quinta-feira, 8 de maio de 2014

Pacheco Pereira. Carta ao FMI contém detalhes do DEO que o governo "não quer revelar"


Pacheco Pereira. Carta ao FMI contém detalhes do DEO que o governo "não quer revelar"
Por Ana Tomás
publicado em 9 Maio 2014 in (jornal) i online
Para o comentador, o governo "ocultou, até ao momento que deixou de poder ocultar, que havia ainda compromissos que não são do conhecimento público"
Pacheco Pereira afirma que a carta de intenções que o governo vai enviar ao FMI contém detalhes que  o governo "não quer revelar".

No início desta semana a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, garantiu que a missiva, ainda por finalizar, não tem "surpresas nem sustos" e está em linha com os compromissos que já tinham sido assumidos pelo governo português" e que os portugueses já conhecem. Mas Pacheco Pereira afirma que "há coisas na carta que o governo não quer revelar”.

"O problema da carta é simbólico por várias razões. Quem o tornou simbólico foi o próprio governo, porque quando fez a festa e deitou os foguetes, [ao anunciar que Portugal não iria recorrer a qualquer programa cautelar] não lhe fez nenhuma referência (...) O governo ocultou, até ao momento que deixou de poder ocultar, que havia ainda compromissos que não são do conhecimento público", disse no programa "Quadratura do Círculo", da SIC Notícias.

Para Pacheco Pereira, o executivo não quer revelar o conteúdo da carta para não dar a conhecer os detalhes das medidas que se prepara para implementar no próximo ano. "Os itens que estão no Documento de Estratégia Orçamental (DEO) são os itens que estão na carta. Mas, o que está na carta são os detalhes das medidas. O que está no DEO é grande parte do que está na carta, com uma grande diferença: o diabo está nos detalhes. O que está na carta é o que o governo não quer revelar", justificou.

Já António Costa, considera que a resistência do governo em divulgar o teor do documento é "um pequeno episódio" no trajecto de afastamento do executivo em relação ao principal partido da oposição, o PS, no que se refere a um entendimento político alargado para o período pós-troika.

"Hoje, o dr. Paulo Portas voltou a dispensar implicitamente o PS da necessidade de um compromisso, dizendo que a reforma do Estado carece de um compromisso com os parceiros sociais. Regressámos à fase do triunfalismo", começou por dizer o autarcar socialista, no mesmo programa.

Quanto à carta de intenções que será entregue às entidades credoras e que o PS exige que seja revelada até às eleições  europeias, a 25 de Maio, António Costa disse ser "inconcebível", que, nas actuais circunstancias, o governo dirija um documento desse tipo ao FMI "sem consultar o principal partido da oposição".

"Isto é inimaginável. Se o governo tivesse interessado na criação de condições no parlamento para novas pontes de diálogo com o PS nunca faria uma coisa dessas", sustentou.


O presidente da Câmara de Lisboa acrescentou que "ninguém sabe o que é que está nessa carta" e ressalvou que "também seria inconcebível" o PS exigir a sua divulgação, argumentando desconhecimento relativamente ao seu conteúdo, "se tivesse tido conhecimento prévio dessa carta."

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