Nova lei pode proibir consumo
nocturno de álcool nas ruas
ROMANA
BORJA-SANTOS 03/03/2015 - PÚBLICO
Ministério da Saúde está a preparar mudanças à lei de 2013. Proibição do
consumo de qualquer bebida a menores de 18 anos é outra das ideias.
A revisão da lei
do álcool, que o Ministério da Saúde está a preparar, pode passar por
restringir o consumo de álcool nas ruas durante a madrugada e por impedir o
acesso a qualquer tipo de bebida alcoólica aos menores de 18 anos. A informação
foi avançada nesta terça-feira pelo ministro da Saúde, que explicou que a
tutela quer avançar com novas medidas ainda durante esta legislatura.
Paulo Macedo,
durante a conferência Sustentabilidade na Saúde, organizada pela TSF e pela
farmacêutica AbbVie, defendeu que, a par do controlo da despesa e das dívidas,
é igualmente importante reduzir a carga de doença na população. Para isso, o
ministro considera fundamental tomar medidas em áreas como o consumo excessivo
de álcool, o tabagismo e a alimentação.
O titular da
pasta da Saúde especificou aos jornalistas que as mudanças estão “em linha com
o que se faz em termos internacionais” e podem passar pelo aumento da idade
legal para consumo, por alterações nas regras dos espaços que disponibilizam
este tipo de bebidas e pela proibição do consumo na rua — ideia que o
secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, sublinhou que
seria aplicável no período nocturno, a partir das 2h. Quanto ao aumento do
preço como forma de inibir o consumo, Macedo rejeitou essa via, por já ter sido
tomada em sede de Orçamento do Estado.
A necessidade de
alterar a legislação foi reforçada com o estudo divulgado no início de
Fevereiro pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas
Dependências (SICAD) e que indica que, com a lei de 2013, o consumo de álcool
entre os jovens com menos de 18 anos não diminuiu, assim como os casos de coma
alcoólico ou de sexo desprotegido associado ao consumo excessivo. A actual lei
prevê a interdição das chamadas bebidas brancas a menores de 18 anos e de
cerveja e de vinho a menores de 16.
Um dos problemas
identificados pelo trabalho foi precisamente a falta de controlo nos locais de
consumo e de venda ao público de bebidas, o que levou o SICAD a falar numa
mudança “ineficaz”. Os dados do estudo, recolhidos através de inquéritos junto
de jovens, mostraram também que os consumos se mantiveram mesmo no que diz
respeito a “bebidas espirituosas entre os menores de 18 anos”. Os participantes
referiram mesmo que sentem que o acesso a este tipo de bebidas está facilitado.
As sugestões deixadas pelo subdirector-geral do SICAD passavam precisamente
pelo fim da distinção entre bebidas como o vinho e bebidas espirituosas e pela
restrição total da venda de álcool a menores de 18 anos.

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