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A Presidenta e o
Presidente …
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Salgado acusa Roseta de fazer afirmação “falsa” devido a “raciocínio pouco
atento”
O vereador do Urbanismo diz que a
isenção de taxas de que o Benfica poderá beneficiar é de 1,738 milhões de euros
Inês Boaventura /
4-3-2015 / PÚBLICO
“Uma inquestionável
responsabilidade política do presidente da câmara e da maioria que o suporta”.
No comunicado de
hoje, o grupo municipal do BE critica que, “num momento em que o município de
Lisboa sobrecarrega os lisboetas com novas taxas e tarifas, venha a Câmara
Municipal propor uma isenção desta dimensão, que corresponde a cerca de um
terço da receita estimada com a nova Taxa Municipal de Protecção Civil”.
Câmara acredita que Benfica, em caso de chumbo,
pedirá isenção de 50% por estatuto de utilidade pública
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Depois de vários
dias de silêncio, o vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa reagiu às
declarações da presidente da Assembleia Municipal de Lisboa sobre a polémica
isenção de taxas ao Benfica: Manuel Salgado acusa Helena Roseta de ter feito
uma afirmação “falsa” ao dizer que a isenção é de 4,6 milhões de euros,
acrescentando que essa conclusão “decorre de um raciocínio pouco atento”.
Essas afirmações,
que autarcas da oposição se apressaram a apontar como mais um sinal de que nem
tudo vai bem entre o PS e os Cidadãos por Lisboa, constam de uma carta que foi
enviada a Roseta, com conhecimento dado ao executivo camarário e aos deputados
municipais.
A missiva, que
deu azo a muitos comentários em surdina no arranque da reunião da assembleia
municipal de ontem, acabou por ser publicada no site desse órgão autárquico,
com o título “Manuel Salgado esclarece montante de isenção pedido pelo
Benfica”. No fim da publicação diz-se que “a carta do vereador será agora
apreciada, juntamente com a proposta 54/2015, pelas comissões permanentes
chamadas a dar parecer sobre o assunto”.
Na passada
semana, Roseta elaborou um relatório, no qual afirma que a isenção de taxas e
compensações urbanísticas que a câmara propôs à assembleia municipal que fosse
concedida ao Benfica, através da mencionada proposta 54/2015, é de 4,6 milhões
de euros. Segundo a autarca, esse valor obtém-se somando 1,958 milhões
referentes às chamadas “compensações urbanísticas” com 2,674 milhões relativos
à TRIU, a taxa pela realização, manutenção e reforço de infra-estruturas
urbanísticas.
Na altura em que
esses valores foram divulgados, o PÚBLICO perguntou à câmara se confirmava as
contas da presidente da assembleia municipal, mas não obteve resposta. O
silêncio do executivo camarário só agora foi quebrado, numa carta que, além de
críticas a Helena Roseta, contém a garantia, dada por Salgado, de que o
montante da isenção que poderá vir a ser atribuída ao Benfica é de 1.738.589,83
euros.
Quanto ao valor
encontrado por Roseta, o vereador do Urbanismo diz que “tal montante só se
encontra se somarmos as taxas e compensações isentadas em 2012 [relativas às
“obras dos pavilhões desportivos, da piscina e do museu”] às taxas e
compensações cuja isenção é agora requerida pelo Benfica, e apenas se não
aplicarmos o ‘desconto’ de 50% que decorre directamente da lei”. Segundo o
autarca, o montante que está agora em causa, pelo pagamento de compensações
urbanísticas e TRIU, seria de 2,445 milhões de euros. Atendendo a que o clube “goza
desde 1960 de estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública”, Manuel
Salgado acrescenta na carta que o requerente da isenção “beneficia de 50% em
todas as taxas e compensações urbanísticas que realize, pelo que o montante
total é reduzido para metade, ou seja: 1.738.589,83” .
Confrontado pelos
jornalistas com o facto de o segundo valor mencionado na carta não ser, ao
contrário do que se diz na missiva, metade do primeiro, Salgado remeteu
explicações para o director municipal de Planeamento, Reabilitação e Gestão
Urbanística. Segundo Jorge Catarino Tavares, o erro está no facto de a isenção
de 50% só se aplicar às taxas, não abrangendo a parcela referente às
compensações urbanísticas.
Ao PÚBLICO este
responsável reconheceu que aquilo que o Benfica solicitou foi a isenção total,
a ser ou não aprovada pela assembleia municipal, e que segundo as contas agora
divulgadas pela câmara ascende a 2,445 milhões de euros. Apesar disso, o
município dá já como assente que o valor que eventualmente vier a ser pedido
não irá além dos 1,738 milhões, por acreditar que, caso a sua pretensão inicial
seja chumbada, o Benfica não deixará de requerer a isenção de 50% ao abrigo do
estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública.
Mas o BE já
manifestou ter dúvidas de que tal seja possível. Numa posição escrita
distribuída aos jornalistas, os deputados bloquistas sublinham que a requerente
da isenção “é uma sociedade anónima, a Benfica Estádio — Conservação e Gestão
de Estádios, SA”, “pelo que é inadmissível uma eventual redução de taxas com o
fundamento de o Sport Lisboa e Benfica ser detentor do estatuto de utilidade
pública”. Pelo mesmo motivo, diz que “não se compreende a invocação de um
protocolo celebrado entre o município de Lisboa e o Sport Lisboa e Benfica para
a isenção da TRIU”. Face a isso, o BE “manifesta a sua inequívoca oposição” à
proposta, frisando que há em todo o processo “uma inquestionável
responsabilidade política do presidente da câmara e da maioria que o suporta”.



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