BESI vai ser vendido aos chineses
do Haitong
CRISTINA FERREIRA
, ANA BRITO e LUÍS VILLALOBOS 03/12/2014 - 21:36
Se a transacção se concretizar a
equipa de José Maria Ricciardi, que liderou a negociação, deverá manter-se em
funções.
O BESI vai ser
vendido ao terceiro maior banco de investimento chinês, Haitong, faltando
apenas a aprovação do Banco de Portugal, que gere o Fundo de Resolução, a
entidade vendedora, e das autoridades europeias.
Os quadros de
topo do BESI, que é detido pelo Novo Banco, deverão manter-se à frente da
instituição, estando a ser equacionada a possibilidade de poderem reservar para
si uma fatia do capital do banco.
A notícia,
avançada pela SIC Noticias, já foi confirmada pelo PÚBLICO. Não há valores em
cima da mesa, mas admite-se que possa situar-se à volta de 500 milhões de
euros.
De acordo com as
regras do Fundo de Resolução que gere o Novo Banco, que detém 100% do Banco
Espírito Santo Investimento (BESI), todas as transacções acima de 100 milhões
de euros têm obrigatoriamente de passar pelo crivo do supervisor antes da sua
concretização. Cotado na bolsa de Hong Kong, o Haitong International Securities
Company Limited é uma subsidiária da Haitong International e actua na área
financeira.
Também o dono do
BESI, o Novo Banco, é alvo de cobiça de um grupo chinês. A TVI noticiou esta
quarta-feira que a Fosun (que comprou a Fidelidade e a Espírito Santo Saúde)
poderá apresentar uma proposta de 3500 milhões de euros pela instituição. Em
declarações à Bloomberg, em Outubro, o administrador financeiro da Fosun já
tinha manifestado interesse no Novo Banco, cujo processo de venda deverá
arrancar nos próximos dias.
Em entrevista à
TVI, esta quarta-feira, o presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha,
comentou o interesse da Fosun como tratando-se de uma "boa notícia",
mas disse que qualquer interessado terá de "ir para a fila" quando o
processo de venda do banco começar. O que está na iminência de acontecer.
Na quinta-feira
ou nos próximos dias será publicado o anúncio, na imprensa nacional e
internacional, de que o banco está "em condições de começar a ser
olhado" por potenciais interessados, revelou Stock da Cunha. Mas o
processo de venda só será desenvolvido no segundo trimestre de 2015, adiantou.
Menos 10.000 milhões
Em Junho, o BES
tinha 35.932 milhões de euros em depósitos. A 4 de Agosto, após a intervenção
do Banco de Portugal, que dividiu a instituição em duas partes, criando o Novo
Banco, este tinha 27.281 milhões em depósitos no grupo e 26.847 milhões a nível
nacional. Assim, em cerca de um mês, houve uma diminuição da ordem dos 10.000
milhões de euros, explicada pela saída de dinheiro para outras instituições no
auge da crise e, também, devido às alterações ligadas à intervenção (o Novo
Banco é mais pequeno do que era o Grupo BES).
Seja como for,
são números de enorme dimensão, e que mostram os impactos do que estava a
acontecer à instituição financeira que Ricardo Salgado liderou. Os dados do
Novo Banco constam de documentação divulgada ontem à noite pela instituição
liderada por Stock da Cunha, e ligada à auditoria feita pela consultora PwC.
Já o Banco de
Portugal enviou um comunicado com da avaliação realizada pela PwC, afirmando
que esta, conduzida entre Agosto e Novembro por uma equipa de 200 auditores,
identificou “necessidades de ajustamento, em base consolidada, no valor
agregado de 4937 milhões de euros”. Como já foram aplicados 4900 milhões, via
Fundo de Resolução, estes ajustamentos apurados são “integralmente acomodáveis”
pelo Novo Banco, diz o regulador.
Devido ao efeito
de impostos, o total de ajustamentos líquidos é de 3725 milhões. A principal
causa dos impactos negativos são as “aplicações no mercado monetário”
(exposição ao BES Angola), com 2750 milhões; imparidades de créditos a
clientes, com 1204 milhões; e activos imobiliários, com 154 milhões.
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