Gangues pouco
virtuais
Os fenómenos
violentos de grupos que atacam indefesos não é novo, mas estarão as autoridades
policiais e judiciárias preparadas para a nova abordagem?
As recentes
manifestações violentas, supostamente ‘orquestradas’ nas redes sociais,
levantam várias questões pertinentes.
Vítor Rainho, |
01/09/2014 / SOL online
Em primeiro
lugar, como se põe fim a ajuntamentos de centenas de pessoas que procuram um
pouco de diversão, quando no meio delas há quem queira aproveitar essa diversão
para criar o caos, agredindo quem lhe aparece à frente? Estará a Polícia
preparada para ‘investigar’ e participar nos fóruns das redes sociais para
prevenir tais encontros? E farão essas investigações prova em tribunal,
atendendo a que nenhum juiz deu autorização para a realização dessas ‘escutas’?
Parece óbvio que
há um problema de ordem pública, sendo certo que aqueles que defendem que é
preciso primeiro tratar da questão social não foram directa ou indirectamente
afectados por esses ‘arrastões’. Em meados dos anos 90 do século passado várias
pessoas foram vítimas de assaltos realizados por grupos superiores a 50
pessoas. As vítimas eram agredidas e roubadas e sentiam-se impotentes.
A actuação desses
bandos não obedecia a nenhum critério, já que tanto assaltavam em plena Avenida
da Liberdade como às portas de Lisboa. Na altura o problema começou a ser
minimizado com grandes operações policiais à saída dos bairros mais
problemáticos de onde eram originários os elementos desses gangues. Hoje, pelo
que se sabe, alguns dos jovens que se reúnem nessas manifestações ou Meet,
surgem de várias localidades e têm em comum a vontade de ser notícia e de
agredirem quem lhes apetece. Simplificando, é isto que se passa com os tais
‘arruaceiros’, que são uma minoria, é certo.
Enquanto os
problemas sociais não são resolvidos – o desemprego, o abandono escolar, etc. –
as autoridades policiais não podem facilitar, assim como as autoridades
judiciais terão também de perceber que ou dão o exemplo, e têm mão dura, ou
todas estas ‘brincadeiras’ podem acabar mal. Nunca defendi um estado policial e
não defendo, obviamente, que as prisões sejam a solução para os problemas de
uma juventude irrequieta. Mas o sentimento de insegurança não pode instalar-se
como uma praga, sendo importante que todos percebam que o país não é um
território sem lei.
vitor.rainho@sol.pt
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