Antigo dono da Tecnoforma: “O
Pedro abria as portas todas”
MARIANA ADAM
mariana.adam@economico.pt
O ex-dono da
Tecnoforma, antigo patrão de Passos Coelho, admite que criou uma ONG com o
objectivo de candidatar projectos a financiamento comunitário, que depois
teriam a participação da sua empresa. Passos abria "todas" as portas
para estes negócios, garantiu à Sábado.
Fernando Madeira,
que foi ouvido no final do ano passado pelo Ministério Público - no âmbito de
uma investigação de projectos de formação profissional pagos à Tecnoforma com
fundos comunitários -, conta à Revista Sábado que Passos Coelho era uma
peça-chave naquele processo.
O ex-sócio
maioritário da Tecnoforma refere que o actual primeiro-ministro chamou para
fazer parte dos órgãos sociais do Centro Português para a Cooperação - uma
organização não-governamental (ONG) financiada pela Tecnoforma - "pessoas
com influência", como o então líder parlamentar do PSD, Luís Marques
Mendes, e os também social-democratas Ângelo Correia e Vasco Rato (nomeado
recentemente pelo Governo para presidir à Fundação Luso-Americana). Fernando
Sousa, na altura deputado do PS, e Eva Cabral (então jornalista do Diário de
Noticias e actualmente assessora do primeiro-ministro) estiveram igualmente na
fundação desta ONG.
Em entrevista à
Revista Sábado, Fernando Madeira diz que o objectivo de Passos Coelho em
rodear-se de personalidades influentes era "abrir ou facilitar a vinda de
projectos para a ONG no âmbito da formação profissional e dos recursos humanos,
e que depois esses projectos pudessem ter a participação da Tecnoforma".
O empresário
garante que Passo Coelho sabia que a ONG era criada com esse intuito e conta
pormenores de um encontro com o então comissário europeu João de Deus Pinheiro
e de um negócio fechado com Isaltino Morais.
"O projecto
precisava também da aprovação de Isaltino, era o presidente da Câmara de
Oeiras. O Pedro desbloqueou isso, fez o papel que se esperava dele. Tivemos uma
reunião com o Isaltino Morais que aprovou o projecto e foi essencial para a
candidatura a um programa financiado pela União Europeia", exemplifica.
Fernando Madeira
não se recorda se pagava a Passos Coelho e, segundo a revista, durante a
entrevista fez parar o gravador nesta questão durante 13 minutos. Na altura em
que presidia à ONG, o actual primeiro-ministro era deputado em regime de
exclusividade no Parlamento, lembra a Sábado.
Sem comentários:
Enviar um comentário