Pacheco Pereira. Carta ao FMI
contém detalhes do DEO que o governo "não quer revelar"
Por Ana Tomás
publicado em 9 Maio
2014 in
(jornal) i online
Para o
comentador, o governo "ocultou, até ao momento que deixou de poder
ocultar, que havia ainda compromissos que não são do conhecimento público"
Pacheco Pereira
afirma que a carta de intenções que o governo vai enviar ao FMI contém detalhes
que o governo "não quer
revelar".
No início desta
semana a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, garantiu que a missiva,
ainda por finalizar, não tem "surpresas nem sustos" e está em linha
com os compromissos que já tinham sido assumidos pelo governo português" e
que os portugueses já conhecem. Mas Pacheco Pereira afirma que "há coisas
na carta que o governo não quer revelar”.
"O problema
da carta é simbólico por várias razões. Quem o tornou simbólico foi o próprio
governo, porque quando fez a festa e deitou os foguetes, [ao anunciar que
Portugal não iria recorrer a qualquer programa cautelar] não lhe fez nenhuma
referência (...) O governo ocultou, até ao momento que deixou de poder ocultar,
que havia ainda compromissos que não são do conhecimento público", disse
no programa "Quadratura do Círculo", da SIC Notícias.
Para Pacheco
Pereira, o executivo não quer revelar o conteúdo da carta para não dar a
conhecer os detalhes das medidas que se prepara para implementar no próximo
ano. "Os itens que estão no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) são
os itens que estão na carta. Mas, o que está na carta são os detalhes das
medidas. O que está no DEO é grande parte do que está na carta, com uma grande
diferença: o diabo está nos detalhes. O que está na carta é o que o governo não
quer revelar", justificou.
Já António Costa,
considera que a resistência do governo em divulgar o teor do documento é
"um pequeno episódio" no trajecto de afastamento do executivo em
relação ao principal partido da oposição, o PS, no que se refere a um
entendimento político alargado para o período pós-troika.
"Hoje, o dr.
Paulo Portas voltou a dispensar implicitamente o PS da necessidade de um
compromisso, dizendo que a reforma do Estado carece de um compromisso com os
parceiros sociais. Regressámos à fase do triunfalismo", começou por dizer
o autarcar socialista, no mesmo programa.
Quanto à carta de
intenções que será entregue às entidades credoras e que o PS exige que seja
revelada até às eleições europeias, a 25
de Maio, António Costa disse ser "inconcebível", que, nas actuais
circunstancias, o governo dirija um documento desse tipo ao FMI "sem
consultar o principal partido da oposição".
"Isto é
inimaginável. Se o governo tivesse interessado na criação de condições no
parlamento para novas pontes de diálogo com o PS nunca faria uma coisa
dessas", sustentou.
O presidente da
Câmara de Lisboa acrescentou que "ninguém sabe o que é que está nessa
carta" e ressalvou que "também seria inconcebível" o PS exigir a
sua divulgação, argumentando desconhecimento relativamente ao seu conteúdo,
"se tivesse tido conhecimento prévio dessa carta."
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