El Pais elege os pecados capitais da família Espírito
Santo
David Dinis / 3-8-2014 / OBSERVADOR
Jornal espanhol El Pais elege
os pecados capitais da família Espírito Santo. São oito. E a lista acaba com
uma penitência - que o jornal prevê passar por uma mudança de nome.
É a pretexto das perdas divulgadas esta semana de 3,57 mil
milhões de euros, registadas pelo BES no primeiro semestre, que o jornal
espanhol El País se aventura numa análise do que designa por “malha dos
negócios do grupo familiar”. A família é, claro, a Espírito Santo, cujos
negócios — anota o El País — vieram “golpear o início da recuperação económica”
em Portugal: “A derrocada do BES arrasta boa parte do tecido empresarial do
país. A curto prazo, as empresas portuguesas vão ter mais dificuldades em financiar-se”.
Um a um, o jornal identifica os que crê serem “pecados
capitais” dos Espírito Santo. Vejamos quais, ponto a ponto:
Uma mesma direção
para tudo. O primeiro dos pecados, tendo origem na família, tem implícita uma
crítica ao Banco de Portugal. “Tentou convencer o mundo que uma coisa era o
BES, outra o Grupo Espírito Santo. Esforço inútil”, anota o jornalista, “quando
Ricardo Salgado era presidente executivo dos dois”. Os males do segundo
prejudicaram o primeiro. Mas as consequências desse poder total de uma única
pessoa vão arrastar os restantes membros da família, encarregues de cada uma
das sociedades e holdings do Grupo, lê-se no texto.
Evitar a entrada
do Estado em “todas as coisas”. “Desde o início da crise o BES fez três
aumentos de capital, sempre com dinheiro privado, forçando o endividamento das
empresas da família para maner o controlo do banco”, anota o texto. O
argumento, recorda também, era o de recusar ajudas do Estado, por trauma da
nacionalização de 1974. “A realidade era que o dinheiro público dava direito a
fiscalizar as contas e isso a família não podia permitir. Acabar-se-ia o uso do
banco em benefício dos seus negócios”, lê-se ainda. Com isto, ninguém soube das
verdadeiras contas até o Banco de Portugal ter entrado lá.
Burlar a CMVM. Neste ponto é citado Carlos
Tavares, presidente da CMVM, quando foi ao Parlamento dizer que foram abertos
20 processos sobre entidades do GES nos últimos anos. “A CMVM e o BES jogavam
ao gato e o rato”, anota o jornalista. O regulador “advertia que a venda de
títulos de dívida aos clientes era irregular e o banco retirava-a, mas fazia o
mesmo de outra forma”, com “subterfúgios”. Agora vêm aí os processos dos
clientes, conclui o texto.
Burlar o Banco de
Portugal. As contas do semestre são “um rosário de anomalias”, entre as quais
se conta que “Salgado contrariou as ordens do supervisor central”: em vez de
reduzir a exposição do BES à dívida do Grupo, fez o contrário. Fez também
transções não autorizadas pelo Banco de Portugal. Ao ponto de levar Carlos
Costa a denunciá-lo com nome e sem hesitação.
Relações
“extremamente perigosas” com Angola. A descoberta de 5,7 mil milhões de
empréstimos do BES Angola sem a devida informação dos credores (“às vezes nem
do seu nome”) levam o El País ao pecado seguinte. Que levará o banco a perder a
maioria do capital do banco, na melhor das hipóteses.
Relações
“extremamente perigosas” com a PT. O caso da dívida da RioForte, em
pré-insolvência, comprada pela PT não passa despercebida na análise do jornal
espanhol. Sublinhando os 10% que o BES tem da empresa e os nomes na direção
apontados por Salgado. “A obscura operação faz-se em abril, mas só se descobre
em junho”. As consequências são conhecidas: menor participação da PT na empresa
que resultará da fusão com a Oi. Ou talvez não todas: “Rolaram algumas cabeças,
mas poderão rolar mais”.
Enganar os
clientes. “Para financiar as empresas da família, o banco vendia dívida do
GES”, lembra o El País. Agora, uma associação de clientes vem reclamar os
prejuízos. “Vêm aí diversos processos judiciais em diversos países,
especialmente duros os que se prevêm dos fundos norte-americanos”, alerta o
jornal.
Favorecer outros
clientes. “O novo auditor, a PWC, encontrou em 15 dias mais coisas que a KPMG
num ano”, dispara o jornalista espanhol. “Entre os possíveis delitos bancários
estaria o favoritismo, a gestão danosa e falsificação de contas”. Sobretudo o
primeiro ponto: dias antes de entrarem os novos administradores, o banco
recomprou a carteira de dívida do grupo a “alguns clientes preferenciais”, “por
cima do preço de mercado”. As perdas, recorda o jornal, são de 1.500 milhões de
euros. Se for provado o crime, “Salgado e o seu braço direito, Morais Pires,
acabarão na prisão”, escreve o jornal.
No fim da lista vem a penitência. “Num mês, o BES passou de
valor mais importante da bolsa a 14º. “A marca fede”, precisará de capital, mas
nem o BPI tem tamanho necessário para resolver o problema. Seguem-se os fundos
da troika, termina o El País. O plano para o banco será anunciado este domingo,
pelo Banco de Portugal.
Los pecados capitales del Espírito Santo
Javier Martín / Lisboa 3 AGO 2014 – EL PAÍS / http://economia.elpais.com/economia/2014/08/02/actualidad/1407000134_011060.html?rel=rosEP
Las abultadas pérdidas admitidas esta semana por el banco
Espírito Santo, 3.577 millones en el primer semestre, han puesto a la entidad,
ya malherida por los negocios del grupo familiar, al borde de la intervención.
Las autoridades portuguesas sopesan echar mano de la línea de crédito de 6.400
millones, todavía abierta en el plan de estabilización, que la UE y el FMI
dotaron para el sector financiero. A diferencia de otros países, como España,
en Portugal el problema bancario no fue el detonante del rescate europeo, un
programa abierto en 2011 y que apenas se cerró en mayo pasado, pero ha venido a
golpear cuando la economía comenzaba a recuperarse. El déficit público bajó del
6,5% al 5% en 2013, la tasa de paro ha descendido en un año del 16,6% al 14,1%
y el optimismo del ciudadano portugués sube a niveles de 2007.
La debacle del Banco Espírito Santo arrastra a buena parte
del tejido empresarial del país, frenado el optimismo de los fondos
internacionales, y provoca el repunte de los intereses de la deuda soberana. A
corto plazo, la empresa portuguesa va a tener más dificultades para
financiarse.
Auditores públicos y privados, autoridades de la Comisión de
Valores, investigadores en Estados Unidos, Suiza, Luxemburgo, España y Panamá e
inspectores portugueses de la Operación Monte Branco sobre evasión fiscal han
sacado a la luz prácticas irregulares, cuando no supuestamente ilícitas, de los
negocios de la familia Espírito Santo, cuyos pecados capitales han acabado
condenando al banco del que son principales accionistas.
Una misma dirección para todo
Desde que estalló la crisis del banco, a finales de junio,
el Banco de Portugal ha intentado convencer al mundo que una cosa es el BES y
otra el GES, una el Banco Espírito Santo y otra el Grupo del mismo nombre. Esfuerzo
inútil cuando Ricardo Salgado era el presidente ejecutivo del banco y también
del grupo, donde sigue siéndolo. Los hechos han demostrado que todo lo malo que
ocurría en el grupo de la familia ha acabado perjudicando al banco.
Consecuencias: Si uno era para todo, ahora toda la responsabilidad también va a
recaer sobre uno de los muchos Espírito Santo en la dirección de los diferentes
bancos y sociedades que tenían. Salgado ha sido destituido, le han quitado sus
derechos de voto y, como mínimo, quedará inhabilitado para ejercer de banquero.
Evitar la entrada del Estado sobre todas las cosas
Desde el inicio de la crisis, el BES ha realizado tres
ampliaciones de capital (la última por mil millones en junio). Siempre con
dinero privado, forzando el endeudamiento de las empresas de la familia para
mantener su control en el banco. Nunca se quiso recurrir al dinero público; el
argumento era que ya estaban curados de espanto (la revolución de 1974 les
nacionalizó); pero la realidad era que el dinero público daba derecho a
fiscalizar las cuentas y eso no se lo podía permitir la familia. Se acabaría el
uso del banco en beneficio de sus negocios. Consecuencias: nadie sabía el
tamaño del problema hasta que ha entrado gestión externa por orden del Banco de
Portugal.
Burlar a la Comisión de Valores
El presidente de la Comisión de Valores, Carlos Tavares, ha
afirmado que en los últimos años fueron abiertos 20 procesos sobre entidades
del grupo. La CMVM y el BES jugaban al gato y al ratón. La Comisión les
advertía de que una oferta de títulos de deuda a sus clientes era irregular o
que no se les advertía del alto riesgo; el banco la retiraba, pero la volvía a
sacar de otra forma. Uno de los subterfugios era vender sus productos a menos
de 150 clientes, con lo que ya no tenían que dar cuentas a la CMVM.
Consecuencias: Los expedientes de la CMVM van a dar pie a denuncias judiciales
de los clientes.
Burlar al Banco de Portugal
Las cuentas semestrales presentadas por los nuevos
administradores son un rosario de anomalías, pues todo lo que salga ahora aún
se cargará en el haber de Salgado y su equipo. Entre otras curiosidades, se
deduce que Salgado contrarió las órdenes del supervisor central. Tenía que
reducir antes del 30 de junio la exposición al riesgo en 400 millones, pero
aumentó los préstamos al GES en más de 200 millones. Y ahora varias empresas
del grupo están en suspensión de pagos. También realizó transacciones por 120
millones sin que fueran autorizadas por el Banco de Portugal ni por los órganos
del banco competentes. Consecuencias: el Banco de Portugal se ha mostrado cada
vez más agresivo en sus comunicados, acabando por denunciar con nombres y
apellidos a los culpables.
Relaciones extremadamente peligrosas: Angola
El BES tienen la mayoría del BESA, su banco angoleño. Allí
se descubrió el pasado año que había 5.700 millones de euros en préstamos (el
80% de su cartera) sin la debida información (a veces ni se conocía el nombre
del cliente). El presidente del país ha avalado esa cantidad hasta final de
2015. Consecuencias: Muy probablemente, el Estado angoleño se hará con el
banco; en el mejor de los casos, el BES será socio minoritario.
Relaciones extremadamente peligrosas: Portugal Telecom
Rioforte, el holding de los Espírito Santo necesita dinero;
emite deuda, pero ya el BES no se la puede comprar ni colocar, así que se echa
mano de Portugal Telecom, donde el BES tienen el 10% y los directivos son
hombres de Salgado. Así que PT compra 900 millones de deuda de Rioforte. Llega
el momento del pago (18 de julio) y Rioforte no paga. La oscura operación (PT
tiene un valor bursátil de 1.500 millones y compra deuda de altísimo riesgo por
900 millones) se hace en abril pero no se descubre hasta junio. Consecuencias:
La participación de PT en la fusión con la brasileña OI cae del 37% al 20%. Han
rodado algunas cabezas, pero rodarán más.
Engañar a unos clientes
Para financiar a las empresas de la familia, el banco estuvo
vendiendo deuda del GES. Ahora hay un centenar de clientes que se han asociado
en torno a la Asociación de Defensa de Clientes Bancarios (ABESD) para reclamar
daños y perjuicios porque no sabían lo que les estaban vendiendo realmente. De
momento, la mayoría de los clientes son de Suiza. Consecuencias: procesos
judiciales en diversos países, especialmente duros los que se prevén de los
fondos norteamericanos.
Favorecer a otros clientes
El nuevo auditor (PW&C) ha encontrado en 15 días más
cosas que KPMG en un año (el Banco de Portugal criticó su informe del 11 de
julio sobre la exposición a riesgo del banco). Entre posibles delitos bancarios
estaría el favoritismo, la gestión dolosa y la falsificación de cuentas. En
concreto, se trataba de que a algunos clientes preferentes (de su banca
privada) el banco les recompró su cartera de deuda del grupo, antes del
vencimiento y por encima del precio del mercado. Esto se hizo días antes de que
entraran los nuevos administradores. El Banco de Portugal cuantifica esta
recompra de carteras en unas pérdidas de 1.500 millones para el BES. Otra
práctica era la emisión de obligaciones con el compromiso de recompra por parte
del banco, aunque este compromiso no estaba registrado en sus cuentas.
Consecuencias: Si todo ello se prueba ante la Justicia, Salgado y su brazo
derecho Amílcar Morais Pires acabarían en la cárcel.
Penitencia
En un mes, el BES ha pasado de ser el valor más importante
de la Bolsa de Lisboa al decimocuarto. Tras el esclarecimiento de todas las
cuentas, la marca apesta. El supervisor vería con buenos ojos que otra entidad
nacional absorbiera los restos de banco Espírito Santo, cuyas pérdidas
triplican su valor en Bolsa. El BPI es el mejor posicionado, pero no tiene
suficiente tamaño (el doble de valor bursátil). Antes debería echarse mano de
los 6.400 millones de créditos europeos para casos como el del BES y formalizar
la creación de un banco malo.
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