e estendem-se quase como um ligeiro complemento das
edificações a reabilitar”. Para o arquitecto, esta é uma proposta em que “os
edifícios existentes e os que serão construídos, assim como os espaços comuns
na quinta, entrarão em harmonia”.
No documento, o
arquitecto sublinha a importância da “componente agro-turística” do
empreendimento, considerando que ela permitirá “a captação de turistas com
aptidões para o turismo de cidade e de natureza”. Neste “conjunto turístico”,
conclui, os visitantes poderão “descobrir não só a cidade, mas também o local
que os alberga, criando para o facto um alojamento onde a componente botânica e
o cuidado na decoração e na escolha das soluções construtivas permita
acrescentar algo à tradicional unidade de alojamento”.
Esta proposta
conta já com a oposição do vereador do CDS na Câmara de Lisboa, que em
declarações ao PÚBLICO defendeu que ela “está ferida de ilegalidade”,
nomeadamente porque “viola claramente o plano director municipal”. João
Gonçalves Pereira frisa que lhe causa “grande preocupação” o facto de estar
prevista “construção nova em cima de viveiros” e acusa o executivo camarário de
ter faltado à verdade no passado, ao transmitir que não iria haver na Quinta da
Pimenteira mudanças de uso ou novas construções.
Esta concessão de
espaços municipais à empresa MCO II tem estado envolta em polémica desde o
primeiro dia e desencadeou um coro de críticas na assembleia municipal. Em
Maio, o vereador da Estrutura Verde anunciou que a câmara ia promover em
Setembro “um grande debate” sobre Monsanto
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