quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
Admiraban un carrito de limpieza en el Guggenheim creyendo que era una obra de arte / VIDEO:The Square - Official Trailer
Neste "contexto" do acontecimento descrito no Museo Guggenheim de Bilbao, OVOODOCORVO recomenda uma visita ao filme "The Square
Assembleia Municipal de Lisboa contra azulejos na Praça da Figueira / Azulejos na Praça da Figueira: um grave atentado de leso-património por ANTÓNIO SÉRGIO ROSA DE CARVALHO
Azulejos na Praça
da Figueira: um grave atentado de leso-património
A importância
deste bloco deve-se ao facto de ele constituir um arquétipo ainda intacto da
primeira fase da Reconstrução Pombalina.
ANTÓNIO SÉRGIO
ROSA DE CARVALHO
6 de Fevereiro de
2018, 6:37
Repentinamente,
fomos confrontados com um acto consumado. A fachada tardoz do importante bloco
pombalino, elemento único e da mais alta importância patrimonial, determinante
para a formação das duas praças do Rossio e da Figueira, foi coberta por
azulejos.
A importância
deste bloco deve-se ao facto de ele constituir, juntamente com o outro no Largo
de S. Paulo, já referido por mim em outro artigo no PÚBLICO, um arquétipo ainda
intacto da primeira fase da Reconstrução Pombalina, segundo os parâmetros
estabelecidos por Eugénio dos Santos e Carlos Mardel.
Através dos
tempos, as volumetrias e tipologias dos edifícios das duas praças foram sendo
alteradas, no processo da segunda fase da Reconstrução, ao longo do séc. XIX e
mesmo do séc. XX (Hotel Metrópole, Rossio, 1917). Daí a importância deste
bloco, representante da escala original do projecto da Casa do Risco para a
Praça do Rossio.
Este casus da
proposta dos azulejos para a Praça da Figueira conheceu várias peripécias, com
momentos e episódios mais ou menos obscuros. Assim, o projecto inicial da
iniciativa de Daciano Costa data de 2001, no período do mandato de João Soares,
que simultaneamente se viu confrontado com todo o projecto para o Elevador do
Castelo.
O projecto, que
era caracterizado por uma polémica intervenção de radical afirmação em ruptura
e contraste com o legado patrimonial, através de uma linguagem “de azulejos
azuis e brancos mais escuros nos andares de baixo e mais claros nos pisos de
cima, de modo a criar um efeito degradée”, não foi realizado, e os respectivos
cem mil azulejos foram guardados num armazém em Alcântara.
Em 2004, o
projecto regressa, agora no mandato de Carmona Rodrigues, o que levou a uma
nova proposta de azulejos, agora fabricados na Viúva Lamego seguindo novas
exigências técnicas que se pretendiam mais adequadas. Custo desta nova
operação: entre 350 e 400 mil euros.
Este processo foi
“acompanhado” por Inês Cotinelli, assessora de Carmona entre Novembro de 2003 e
Julho de 2006, filha de Daciano Costa, e também posteriormente sócia-gerente da
empresa Sociedade Daciano da Costa. É de destacar que o atelier Daciano Costa,
depois da morte do titular em 2005, passou a ser dirigido pela arquitecta Ana
Costa.
A “relação” de
Ana Costa com o pombalino foi definida numa intervenção mais do que infeliz na
Rua Ivens (31) em 2013, determinada pelo conhecido “fachadismo” preconizado e
estimulado por Manuel Salgado, em que a fachada era o resultado de um pastiche
totalmente betonizado, criando um bloco monolítico, híbrido, betonizado e
plastificado, produto do nivelamento de duas anteriores fachadas presentes em
dois edifícios originais... Mansardas pombalinas, trapeirão, gaiolas, tudo foi
sacrificado, juntamente com os interiores, com excepção da escadaria e alguns
azulejos. Quanto à fachada tardoz, esta pode-se “perspectivar” a partir do
Largo da Boa Hora, confirmando a promessa de “Apartamentos de Luxo com garagem
e vista deslumbrante”.
Já em 2017, em
função do impacto deste novo projecto para os azulejos na Praça da Figueira,
perante as exigências do Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina
que “prevê a salvaguarda dos revestimentos primitivos das fachadas” que “se
encontravam rebocadas e pintadas”, foi pedido um parecer na DGPC ao conselho
consultivo, que produziu um parecer não consensual, onde dúvidas são exprimidas
sobre o valor desta intervenção para um conjunto de Interesse Público. Para que
serve então o plano de pormenor? Qual é o papel da DGPC na salvaguarda
patrimonial da Baixa?
Na minha opinião,
como reacção a este caso, e tendo em conta a ainda vigente mas cada vez menos
provável intenção de candidatura da Baixa a Património Mundial, a DGPC devia
ter respondido com uma proposta para a classificação deste único e determinante
bloco como Monumento Nacional, garantindo assim a preservação na íntegra das
suas características exteriores e interiores. Porque parece impossível,
simplesmente, restaurar um edifício desta importância, agora, através desta
intervenção “excepcional”, dividido na linguagem das suas fachadas entre Rossio
e Figueira e “desconstruído” esquizofrenicamente e neuroticamente de forma
bipolarizada, num atentado da sua unidade indivisível?
Um grave atentado
de leso-património permitido por todos!
Historiador de
Arquitectura
Oito prédios na zona da Avenida da Liberdade perdem “interesse público” e entram no mercado
Oito prédios na
zona da Avenida da Liberdade perdem “interesse público” e entram no mercado
Samuel Alemão
Texto
28 Fevereiro,
2018
Eram edifícios
classificados como de interesse público, por neles funcionarem equipamentos
considerados vitais para a comunidade, mas dada a desactivação consumada ou
planeada de tais usos, passarão a fazer parte do mercado imobiliário. A Câmara
Municipal de Lisboa (CML) prepara-se para proceder à desclassificação de oito
imóveis, na área da Avenida da Liberdade e envolvente, como estando “afectos a
fins de utilidade pública” – isto é, descritos como “equipamentos” – e
torná-los aptos a serem convertidos em edifícios de habitação ou empreendimentos
turísticos.
Entre eles
encontram-se as antigas instalações da Autoridade Nacional de Protecção Civil,
na Rua Câmara Pestana, e dos CTT, na Rua de São José, da Fundação Oriente, na
Rua do Salitre, o edifício da EPAL, na Avenida da Liberdade, o antigo Cinema
Olympia, na Rua dos Condes, a ainda três quartéis do bombeiros. Dois deles
ainda estão no activo, o dos Voluntários Lisbonenses, na Rua Camilo Castelo
Branco, e o dos Voluntários da Ajuda, na Praça da Alegria, agora provisoriamente
ao serviço dos Sapadores.
O fim da
classificação de cada um dos oito edifícios como “área de equipamento” faz
parte da alteração simplificada do Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade
e Zona Envolvente (PUALZE), a ser apresentada e discutida na reunião pública do
executivo municipal desta quarta-feira (28 de fevereiro), pelo vereador do
Urbanismo, Manuel Salgado – um processo que terá ainda um período de consulta
pública de dez dias.
Os edifícios em
causa, de acordo com a proposta de alteração da carta uso dos solos afecta ao
referido plano, deverão ser agora reclassificados como “área habitacional”,
“área histórica habitacional”, “área terciária” ou “área mista”. Qualquer uma
destas categorias prevê, entre outras possibilidades, a construção de habitação
ou de empreendimentos turísticos, de acordo com o Plano Director Municipal de
Lisboa(PDML).
Nos considerandos
à proposta, salienta-se que a dispensa dos imóveis como áreas de equipamento
“não onera nem compromete o funcionamento e a qualidade da rede de bens e
serviços públicos programada na área deste Plano, destinada à satisfação das
necessidades colectivas, atenta nomeadamente a estratégia definida no PDML”.
O processo de
reclassificação do uso dos solos do plano em vigor para a Avenida da Liberdade
e zona envolvente foi iniciado em dezembro de 2016, com a sua aprovação em
reunião de câmara. Depois de, no início do ano passado, a CML ter incluído
ainda na lista dos edifícios a desclassificar como “equipamentos” as antigas
instalações do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), na
Rua de Santa Marta – passando, assim, a lista a perfazer nove imóveis -, a
proposta foi a discussão em reunião de câmara a 28 de junho de 2017.
E, do debate
ocorrido na mesma, apenas resultou como consensual a alteração de uso de solo
de um dos edifícios do elenco inicialmente proposto: o do antigo quartel dos
Bombeiros Municipais, situado nos números 1 a 5 da Travessa do Forno, que
torneja para o Largo do Regedor, 1-4. Mas Manuel Salgado não desistiu. Um ano
depois do lançamento da iniciativa, solicitava aos seus serviços a preparação
de uma nova proposta de alteração simplificada do PUALZE, actualizando a
informação sobre a desafectação do uso público dos edifícios em causa, “no
sentido de prescindir da sua reserva como áreas afectas a equipamentos”.
Desse pedido do
vereador do Urbanismo, resultou uma “visita” ao terreno, que levou a Divisão de
Planeamento Territorial a produzir um relatório, no qual se fundamenta a
proposta agora a discutir em reunião de executivo. Para cada um deles, o
documento faz uma recomendação de reclassificação do uso do solo. A saber: Rua
do Salitre, 62-64 e 66-68, antiga sede da Fundação Oriente, deverá ser “área
mista”; Rua Câmara Pestana, 41-45, antigo edifício da ANPC, será classificado
como “área histórica habitacional”; a mesma categoria a que estará destinado o
antigo quartel do Bombeiros Voluntários da Ajuda, na Praça da Alegria 27-30; já
o antigo Cinema Olympia, na Rua dos Condes, desafectado pela Secretaria de Estado
da Cultura, em março de 2015, da sua finalidade pública, será apto para
actividades terciárias.
O mesmo fim,
actividade terciárias, terá o imóvel da Rua de Santa Marta, 55, onde esteve o
ICNF; para o actual quartel dos Bombeiros Voluntários Lisbonenses, na Rua
Camilo Castelo Branco, prevê-se a conversão em “área habitacional”; ao antigo
edifício dos CTT, na Rua de São José, 10-20, caberá o uso de “área habitacional
histórica”; e, por último, a ainda sede da EPAL, na Avenida da Liberdade, está
destinada a uso terciário.
Fazendo uso deste
parecer dos seus serviços, bem como da fundamentação das deliberações prévias
que deram início a este processo de desclassificação do “interesse público” dos
imóveis em causa, Manuel Salgado volta a defender a sua proposta. E fá-lo,
argumentando que “a CML pode e deve promover a alteração do respectivo
instrumento de gestão territorial com vista à redefinição do uso do solo,
quando, por iniciativa dos respectivos titulares (proprietários, locatários),
os imóveis anteriormente afectos a fins de utilidade pública sejam
materialmente desactivados dessa finalidade e se verifique a sua fraca ou
inexistente aptidão para acolher novos equipamentos”.
Um desfecho,
escreve o autarca no documento a ser levado a discussão nesta quarta-feira (28
de fevereiro), que poderá acontecer “quer em razão da sua localização no tecido
urbano, quer pelas suas características intrínsecas”.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Bloco pede linha SOS Despejo contra “bullying imobiliário” aos inquilinos de Lisboa
Bloco pede linha
SOS Despejo contra “bullying imobiliário” aos inquilinos de Lisboa
Samuel Alemão
Texto
27 Fevereiro,
2018
O fenómeno surgiu
nos últimos anos, com a criação do novo quadro legal do arrendamento, e tem-se
acentuado com a enorme valorização das casas em Lisboa. Existe cada vez mais
gente a sentir-se empurrada para fora dos imóveis onde há muito vivia ou tinha
o seu negócio, para dar lugar a novos inquilinos dispostos a pagar valores de
arrendamento mais elevados. A pressão para sair pode incluir formas tão
diversas e eficazes quanto o serão os cortes de luz nas partes comuns do
prédio; ameaças de corte de energia ou gás; o assédio permanente até que o
inquilino aceda partir; abertura das janelas das fracções, deteriorando as
condições habitabilidade; início de obras nas fracções próximas do inquilino,
sem aviso prévio; ou a intimação para a assinatura de documentos de forma
imediata, sem conhecimento prévio dos inquilinos. A isto se chama “bullying
imobiliário”. O Bloco de Esquerda (BE) pede agora à Câmara Municipal de Lisboa
que tome medidas para travá-lo.
Aquilo para
muitos será apenas o lado menos simpático, mas, ainda assim, uma
inevitabilidade, da lei do mercado é para os bloquistas “uma forma de pressão
inadmissível e ilegal”. Isto porque atinge, sobretudo, os mais vulneráveis:
inquilinos idosos, com dificuldades económicas, baixa escolaridade, e que
vivem, muitas vezes, de forma isolada. Por isso, o BE pede à câmara, através de
uma recomendação, a discutir e votar na sessão desta terça-feira (26 de
fevereiro) da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), medidas concretas contra o
fenómeno, também conhecido como “mobbing imobiliário” – estando a expressão
“mobbing”, por regra, associada à pressão moral exercida em contexto de
ambiente de trabalho. De entre as acções propostas agora pelo Bloco destaca-se
a criação de uma linha telefónica gratuita, denominada SOS DESPEJO, “para
reportar situações de despejo na cidade de Lisboa”. Será a partir dela, entende
o partido, que poderá ser desenvolvido um apoio mais eficaz às pessoas
afectadas.
A segunda das
medidas propostas passaria pelo surgimento de um serviço de apoio jurídico,
associado a essa linha telefónica, “para esclarecer os direitos dos moradores,
e encaminhamento da situação reportada para os serviços da Câmara, no sentido
de se poder actuar no desencadeamento de instrumentos de fiscalização do
imóvel”, defende a recomendação. O documento propõe ainda a “sensibilização da
polícia municipal para este fenómeno” e a adopção de “mecanismos de resposta
célere a denúncias de moradores de forma a obviar comportamentos de bullying
imobiliário”. Lembrando que o problema do bullying ou mobbing imobiliário é
reconhecido pela ONU como uma causa mundial de despejo forçado e pela Amnistia
Internacional como uma violação dos direitos humanos, os bloquistas consideram
que as suas vítimas carecem de apoio e acompanhamento técnico, mas também
político, porque “facilmente são ludibriados pelos advogados das imobiliárias”.
A SOS DESPEJO, a
linha telefónica que pretendem ver criada pelo município, seria para todos, mas
com um especial pendor para “as vítimas do assédio permanente dos agentes das
imobiliárias, bem como dos senhorios que querem expulsar os seus inquilinos”,
explica a O Corvo o deputado municipal do BE Ricardo Moreira. “São eles o
elemento mais frágil, quem realmente precisa de apoio”, diz o eleito bloquista,
revelando que ao grupo municipal do partido na AML têm chegado diversas queixas
e relatos de casos concretos de pressões “inadmissíveis” – as quais acontecem
um pouco por toda a cidade, mas com especial ênfase no centro histórico. Para
os que vêem como naturais, de acordo com as leis do mercado, as pressões para a
saída dos inquilinos que não conseguem acompanhar a inflacção das rendas,
Moreira tem uma reposta: “Nesse conceito ideal de que o mercado funciona na
perfeição, todos os agentes têm a mesma informação. Ora, isso não acontece
aqui, porque há uns que têm todo o poder e a informação e os outros são
vulneráveis”.
Por isso mesmo,
para evitar abusos, argumenta o membro da assembleia municipal, é que o Bloco
defende a criação de um sistema de informação universal através do SOS
DESPEJOS. “Uma medida como esta, de criar um instrumento com toda a informação
disponível para as pessoas, sobre os seus direitos nesta matéria, deve ser uma
competência do Município de Lisboa”, considera Ricardo Moreira. O deputado
municipal salienta a importância de tal instrumento ser apoiado por um “serviço
jurídico competente, informando os munícipes sobre os seus direitos” e agindo
em sua defesa, quando se verifiquem situações de abuso ou de pressão
considerada ilegítima. E em última instância, nota, caso o bullying imobiliário
prevaleça, será sempre possível recorrer à Polícia Municipal para repor a
normalidade.
Projecto de Souto de Moura para a Praça das Flores pode avançar
Projecto de
Souto de Moura para a Praça das Flores pode avançar
Tribunal rejeitou
pedido de três associações para reverter licenciamento, mas estas estão a
preparar recurso para obrigar a uma alteração do projecto.
JOÃO PEDRO PINCHA
27 de Fevereiro de 2018, 8:00
Não teve sucesso
a acção popular que três associações de defesa do património interpuseram para
tentar travar um projecto do arquitecto Souto de Moura para a Praça das Flores,
em Lisboa. Os promotores da obra podem assim acabar de demolir o edifício que
agora existe no local e avançar com a construção do novo, que está em
banho-maria há mais de dois anos.
A acção popular
tinha sido apresentada ao Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, em
Março do ano passado, por três das cinco associações que organizaram o Fórum do
Património 2017. Essas entidades contestam o desenho proposto por Eduardo Souto
de Moura para o novo edifício, que consideram desfasado da restante praça. O
projecto prevê que o prédio tenha cinco pisos e uma fachada em ferro, vidro e
alumínio, assumindo "uma linguagem arquitectónica actual", de acordo
com a memória descritiva.
O objectivo da
acção judicial era obrigar a Câmara Municipal de Lisboa a reverter o
licenciamento da obra e promover um projecto "compatível com a ambiência e
estética da Praça das Flores", disse Vítor Cóias, presidente da comissão
organizadora do Fórum do Património, no ano passado.
O próprio
confirmou ao PÚBLICO que a acção tinha sido rejeitada. “Mas está a ser
preparado o recurso para a segunda instância”, acrescentou Vítor Cóias. “Agora
pretende-se impedir a construção do novo edifício, a menos que o projecto seja
alterado, para o compatibilizar com a traça arquitectónica que caracteriza a
Praça das Flores”, explicou. Isso “já não impedirá o promotor de acabar de
demolir o que resta do antigo edifício”, lamentou.
Este tem sido um
projecto mobilizador de fortes críticas, desde logo de alguns técnicos
camarários que o analisaram antes do licenciamento. "Não se consideram
reunidas as condições para a valorização arquitectónica e urbanística da área e
do conjunto edificado em que se integra", apont então. Ainda assim, o
processo acabou por ter luz verde do director municipal e do vereador do
Urbanismo. Também no ano passado, para lá de uma providência cautelar e de uma
acção popular, foi lançada uma petição online que reuniu 1755 assinaturas
contra a proposta de Souto de Moura.
O projecto também
mereceu alguns elogios, como os de Ana Vaz Milheiro, professora de
arquitectura, que disse ao PÚBLICO em 2016 que o prédio “é bem desenhado, as
proporções são correctas e não vai mudar as características do lugar”. A
arquitecta sustentou então que “há uma quebra com o que a praça possa
aparentar, mas em relação ao que lá está é um ganho”.
Depois de meses paradas, câmara diz que obras no Hotel Netto já recomeçaram
Depois de meses
paradas, câmara diz que obras no Hotel Netto já recomeçaram
Os trabalhos
pararam devido a um “desentendimento” entre o promotor e o empreiteiro. Com um
novo responsável pela recuperação do hotel, a autarquia garante que as obras já
recomeçaram.
CRISTIANA FARIA
MOREIRA 27 de Fevereiro de 2018, 8:12
Depois de mais de
quatro décadas votado ao abandono, há muito que a recuperação do histórico
Hotel Netto é aguardada pelos sintrenses. Há dois anos, com a venda do hotel em
hasta pública à empresa Restelo Azul, ficou a promessa de que o edifício do
século XIX seria recuperado para albergar um hotel de quatro estrelas com 34
quartos. As obras ainda arrancaram mas, meses depois, pararam, deixando a
população a questionar por quanto tempo mais as ruínas do hotel, que foi casa
do escritor Ferreira de Castro, serão uma "mancha" na paisagem que
envolve o Palácio Nacional, no centro histórico da vila de Sintra. A autarquia
diz agora que os trabalhos já recomeçaram.
Apesar da grua e
dos andaimes, ao que o PÚBLICO apurou, a recuperação do edifício está suspensa
desde Junho. “De facto os trabalhos estiveram parados durante algum tempo
devido a um desentendimento entre o promotor da obra e o empreiteiro”, disse ao
PÚBLICO fonte do gabinete de comunicação da autarquia liderada por Basílio
Horta.
O
"desentendimento" terá levado ao afastamento do anterior construtor,
estando agora os trabalhos a cargo da construtora San Jose. No local, que o
PÚBLICO visitou no final da semana passada, estão já afixadas as placas que
indicam o novo dono da obra. No entanto, não foram vistos trabalhadores. O
PÚBLICO tentou, sem sucesso, entrar em contacto com o proprietário do imóvel.
Nos últimos anos,
o edíficio com fachada horizontal, de linhas sóbrias, rasgada por longas
fileiras de janelas rectangulares e por varandas balaustradas em ferro, tem
passado de mão em mão.
No final de 2013,
a Parques de Sintra-Monte da Lua, empresa de capitais públicos da qual a
autarquia é accionista e é responsável pela gestão dos parques e monumentos de
Sintra, quis comprar, por 600 mil euros, o hotel em ruínas à empresa Tivoli
Hotels & Resorts, que o detinha. A ideia era a adaptação do antigo hotel a
uma “residência jovem/hostel, de modo a viabilizar a sua recuperação e
vitalizar o centro histórico de Sintra”. No entanto, a autarquia decidiu
exercer o direito de preferência, impedindo a aquisição da Parques de Sintra -
Monte da Lua, dirigida, na época, por António Lamas.
Na altura,
Basílio Horta, dizia à agência Lusa que a aquisição do Hotel Netto revelava que
a câmara ia "assumir as suas responsabilidades na requalificação do centro
histórico da vila de Sintra e em todo o concelho”. Porém, a autarquia nunca
avançou com as obras e acabou por decidir-se pela venda, perante o elevado
custo de manutenção da fachada.
O imóvel acabou
por ser vendido, em Março de 2016, em hasta pública, à empresa Restelo Azul –
Exploração Turística, detida pela ex-mulher do empresário Carlos Saraiva, um
dos sócios maioritários de um grupo imobiliário e turístico, onde estava
integrada a cadeia hoteleira CS que já na altura se sabia estar em situação de
insolvência e foi, mais tarde, integrada na Nau Hotels & Resorts.
O antigo hotel
foi arrematado à única proposta apresentada à hasta pública, pelo valor de um
milhão de euros. A intervenção no edifício consistiria na criação de um hotel
de quatro estrelas com 34 quartos, incluindo três suítes, num total de 68
camas.
O negócio
assentou na modalidade de pagamento diferido. Assim, a Restelo Azul pagou
apenas 20% do montante da transacção, ou seja 200 mil euros. Seriam pagos mais
30% quando a unidade abrisse portas e duas prestações de 25% aos seis meses e
após um ano da entrada em funcionamento do novo hotel, que beneficiaria de
isenção de taxas municipais por envolver a recuperação do edifício.
Numa reunião do
executivo em Novembro passado, o vereador da CDU, Pedro Ventura, questionou o
presidente da câmara sobre a paragem na empreitada. Na resposta, Basílio Horta
disse estar a acompanhar a obra “com muita preocupação”. “A obra não está
inteiramente parada, mas está a andar muito, muito devagar. Parece estar
parada, mas não está. Eu fui lá e estão a trabalhar por dentro duas pessoas.
Por aquele caminho, nunca mais o hotel Netto é arranjado. Vamos realmente ter
que intervir porque o contrato diz que se as obras não forem feitas naquele
prazo há uma resolução do contrato, eles perdem o dinheiro que já deram e nós
ficamos outra vez com o hotel”, explicou.
Questionada pelo
PÚBLICO, a autarquia garantiu estarem a ser cumpridos os prazos legais da
empreitada. No termos da adjudicação, em Julho de 2016, o promotor dispõe de 30
meses para concluir o hotel, "após emissão do alvará de construção ou
licenciamento da operação urbanística".
De acordo com a
câmara de Sintra, “encontram-se concluídas todas as demolições, executada a
contenção de fachada (uma das fases mais difíceis), contenção periférica com
execução de pregagens e parte das escavações”. O valor de obra executada até ao
momento é de aproximadamente 600 mil euros. Os trabalhos estão agora a cargo da
construtora San Jose, que estará “a trabalhar no local para concluir os
restantes trabalhos de estrutura, cobertura, alvenarias, cantarias e
revestimentos exteriores”.
O projecto prevê
a instalação da unidade hoteleira com a preservação da fachada, com 34 quartos.
O hotel, que seria de quatro estrelas, será agora uma unidade de cinco
estrelas, uma “decisão da responsabilidade da Direcção Geral de Turismo”,
sustenta a autarquia. A cumprirem-se os prazos, a recuperação do antigo Hotel
Netto terá de estar concluída no final deste ano.
Maioria dos jovens em Portugal não consegue arrendar ou comprar casa
Maioria dos
jovens em Portugal não consegue arrendar ou comprar casa
Hoje às 01:09
A maioria dos
jovens em Portugal não consegue arrendar ou comprar casa devido aos empregos
precários e a um mercado de habitação com preços muito elevados, segundo um
relatório da Cáritas Europa, que é divulgado esta terça-feira em Lisboa.
"Os preços
da habitação em Portugal, quando comparados com a média dos valores dos
rendimentos, são desproporcionados. Os jovens precisam de um futuro",
refere o estudo, que descreve os principais desafios relacionados com a pobreza
e a exclusão social entre os jovens em Portugal.
O desemprego, os
empregos precários, os contratos irregulares e os baixos salários fazem com que
seja "muito difícil" um jovem conseguir suportar os custos de
habitação, alerta o documento.
"Assim
sendo, os jovens não se comprometem com o arrendamento ou compra de
habitação", salienta o documento, que destaca um estudo do Núcleo de
Observação Social da Cáritas Portuguesa (NOS), segundo o qual "a situação
da habitação tornou-se incontrolável", apesar de algumas medidas
implementadas,
Segundo o estudo,
o preço das casas antigas sofreu um novo aumento (9,2%), mais elevado que o
preço das casas novas (3,5%) subindo em média 7,1% em 2016 e 7% apenas no
primeiro trimestre de 2017".
A maioria das
habitações sociais precisa de obras, estimando-se que os custos superem os 50
milhões de euros, refere o documento, observando ainda que a oferta de casa
para os grupos mais vulneráveis "praticamente desapareceu".
Em declarações à
agência Lusa, o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, adiantou que
"a autonomia dos jovens é adquirida cada vez mais tarde".
"A autonomia
passa muitas vezes por uma vida independente que é ter habitação própria e os
jovens com o dinheiro que auferem não têm acesso à habitação, as rendas são
muito elevadas", disse Eugénio Fonseca, sublinhando que, nos últimos anos,
o valor das rendas em bairros antigos aumentou 20%.
Para ultrapassar
este problema, o relatório recomenda aos decisores políticos que facilitem a
"habitação a preços acessíveis para os jovens de acordo com os seus
rendimentos e proporcionar-lhes a oportunidade de iniciar uma vida
independente".
O relatório
alerta ainda para o desemprego jovem, afirmando que "é um flagelo que
atinge muitas famílias, e acima de tudo, condiciona os sonhos e aspirações da
juventude em Portugal" e "compromete o futuro do país".
"As
oportunidades de emprego e os níveis salariais diminuíram acentuadamente desde
a crise financeira de 2008. Portugal regista ainda um elevado nível de
desemprego jovem, muitos deles emigraram a as habilitações de nível superior
não estão a ser valorizadas pelo mercado de trabalho", sublinha.
Analisando o
relatório, Eugénio Fonseca disse que este aponta para "a necessidade de
uma maior articulação e de acompanhamento das políticas sectoriais".
"Há que
identificar os atores que têm intervenção direta na superação das causas da
pobreza", disse, defendendo que essa responsabilidade não pode apenas ser
entregue ao Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança
Social".
Segundo o
presidente da organização, "todas as preocupações colocadas no relatório
foram cruzadas com as preocupações europeias".
"Situámo-nos
naquilo que nos parece ser a pobreza mais preocupante no domínio dos jovens que
é a educação, a habitação e o trabalho", vincou.
Eugénio Fonseca
explicou que as propostas apresentadas já têm em conta algumas medidas que os
governos têm implementado em Portugal, mas também a experiência dos 20 países
da Europa que cooperaram na elaboração do relatório".
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
Manutenção das árvores da Avenida da Liberdade: uma história muito mal contada
Manutenção das
árvores da Avenida da Liberdade: uma história muito mal contada
Samuel Alemão
Texto
22 Fevereiro,
2018
Depois da
divergência sobre as causas do embate entre um autocarro de turismo e uma
árvore na Avenida da Liberdade, subsiste o desencontro sobre a responsabilidade
na gestão dos seus espaços verdes, incluindo árvores. Fernando Medina diz que a
Câmara Municipal de Lisboa (CML) reassumirá a gestão do arvoredo, porque a
Junta de Freguesia de Santo António não o quer fazer. Mas, há um ano, numa
reunião de câmara, o vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, garantia
que a CML havia acabado de assumir de novo a manutenção dos espaços verdes da
avenida. E por dois anos. Vasco Morgado, o presidente da junta, diz que a
gestão das árvores “é feita pela junta, em consonância com a câmara”, de acordo
com o estabelecido “há pouco mais de um ano”. A avaliação do estado das
árvores, porém, é incumbência da CML, garante. “Eles puxaram para si essa
responsabilidade”. A Plataforma em Defesa das Árvores diz que as da Avenida da
Liberdade têm estado ao abandono. Ou seja: uma confusão.
Afinal, quem tem
assegurado a monitorização e a manutenção do arvoredo na Avenida da Liberdade?
A dúvida persiste, dois dias após um acidente, ocorrido na manhã de terça-feira
(20 de fevereiro), na principal artéria da capital, resultante do embate de um
autocarro de turismo de dois pisos, da Carristur, numa pernada de uma árvore.
Da colisão, cujas circunstâncias estão ainda a ser apuradas por uma perícia
técnica – sendo as primeiras conclusões reveladas na próxima semana -, resultou
uma dúzia de feridos, oito dos quais hospitalizados e estragos avultados no
veículo. Mas, para além das dúvidas sobre as circunstâncias do acidente – com a
Carristur a negar que o veículo tenha saído do eixo da via, contradizendo assim
a versão dos autarcas -, sobra ainda um conjunto de contradições e a certeza de
haver ainda muito por esclarecer sobre a monitorização e manutenção das árvores
na avenida. As declarações dos responsáveis políticos só têm ajudado a aumentar
a confusão.
A começar pelo
presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Fernando Medina (PS) disse aos
jornalistas, ao final da tarde de terça-feira, em Vila Nova de Gaia, que
“aquilo que é uma competência da Junta de Freguesia vai voltar a passar para a
câmara”. E acrescentou: “Os lisboetas têm o direito de se sentir em segurança
(…). Vamos tomar esta atitude visto que a Junta de Freguesia [de Santo António]
não quer exercer essa competência, e até nega tê-la”. Referindo que “o quadro
legal de Lisboa é muito claro”, o autarca anunciou, porém, uma alteração ao
mesmo. “A responsabilidade do abate e manutenção do arvoredo naquela zona da
cidade é da Junta de Freguesia [de Santo António]. Uma das consequências da
descentralização é que quem assume competências tem de as exercer. Se a Junta
de Freguesia não quer assumir, a Câmara vai assumir de novo essas
competências”.
A proclamação
entra, todavia, em contradição com o que o seu vereador da Estrutura Verde
anunciou há um ano. No dia 22 de fevereiro de 2017, numa reunião pública do
executivo municipal, José Sá Fernandes, garantia que havia sido estabelecido um
acordo com a Junta de Freguesia de Santo António para a manutenção dos espaços
verdes da Avenida da Liberdade, árvores incluídas, durante dois anos.
Interpelado, nessa ocasião, durante o período de questões do público ao
executivo, por uma representante do grupo cívico Plataforma em Defesa das
Árvores (PDA), sobre quem seria a entidade responsável pela gestão dessa área,
CML ou junta, Sá Fernandes foi claro: “O contrato que a Câmara de Lisboa,
entretanto, assumiu prevê a manutenção durante dois anos. Portanto, durante os
próximos dois anos, o responsável pela manutenção dos espaços verdes da Avenida
da Liberdade vai ser a Câmara Municipal de Lisboa”.
O vereador
tentava assim tranquilizar a representante da Plataforma, Fátima Castanheira,
que, na altura, disse ter tido a informação de que a CML “havia recuperado,
muito recentemente, a gestão dos canteiros e das árvores” naquela artéria da
cidade. E, de seguida, a mesma activista questionava: “Esse resgatar é para
manter ou é provisório? Por que razão a CML não a considera [à Avenida da
Liberdade] como um espaço estruturante do Corredor Verde de Monsanto? Algo que
nos parece evidente e que, naturalmente, esclareceria a questão da titularidade
da avenida, uma vez que esta passaria a ser da esfera da Câmara de Lisboa em
definitivo”. O pedido vinha acompanhado por uma “Petição pela reintegração da
Avenida da Liberdade no Corredor Verde de Monsanto”, entregue na altura.
Nessa mesma
reunião pública, antes de dar conta do contrato para o reassumir temporário de
responsabilidades da autarquia nos espaços verdes da avenida, Sá Fernandes
anunciava já terem sido feitas intervenções de beneficiação “em todo este
corredor” e, naquele momento, a CML havia mesmo assumido “vários melhoramentos
na Avenida da Liberdade”. O autarca elencava arranjos nos lagos e nos canteiros
das zonas ajardinadas, para além de terem sido “plantadas árvores nas caldeiras
em falta”, muitas das quais no lugar das palmeiras – abatidas devido à praga do
escaravelho vermelho. “Calculo que um dia destes, mais um mês, temos a Avenida
da Liberdade arranjada, bonita, com os lagos a funcionar”, prometeu, antes de
anunciar o novo protagonismo da Câmara de Lisboa na avenida durante os próximos
dois anos.
Apesar disso, as
dúvidas sobre a forma como canteiros, lagos e árvores da avenida eram ou não
acompanhados e por que entidade mantiveram-se. Tanto que, passado quase um ano
sobre essa reunião, e, por coincidência, na véspera do acidente, a Plataforma
em Defesa das Árvores voltava a questionar a CML sobre o assunto. O pedido de
esclarecimento, enviado pelos activistas da PDA a José Sá Fernandes, na tarde
de segunda-feira (20 de fevereiro), é acompanhado de duas fotografias de
canteiros mal tratados – situação que descrevem como “uma vergonha”. O grupo de
cidadãos solicita ao vereador “esclarecimentos quanto à efectiva, ou não,
transferência temporária de tutela e qual o seu efeito prático até agora”. E
acrescenta: “Preocupa-nos particularmente a manutenção do coberto arbóreo desta
Avenida, que, conforme nos confirmou, é parte integrante do corredor verde de
Monsanto”.
Ouvida por O
Corvo, já depois da colisão entre o veículo turístico e a árvore, Rosa
Casimiro, responsável pela Plataforma, diz que continua por esclarecer quem,
efectivamente, tem vindo a assumir a manutenção dos espaços verdes na Avenida
da Liberdade. “Nota-se que aquilo está ao abandono. Há um ano, o vereador disse
publicamente que passaria a ser a câmara a assumir as responsabilidades,
durante dois anos. Já se percebeu que a junta não tem capacidade para isto.
Mas, para além do abate das palmeiras doentes, pouco tem sido feito. A
manutenção das árvores tem sido feita de maneira completamente desastrada”, critica.
A activista
ambiental diz ainda que “aquelas árvores são muito grandes e precisam de
atenção profissional, de alguém que faça o trabalho de subir lá acima, a cada
uma delas, e avalie o seu estado”. Algo que, pelo que tem conhecimento, não tem
sido feito – ao contrário, diz, do que sucederá na freguesia de Campo de
Ourique, por iniciativa da própria junta. Rosa Casimiro teme que, após o
acidente, uma das respostas das autoridades seja a de realizar podas
indiscriminadas. “Não sabemos se o ramo desta árvore estava ou não em bom
estado, mas, muitas vezes, o mais fácil e começar a podar”, considera.
As afirmações
agora feitas por Fernando Medina, na sequência do acidente, sugerindo inacção
da Junta de Freguesia de Santo António, são também discrepantes com o que diz o
seu presidente, Vasco Morgado (PSD). O autarca garante a O Corvo que a gestão
dos espaços verdes e do arvoredo da Avenida da Liberdade “tem sido feita pela
junta em consonância com a câmara”. O autarca lembra, porém, que a
responsabilidade pelo abate de árvores é sempre da CML. E não se fica por aí.
“A avaliação do estado das árvores é feita pela Câmara de Lisboa, eles puxaram
a si essa responsabilidade. Depois de realizarem a monitorização das árvores,
eles passam-nos a informação, para nós actuarmos”, diz o presidente da junta,
que confirma a passagem de responsabilidades da junta para a CML, ocorrida “há
pouco mais de um ano”.
Em declarações à
comunicação social, ao final da tarde de terça-feira, à margem da Assembleia
Municipal de Lisboa, Morgado disse que a árvore onde embateu o autocarro “não
estava sinalizada, não estavam identificadas anomalias” e “não havia uma queixa
concreta na junta”. Apesar de remeter para a CML a responsabilidade pelo abate
de árvores, manifestou, no entanto, total disponibilidade para agir, acaso
soubesse estar em risco a segurança pública: “Quando houver a identificação
visível de um problema eu vou lá, corto a árvore e não peço autorização a
ninguém”. Vasco Morgado informou, todavia, que os serviços da junta estarão a
avaliar “se houve falha” da autarquia, para “perceber o que será necessário
fazer”.
Nesta
quarta-feira (21 de fevereiro), em declarações a O Corvo, Morgado repetiu
aquilo que dissera na véspera sobre o acidente: “O que está aqui em causa não é
o estado da árvore, mas sim o facto de que terá ocorrido um problema, uma falha
técnica, na condução do autocarro e o levou a embater na árvore”. “Disseram-me
que o motorista se terá desviado de um carro e guinado, embatendo na árvore”,
diz. Uma tese também veiculada por Sá Fernandes, nas horas subsequentes à
colisão. Segundo a mesma versão, o autocarro realizou um “encosto demasiado à
berma”. A Carristur, em comunicado, apresentara outra versão: “Não houve
despiste do condutor, a viatura estava alinhada com o eixo da via, mas a
Carristur vai instaurar imediatamente um inquérito para apurar as causas deste
acidente”.
O presidente da
junta de Santo António desvaloriza as declarações de Fernando Medina sobre o
novo quadro de responsabilidades da CML na gestão dos espaços verdes da Avenida
da Liberdade – “ele bem pode dizer o que quiser”, comenta a O Corvo -, até
porque garante que a junta já está a trabalhar com a câmara para melhorar a
manutenção dos mesmos. “Ainda na noite de terça-feira, eu o José Sá Fernandes
já falámos e ficou combinado que nos vamos sentar à mesa, junta e câmara, para
discutir sobre este assunto”.
O Corvo
questionou enviou, na tarde de terça-feira (20 de fevereiro), duas questões à
Câmara de Lisboa relacionadas com este assunto. “Tem a CML realizado a
manutenção adequada daquele arvoredo, bem como dos restantes espaços verdes?” e
“Tem a CML monitorizado o eventual impacto causado na segurança rodoviária pela
proximidade e pela inclinação das árvores existentes na avenida?”, eram as perguntas,
cuja resposta, porém, não chegou até ao momento da publicação deste artigo.
O silêncio do Governo sobre a seca é um perigo
EDITORIAL
O silêncio do
Governo sobre a seca é um perigo
A ameaça da seca é real e
não se percebe por que razão o Governo não a traz para o primeiro plano das
suas prioridades políticas.
O excesso de confiança do
Governo é um perigo. Perante a incerteza, está mais do que na hora de fazer
soar os alarmes.
Manuel Carvalho
26 de Fevereiro
de 2018, 6:30
Adivinhar o clima
não é uma especialidade dos políticos. Mas, perante a seca que se agrava, o
Governo comporta-se com a tranquilidade do feiticeiro após a dança da chuva. Em
Janeiro, o ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, dizia que a
precipitação acumulada e a que havia de cair permitiriam ao país "chegar
bem até Abril, sem sobressaltos". A sua falta de talento para a
meteorologia deu no que deu. O problema agravou-se e quase um décimo do
território nacional está em seca extrema numa época em que habitualmente
costuma chover com abundância.
O excesso de
confiança do Governo é um perigo. Perante a incerteza, está mais do que na hora
de fazer soar os alarmes. Os agricultores, que sentem antes de todos as agruras
da falta de água, já vieram a público dar conta do drama com que se confrontam
e o seu apelo devia bastar para que o Governo convocasse o país para a
possibilidade de algo correr muito mal até ao Verão. Não estamos a falar apenas
de incêndios. O risco de faltar água para abastecimento humano é real e a
possibilidade de haver culturas condenadas a morrer por falta de água não pode
ser descurada. O que está em causa é uma ameaça
gravíssima.
Para já, não faz
sentido instaurar um alarmismo desnecessário. A expectativa do ministro do
Ambiente, ainda pode ser concretizada. Mas face aos dados disponíveis e à
realidade concreta de regiões como Trás-os-Montes ou o Baixo Alentejo,
pergunta-se por que não se lançaram já campanhas de poupança de água. Ou porque
não se discute legislação que restrinja o uso de água para regar jardins, lavar
automóveis ou encher piscinas. E como não há tempo a perder, era bom que os
partidos que agora discutem o próximo ciclo de fundos europeus definissem um
plano de actuação para enfrentar as alterações climáticas que ameaçam
transformar uma parte significativa do território nacional num deserto.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
“Não sabemos quando a seca vai terminar. Poupem o mais possível a água”
“Não sabemos
quando a seca vai terminar. Poupem o mais possível a água”
19 fev, 2018 -
15:50 • Olímpia Mairos
Em entrevista à
Renascença, Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas e
presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável,
alerta para o desafio da seca que afeta Portugal e apela à poupança e à redução
das perdas de água nas redes municipais de distribuição.
Se é verdade que
já não é possível travar alguns impactos das alterações climáticas, não é menos
verdade, dizem os especialistas, que o pior ainda pode ser evitado. Em
entrevista à Renascença, Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional
do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), defende uma maior
coordenação entre Espanha e Portugal, no que respeita aos recursos hídricos,
mudanças na agricultura e combate ao desperdício da água.
Filipe Duarte
Santos participou, esta segunda-feira, em Vila Real, no Congresso Nacional
sobre Alterações Climáticas, que se prolonga até quarta-feira e é organizado
pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A organização envolve
uma equipa multidisciplinar da academia transmontana, que integra estudantes e
professores de Biologia, Biologia e Geologia, Genética e Biotecnologia, Arquitetura
Paisagista e Engenharia do Ambiente, em colaboração com a Ordem dos Biólogos.
Qual é o
principal desafio do século XXI?
É o desafio das
alterações climáticas, uma questão que é conhecida, e que ontem procurava
abordar, em particular através das Nações Unidas e do protocolo de Quioto e,
agora, do acordo de Paris. Mas aquilo que acontece é que há alguns sítios do
mundo, algumas regiões do mundo, em que as alterações climáticas se começam a
sentir de uma forma mais gravosa e temos que encarar esse problema.
Em particular, na
Península Ibérica tem havido um decréscimo de precipitação anual, estamos numa
situação de seca nalgumas regiões de Portugal e Espanha. Outras regiões do
mundo têm sofrido problemas semelhantes e de ventos extremos mais frequentes.
E, portanto, tem que haver uma maior consciência desta problemática de todas as
pessoas, de todos os cidadãos e também dos governos.
Que projeções se
podem fazer em termos de futuro?
Vamos continuar a
ter a diminuição da precipitação média anual, isso é, talvez, um dos aspetos
mais graves, e ventos extremos mais frequentes, como ondas de calor com
precipitação intensa e em intervalos de tempo curto e a subida do nível médio
do mar que afeta as nossas costas, que são particularmente vulneráveis, porque
temos uma parte considerável da nossa costa que é uma baixa arenosa e,
portanto, está em risco de inundação.
Filipe Duarte
Santos. Foto: Olímpia Mairos
Filipe Duarte
Santos. Foto: Olímpia Mairos
O ano de 2017 foi
de seca severa e extrema em Portugal. Este problema pode repetir-se em 2018?
Não sabemos
quando é que esta seca vai terminar. Esperemos que ela termine o mais
rapidamente possível, pode ser que chova abundantemente nos próximos meses, mas
não temos essa capacidade de prever e, portanto, o que podemos esperar é que as
pessoas estejam conscientes da situação em que se está, que usem a água com a
maior parcimónia possível, ou seja, que poupem o mais possível a água, que haja
menos desperdício de água, sobretudo nos sistemas de distribuição da água que
as câmaras municipais fazem no país.
Há perdas que não
são muito explicáveis. Há municípios que têm imensa atenção a esse problema e
tem havido grandes progressos, mas, em outros, ainda são superiores a 50%, uma
situação, de certo modo, incompreensível no contexto atual. Sabemos que há
sítios no mundo que estão numa situação pior do que a nossa, como seja a cidade
do Cabo na África do Sul, que tem os dias contados. Temos que saber que estas
coisas podem acontecer.
Em termos de
políticas, que há a fazer no imediato?
Maior coordenação
entre Espanha e Portugal, no que respeita aos recursos hídricos. Depois, temos
que ver em que medida a agricultura que estamos a ter é compatível com a
precipitação que temos. Temos que nos adaptar a um clima que é não só mais
quente, mas também mais seco.
Não temos, então,
boas notícias em termos de alterações climáticas?
Não, eu diria que
não são. Poder-se-á dizer: mas então como se resolve o problema? O problema, de
facto, resolve-se emitindo menos gases com efeito estufa para a atmosfera. Nós
dependermos menos dos combustíveis fósseis. E isso é o que a Europa tem tentado
fazer e tem tido bastante sucesso nisso e tem metas ambiciosas de redução dos
gases com efeito estufa.
Trata-se de um
problema global. Não basta a União Europeia fazer isso, é necessário que o
mundo inteiro faça isso. E aí é que está o problema. Temos uma enorme
dependência dos combustíveis fósseis. Cerca de 80% das fontes primárias da
energia são combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural. É uma
transição que é difícil. Mas, se não se fizer essa transição, o que temos a
esperar é que estes eventos extremos, estas secas extremas nesta região do
mundo, na região do mediterrâneo vão continuar e, possivelmente, até
agravar-se.
Como avalia a
saída dos EUA do acordo de Paris?
Acho deplorável.
É uma política que representa apenas considerar a adaptação às alterações
climáticas e não a mitigação, ou seja, a redução das emissões, e de um enorme
egoísmo em relação a todo o mundo.
Que consequências
podem ter as alterações climáticas na ignição e propagação de fogos florestais?
Os incêndios têm
outras causas para além das alterações climáticas, mas as alterações climáticas
potenciam, sobretudo, porque em 2017 os maiores incêndios foram fora de época,
digamos assim, foram fora da época do verão: ocorreu no fim da primavera e no
princípio do outono.
As armas e a democracia
![]() |
Imagem do Dia / OVOODOCORVO A Imagem do Futuro na América |
EDITORIAL
As armas e a democracia
O negócio das armas é uma consequência da degradação democrática dos
Estados Unidos. E não serão os jovens activistas a salvá-lo.
DIOGO QUEIROZ DE ANDRADE
23 de Fevereiro de 2018, 5:41
Mais um massacre, mais um apelo à contenção da venda de armas nos Estados
Unidos. Não valerá a pena ter grande esperança, os massacres de inocentes vão continuar
a acontecer. O debate não pretende ter um módico de seriedade porque não se
conseguem ultrapassar os argumentos falaciosos que não querem discutir
políticas, mas sim emoções.
Se o debate fosse sério, haveria muito caminho para fazer antes de chegar a
uma mirífica proibição das armas – poder-se-ia começar por exigir medidas
eficientes de avaliação do estado mental dos requerentes, implementar um
registo nacional que determine quantas armas tem cada pessoa, limitar o tipo de
arma que se pode adquirir e a forma como isso se faz. Mas tudo isto iria
limitar o mega-negócio do armamento.
O verdadeiro problema não é a defesa das armas. O verdadeiro problema é a
distorção democrática que se vive nos Estados Unidos nos últimos quarenta anos,
em que o dinheiro compra quem concorre às eleições e mantém os eleitos na
completa dependência dos lobbies que atiram dinheiro para cima do sistema
político. É neste cenário que medram os interesses de defesa das armas – que
são um negócio e não podem nunca ser confundidos com patriotismo. Esta história
já se verificou com as tabaqueiras, com as petrolíferas e com as empresas de
telecomunicações, e ainda acontecem também com as financeiras.
O outro drama que contamina os Estados Unidos, e que depende tanto do
sistema mediático como do político, tem a ver a desvalorização da ciência e do
rigor. O corolário da sociedade do espetáculo é o que trata todos os argumentos
por igual e dá legitimidade e espaço público a quem não debater ideias mas
apenas ganhar a guerra das emoções. É tão idiota defender que a terra é plana
como afirmar que não são as armas que matam – mas os autores destes discursos
passeiam-se alegremente pelas televisões, pelas rádios e pelas câmaras
legislativas enquanto representantes eleitos. Alguns serão cínicos ao ponto de
ter noção das barbaridades que dizem, outros repetem acefalamente o que lhes
mandam dizer. E esta galáxia é chefiada por Donald Trump, o analfabeto
funcional que despreza os briefings de inteligência das agências secretas mais
poderosas do mundo e prefere ser informado pelo talk-show matinal da Fox. Com
muitos americanos a preferir viver na sua bolha de realidade alternativa e o
cenário político completamente partido, o debate é impossível e os consensos
são altamente improváveis – pelo que não valerá muito a pena ter grande
esperança numa reforma legislativa a curto prazo.
O Acordo Mortográfico na AR
O Acordo
Mortográfico na AR
A petição
“Cidadãos contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990” é amanhã debatida na AR, bem
como um louvável projecto de Resolução do PCP.
ANTÓNIO BAGÃO
FÉLIX
20 de Fevereiro
de 2018, 6:44
A petição “Cidadãos
contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990” é amanhã debatida na AR, bem como um
louvável projecto de Resolução do PCP, o único que recomenda o recesso de
Portugal do AO, outras medidas de acompanhamento e uma nova negociação das
bases e termos de um eventual Acordo Ortográfico.
Com base nesta
amálgama ortográfica, no que leio e no que até já vi ensinado (!), ficcionei um
texto-caricatura para ilustrar este absurdo na nossa língua escrita. A bold
assinalei as aberrações endógenas e toda a gama de facultatividades do AO e, em
itálico, realcei erros resultantes da total confusão do “pós-acordismo” e todos
os dias vistos nos jornais e televisões. Ei-lo:
A receção do
hotel estava cheia e o recetor não tinha mãos a medir. Agora que a recessão já
não é um fato, ninguém para o turismo. A fila era de egípcios do Egito que não
têm o “p” no nome do país porque lhes disseram que a concessão do visto
dependia da conceção do mesmo. Entre eles, alguns eram cristãos coptas, perdão
cotas.
O hotel tinha
dois restaurantes tão suntuosos quanto untuosos: o cor-de-rosa e o cor de
laranja (este sem direito a hífens), porque o diretor mandou adotar o AO. Quer
dizer, foi uma adoção sem adoçar o citrino. Os coutentes não ficaram contentes.
Um dos egípcios
(um ator atormentado) perguntou se havia produtos lácteos dos nossos
laticínios. Tudo isto por causa de um “c” que tanto faz parte, como não faz
parte do leite.
Outro dos
turistas que se havia zangado quis retratar-se e, para isso, resolveu retratar
os amigos com uma “selfie”. Um outro rececionista (semi-interno e semiletrado)
e que mais parecia um espetador, distraiu-se e picou-se num cato que, esse sim,
era um doloroso espetador. Ficou com as calças semirrotas que lhe levariam
parte do salário semilíquido.
Outro, por acaso um
cocomandante – que tinha sido corréu porque correu no Cairo que era corruto –
estava com um problema ótico e queria um médico. Tinha uma infeção que, mesmo
sem o “c”, teimava em ser infecciosa. Foi-lhe sugerido ir a um hospital. O
turista lá foi e, num dos corredores em forma de semirreta onde cruzou com um
marreta, depois de passar pelas zonas infantojuvenil e materno-infantil (outra
vez os hífens…), viu uma seta para a esquerda com “doenças óticas” e outra para
a direita também com “doenças óticas”. Coisas de arquitetos ou arquitetas.
Baralhado, virou para a direita. Foi visto por um oftalmologista quando
precisava de um otorrino para o ouvido. Lá está: caiu o “p” ocular, que já
tinha sido dispensado no auricular!”. O melhor é o míope ser surdo e vice-versa.
Por causa do
facto transformado erradamente em fato, aumentou a gama dos fatos: há o fato
tributário que assenta que nem uma luva. Há a união de fato mesmo que sem ele.
Há o fato consumado que leva a que a Crimeia seja russa de fato. Os turistas
ficaram encantados com tantos fatos no Verão.
Entretanto, foi
desligado o interrutor do elevador porque precisava de uma interrupção para uma
inspeção.
O diretor do
hotel, preocupado, fez uma reunião e ficou de elaborar uma ata que nem ata nem
desata. É que o seu corretor ortográfico também não ajudou e por isso pensou
pedir ajuda a um amigo corretor da Bolsa. Acontece que, mesmo com tato, não
encontrou logo o contato dele. Quando o conseguiu, o corretor ficou zangado
dizendo-lhe “eu cá não me pelo pelo pelo de quem para para desistir”. Houve uma
grande deceção na secção e, perentoriamente, falou-se numa rutura. No fim,
porém, feita a arimética das contas, tudo acabou num pato de afetos.
The fascist movement that has brought Mussolini back to the mainstream
The long
read
The fascist
movement that has brought Mussolini back to the mainstream
Italy’s
CasaPound has been central to normalising fascism again in the country of its
birth. Now they’re trying to enter parliament. By Tobias Jones
Thu 22 Feb
2018 06.00 GMT
On the
night of 27 December 2003, five men broke into a huge, empty office complex in
Rome, just south of the city’s main railway station, Roma Termini. A few days
earlier, the men had put up fake fliers, appealing to the public for help to
find a lost black cat called “Pound”. It was a way to avoid suspicion as they
surveyed the building before breaking in.
Nothing was
left to chance: the date, between Christmas and New Year, was chosen because
there wouldn’t be many people around. Even the name and colour of the cat
wasn’t casual: “Pound” was a nod to the American poet and fascist evangelist
Ezra Pound. And black was the colour associated with their hero, Benito
Mussolini. They planned to start a radio station from inside their new building
called Radio Bandiera Nera – “Black Flag Radio”.
The man
giving orders that night was Gianluca Iannone. Then 30, he was tall, burly and
brusque. With his shaved head and thick beard, he looked a bit like a Hells
Angel. He had “me ne frego” (“I don’t care” – the slogan used by Mussolini’s
troops) tattooed diagonally across the left side of his neck. Iannone was
famous in fascist circles as the lead singer in a rock band called ZZA, and as
the owner of a pub in Rome, the Cutty Sark, which was a meeting point for
Rome’s extreme right.
The five
men were nervous and excited as they took turns working on the wooden front
door with crowbars. The others gathered close by, to watch and to provide
cover. Once the door gave, they piled inside, pushing it shut behind them. What
they found was breathtaking. There was a large entrance hall on the ground
floor, a grand staircase, even a lift. There were 23 office suites in the
seven-storey block. The previous occupier, a government quango, had moved out
the year before, so the place was freezing and damp. But it was huge, covering
thousands of square metres. The cherry on the cake was the terrace: a large,
walled roof from which you could see the whole of Rome. The men gathered
together up there and hugged, feeling that they had planted a flag in the
centre of the Italian capital – in a gritty neighbourhood, Esquilino, which was
home to many African and Asian immigrants. Iannone dubbed their building “the
Italian embassy”.
That
building became the headquarters of a new movement called CasaPound. Over the
next 15 years, it would open another 106 centres across Italy. Iannone, who had
been in the Italian army for three years, described each new centre as a
“territorial reconquest”. Because every centre was self-financing, and because
they claimed to “serve the people”, those new centres in turn opened gyms,
pubs, bookshops, parachute clubs, diving clubs, motorbike clubs, football
teams, restaurants, nightclubs, tattoo parlours and barbershops. CasaPound
suddenly seemed everywhere. But it presented itself as something beyond
politics: this was “metapolitics”, echoing the influential fascist philosopher
Giovanni Gentile, who wrote in 1925 that fascism was “before all else a total
conception of life”.
Until then,
fascist revivals had usually been seen, by the Italian mainstream, as
nostalgic, uncultured and thuggish. CasaPound was different. It presented
itself as forward-looking, cultured, even inclusive. Iannone had been drawn to
fascism in his youth because of a “fascination with the symbols”, and now he
creatively mixed and matched code words, slogans and symbols from Mussolini’s
ventennio” (as his 20-year rule is known), and turned them into 21st-century
song lyrics, logos and political positions. In a country in which style and
pose are paramount, CasaPound was fascism for hipsters. There were reports of
violence, but that – for young men who felt aimless, sidelined, even
emasculated – only added to the attraction. Many flocked to pay their €15 to
become members.
By the
early 2000s, it was no longer taboo for mainstream politicians to speak warmly
of Mussolini: admirers of Il Duce had become government ministers, and many
fringe, fascist parties were growing in strength – Forza Nuova, Fronte Sociale
Nazionale, and various skinhead groups. But where the other fascists seemed
like throwbacks to the 1930s, CasaPound focused on contemporary causes and
staged creative campaigns: in 2006 they hung 400 mannequins all over Rome, with
signs protesting about the city’s housing crisis. In 2012, CasaPound militants
occupied the European Union’s office in Rome and dumped sacks of coal outside
to protest on behalf of Italian miners. Many of their policies looked
surprising: they were against immigration, of course, but on the supposedly
“progressive” grounds that the exploitation of immigrant labourers represented
a return to slavery.
Most
Italians have been watching CasaPound with a mixture of fascination and alarm
for 15 years, trying to work out quite what it is. The movement claims it is a
democratic and credible variant of fascism, but it is accused of encouraging
violence and racism. CasaPound militants have repeatedly told me that they’re a
unifying force for Italy, but many Italians worry that they are merely
recreating historical divisions in a society with a profound identity crisis.
That
“CasaPound question” is now being posed with urgency, because it is aspiring to
enter parliament next month. On 4 March, Italians will go to the polls in a
general election in which centre-right and far-right parties are expected to
triumph. CasaPound’s own electoral chances are slim: although in the past they
have received nearly 10% of the vote in certain constituencies, they will need
at least 3% of all votes nationwide to gain any parliamentary seats, which
seems almost inconceivable. Still, the proliferation and growth of rival
far-right parties is not a sign of the movement’s obsolescence, but of its
success. For 15 years, CasaPound has been like the yeast in the far-right dough
– the ingredient that makes everything around it rise.
CasaPound
germinated in the late 1990s as a sort of Mussolini-admiring drinking club.
Every Monday night, a dozen men would meet in the Cutty Sark and “plan what
next,” as one recalled. It was there that Iannone met the man who would become
his deputy, Simone Di Stefano. Di Stefano was two years younger and quieter,
but a lifelong rightwing militant. “We were situationists trying to wake people
up”, Di Stefano says, looking back, “bohemian artists based on models like Obey
Giant [Shepard Fairey] and Banksy”.
In 1997,
Iannone, Di Stefano and their mates had put up 10,000 stickers all over Rome:
above eyeless faces, with barcoded foreheads and demented smiles, were just
three unexplained words: Zeta Zero Alfa. It was the name of a punk rock band
Iannone had decided to launch, its name hinting at both the American rock
legends ZZ Top and at the notion that the world needed to go back to the
beginning, back to the “alfa”.
Zetazeroalfa
became, in the late 90s and early 2000s, an evangelising force for fascism.
Touring all over Italy, the band sang raucous punk-rock songs with lyrics such
as “nel dubbio, mena” (“if in doubt, beat up”) or “amo questo mio popolo fiero
/ che non conosce pace” (“I love this proud people / that doesn’t know peace”).
In those early days, Iannone had about 100 hardcore fans, who doubled as
roadies, crew, security and salesmen. The group sold as many T-shirts as they
did CDs, with lines such as Picchia il vip (“beat up the VIP”) and Accademia
della sassaiola (“academy of stone-throwing”). The song that became a crowd
favourite was Cinghiamattanza, meaning “death by belt”: at all the gigs it
became a ritual for fans to take off their belts and leather each other.
In those
years, Iannone was more rock star than blackshirt. His informal movement was
more about music than manifestos. CasaPound’s in-house lawyer, Domenico Di
Tullio, was once the bassist and vocalist in a far-right band called
Malabestia, “evil beast”. He was introduced to CasaPound when Iannone was
teaching Thai boxing in a gym. “CasaPound has always been,” Di Tullio said,
“halfway between politics and rock’n’roll.” Iannone was a canny entrepreneur:
he co-founded a right-wing music label called “Rupe Tarpeia” – the name of the
Roman rock from which traitors were thrown to their deaths.
Iannone –
who was obsessed with Chuck Palahniuk’s Fight Club – had been arrested a few
times for assault, once for beating up an off-duty carabiniere at Predappio,
the burial shrine of Mussolini, because he was “drunk and being stupid”.
Revisionist historians and rightwing politicians in the 1990s worked hard to
rehabilitate Mussolini: expressing admiration for him was no longer considered
heretical, but a sign of courageous thinking. Mussolini’s regime was airbrushed
as benign – “he never killed anybody” said Silvio Berlusconi, who became prime
minister for the first time in 1994 – and depicted as superior to the
corruption and chaos of the avowedly anti-fascist First Republic that lasted
from 1948 until 1992. Berlusconi and his far-right allies scorned the
traditional anti-fascist celebrations of 25 April, the date of Italians’
liberation from Nazi fascism.
A canny
politician, Berlusconi wasn’t setting this agenda but following it. He knew it
was a vote-winner. Buildings all over Italy, but especially in the south, still
bear the faded letters of the word “DUCE”. There are many monuments, and even a
mountain, that still bear his name. A country that doesn’t renounce its past as
much as absorb it, Italy was, by the turn of the millennium, more than ready to
include Mussolini’s grandchildren in the body politic.
In July
2002 the militants who had gathered around Gianluca Iannone and ZZA occupied
their first building, an abandoned school north of Rome. Occupations had always
been a form of protest by the far left in Italy: many squats had become “social
centres” and were tacitly tolerated by police and politicians. Now the far
right was trying the tactic. Iannone called the occupied school Casa Montag,
after the protagonist of the Ray Bradbury novel Fahrenheit 451, Guy Montag.
It was the
first of many occasions in which CasaPound would confound ideological
expectations. Most people read Bradbury’s novel as a critique of an
anti-intellectual, totalitarian state, but for the CasaPounders it represented
their own oppression by the forces of anti-fascism in Italian politics, who
they regarded as metaphorical book-burners. Anticipating the rhetoric of the
alt-right, CasaPound claimed to be a space “where debate is free”.
Within 18
months, though, Iannone’s men had upgraded and moved to the very centre of
Rome, occupying the huge building in Esquilino. Their aim in 2003 wasn’t
political in any parliamentary sense: the militants wanted to live cheaply
together, to create a space for their ideals and, most of all, to make a
statement.
In the
entrance hall of their new home, CasaPounders painted a hundred or so surnames
in garish colours, suggesting the ideological lineage of their movement. Many
were obvious – Mussolini, Oswald Mosley, Nietzsche, the writer and
proto-fascist Gabriele D’Annunzio, the Italian fascist philosopher Julius Evola
– but many more were bizarre or wishful: Homer, Plato, Dante, Kerouac and even
cartoon characters such as Captain Harlock and Corto Maltese. All were men.
The
movement never hid its admiration for Benito Mussolini. Photos and slogans of
Il Duce were put up. Every believer was referred to as a “camerato” (the
fascist version of “comrade”) and exchanged the old-fashioned “legionary”
handshake, grasping each other’s forearm rather than the hand. Above the door
on the outside of the building, in beige, faux-marble, “CASAPOVND” appeared.
What made
CasaPound unique was its game of smoke-and-mirrors with a fascinated Italian
media. Both Di Stefano and Iannone were very media-savvy: Di Stefano was a
graphic artist, and Iannone, after the army, had worked as a director’s
assistant on Unomattina, a breakfast show on RAI, the state broadcaster. They
promoted CasaPound via prank calls to newspapers, the invasion of TV studios,
the frenetic production of posters and stickers, the organisation of debates
and the occasional act of violence.
They also
began pushing for policies the left had given up hope of ever hearing again,
such as the renationalisation of Italy’s banking, communications, health,
transport and energy sectors. They cited the most progressive aspects of
Mussolini’s politics, focusing on his “social doctrines” regarding housing,
unions, sanitation and a minimum wage. CasaPound accepted that the racial laws
of 1938 (which introduced antisemitism and deportation) were “errors”; the
movement claimed to be “opposed to any form of discrimination based on racial
or religious criteria, or on sexual inclination”.
CasaPound’s
concentration on housing also appealed to voters of the old left. Its logo was
a turtle (an animal that always has a roof over its head) and Ezra Pound’s name
was used in part because he had railed, in his poem Canto XLV, against rent
(considered usury) and rapacious landlords. One of the first things CasaPound
did in its occupied building was to hang sheets from the windows protesting
against rent hikes and evictions – in 2009, there were an average of 25
evictions in Rome every day. They campaigned for a “social mortgage”, in which
rental payments would effectively become mortgage payments, turning the tenant
into a homeowner. Within months, they had given shelter to dozens of homeless
families, as well as to many camerati down on their luck.
CasaPound
presented itself as the house of the ideologically homeless too. Iannone said
it offered “a space of liberty, where anyone who has something to say and can’t
say it elsewhere will always find political asylum”. It adopted a pose of being
not a part of the debate, but the receptacle of it. It reminded some of
Mussolini’s line that “fascism is the church of all the heresies”.
Iannone was
always a proponent of action. He knew fascism had always grown through taking
the initiative: he spoke frequently about the proto-fascist arditi (“daring
ones”), a squad of volunteers fighting under D’Annunzio, who seized the town of
Fiume after the first world war in an attempt to resolve a border dispute
between Italy and what was then Yugoslavia. Iannone knew that Mussolini had
launched his first fascist manifesto from an occupied building in the piazza of
San Sepolcro in Milan. But even here, in action, CasaPound was borrowing
leftwing clothes: imitating the strategy of the Italian Marxist philosopher
Antonio Gramsci, it aimed for what Gramsci had called “cultural hegemony” by
infiltrating the cultural and leisure activities of everyday Italians.
So
CasaPound began doing outreach on an unprecedented scale: in 2006 a student
movement called Blocco Studentesco was started. A fascist women’s movement,
Tempo di Essere Madri (“time to be a mother”), was founded by Iannone’s wife. A
pseudo-environmental group, La Foresta Che Avanza, began in order to put “the
regime into nature”. (Earlier this month, 200 volunteers from La Foresta
gathered to repair the huge tribute to Mussolini – the word DUX, written with
pine trees – on a mountainside in Antrodoco.) The media – whether intrigued,
anxious or excited – reported on every initiative: as Di Stefano told me,
“everything CasaPound did became news”.
There was
plenty of ideological contortionism. In 2007, CasaPound started describing
itself not as fascist, but as estremo centro alto (the name of a ZZA song,
which means “extreme, high centre”). It namechecked improbable influences, such
as Che Guevara and the great anarchist singer-songwriters Rino Gaetano and
Fabrizio De André.
That
obfuscation was a continuation of what Italian fascism, contrary to stereotype,
had often done. Mussolini once said: “We don’t believe in dogmatic programmes …
we allow ourselves the luxury of being aristocratic and democratic,
conservatives and progressives, reactionaries and revolutionaries, legals and
illegals”. Mussolini’s totalitarianism often implied not fierce clarity, but
slipperiness. “Mussolini did not have a philosophy,” Umberto Eco once wrote.
“He had only rhetoric.”
To
political scientists, this creative, eccentric force from the political
extremities was captivating. Between 2006 and 2014, dozens of books were
published on the movement – some by CasaPound’s friends, but others by academic
presses in Italy and abroad. The latter fretted about the sinister implications
of Mussolini’s favourite slogan: libro e moschetto – fascista perfetto (the
rhyme boasting that “book and musket” make the “perfect fascist”). How
important, people wondered, was that “musket”? CasaPound sometimes relished its
violent reputation, and was sometimes angered by it. It proudly called its
occupations and stunts examples of guerrilla tactics, but other times their
tone was softer: they were just atti goliardici, “bohemian acts”.
That
paradoxical attitude towards violence was encapsulated in the huge red letters
painted on a central wall of CasaPound’s HQ: “Santa Teppa” – Holy Mob. It was
the phrase Mussolini once used to describe his blackshirts. CasaPound militants
say that they’re constantly under attack from leftwing “social centres” and
anti-fascists. When you get to know them, though, the position is slightly
different. “We’re not a violent organisation,” one militant told me, “but we’re
not non-violent either.”
The fierce
fighting between Italy’s partisans and fascists from 1943 to 1945 – sometimes
called the country’s civil war – continued sporadically after the end of the
second world war. But ever since 1952, when a law was passed that criminalised
efforts to resuscitate Mussolini’s fascist party, Italian fascists have seen
themselves as the victims, rather than the instigators, of state repression. In
reality, however, there was no Italian equivalent of Germany’s denazification:
throughout the postwar period, one far-right political party – the Movimento Sociale
Italiano (MSI) – kept alive the flame of Mussolini, at its height in 1972
winning 9% or 2.7m votes. Various radical splinter groups emerged from within
the MSI – the most notorious being Pino Rauti’s Ordine Nuovo, which was
involved in the bombing of a bank in 1969 that killed 17 civilians.
That
atrocity was the beginning of a period known as “the years of lead”: in the
1970s, far-right and far-left groups fought, shot, bombed and kidnapped not
only each other, but also the public and representatives of the state. Both
sides used the rhetoric of the 1940s, recalling the heroism or disloyalty of
the fascists and anti-fascists from three decades earlier.
But amid
the violence of the 1970s, there were attempts to tap into the “softer” side of
the far-right, with festivals where music, graphic design, history and ecology
were discussed. They were called “Hobbit camps”, since JRR Tolkien had long
been a hero for Italian neo-fascists, who liked to quote Bilbo Baggins’ line
that “deep roots don’t freeze”. There was a popular leftwing slur that fascists
belonged in the “sewers”, and so a magazine called La Voce della Fogna (“The
Voice of the Sewer”) was launched by unapologetics.
The
neo-fascist movement that most influenced CasaPound, Terza Posizione, was founded
in 1978. It claimed to reject both capitalism and communism, and – like
CasaPound – tried to revive Mussolini’s social policies. (Iannone has its
symbol tattooed on the middle finger of his left hand. His deputy, Simone Di
Stefano, spent a year in London working with one of the Terza Posizione
founders in the 1990s.)
In the same
year, two young militants were shot outside the offices of the MSI in Acca
Larentia in Rome. That evening, when a journalist allegedly disrespected the
victims by flicking a cigarette butt in a pool of blood, a riot began in which
a third young man was killed by a policeman. Other deaths followed that initial
bloodshed: the father of one of the young men killed committed suicide. On the
first anniversary of Acca Larentia, another militant was killed by police.
Acca
Larentia seemed proof, to fascists, that they were sitting ducks. Some
renounced extremism altogether, but others simply took it further. A far-right
terrorist organisation, NAR (the “nuclei of armed revolutionaries”) was founded
and took part in various killings and the bombing of Bologna railway station in
1980, in which 85 people died. As a state crackdown on the far-right began, the
three founders of Terza Posizione fled abroad and the leaders of NAR were either
killed or imprisoned.
For a
generation, through the 1980s and early 1990s,fascism seemed finished. But when
Silvio Berlusconi burst into politics looking for anti-communist allies, he
identified the MSI as his ideal political partner. The party renamed itself the
National Alliance, and became the second-largest component in Berlusconi’s
ruling centre-right coalition in 1994. The wind had changed completely: many of
the militants on the far-right in the 1970s – old hands from the MSI – were now
in government. In 1999 the three founders of Terza Posizione returned from
exile.
That was
the context in which CasaPound, in the early 2000s, first began to flourish: it
was full of marginalised men who had grown up in the wilderness years of the
80s and early 90s. They were convinced that fascists had been mistreated and
killed by “communist hatred and servants of the state”, as a plaque
memorialising the murders at Acca Larentia put it.
But in
fact, their bread was buttered on both sides: they presented themselves as
underdogs, but their ideological fathers were now at the very top of Italian
political power. They could claim to be the victims of repressive laws banning
the revival of fascism, but because those laws were never enforced, they could
proselytise with impunity.
By 2005,
CasaPound was toying with electoral politics. One its militants stood for
election in Lazio on the electoral list of one of Berlusconi’s cabinet
ministers, who had been a press officer of the MSI. From 2006 until 2008
CasaPound joined another offshoot of the MSI, the “Tricolour Flame”. Neither
alliance produced any seats in parliament, but both afforded more publicity and
“respectability” to the slow-moving but determined “turtle”.
In 2008,
Gianni Alemanno, who had been imprisoned as a far-right militant, became mayor
of Rome. He looked on CasaPound’s occupations with a decidedly indulgent eye –
and that same year CasaPound occupied another building: an abandoned railway
station near the Stadio Olimpico. Called Area 19 (1919 was the year Mussolini
announced the first fascist manifesto), it became a gym by day and nightclub by
night.
Meanwhile
young CasaPound heavies enjoyed public shows of force. In 2009, Blocco
Studentesco – CasaPound’s youth movement – came to Rome’s central square, Piazza
Navona, armed with truncheons painted with the Italian tricolor. They found a
use for them on leftwing students. When one TV programme criticised Blocco
Studentesco, its offices were “occupied” by CasaPound militants.
On 13
December 2011, Gianluca Casseri, a CasaPound sympathiser in Tuscany, left home
with a Magnum 357 in his bag. He was a taciturn loner, 50 years old, rotund
with short, grey hair, but had found a home in CasaPound: he had held a launch
for his fantasy novel – The Keys of Chaos – at the local club.
On that
December morning, Casseri had a plan to shoot as many immigrants as possible.
He went to a square in Florence and, at 12.30pm, killed two Senegalese men,
Samb Modou and Diop Mor. He shot another man, Moustapha Dieng, in the back and
throat and then got in his blue VW Polo and drove off. Just over two hours
later, Casseri was at the city’s central market, where he shot two more men,
Sougou Mor and Mbenghe Cheike, who survived the attack. He then turned his gun
on himself in the market’s underground carpark.
After
Casseri’s murders, CasaPound’s leaders were invited on to national television
to face the accusation that they were fomenting violence. In a special
programme about the killings, the former president of the Rai TV channel accused
Iannone of having “ideologically armed” the killer. Ezra Pound’s daughter, Mary
de Rachewiltz, began a legal action (which she eventually lost) to stop
CasaPound using and sullying her father’s name. “They distort his ideas”, she
said, “they’re violent. [My father] wanted an encounter between civilisations.”
It was true
that CasaPound’s language and imagery was relentlessly combative. In its Rome
bookshop – “Iron Head” – you can buy posters of insurgents from far-flung civil
wars with automatic weapons wearing ZZA T-shirts. They speak about
“trincerocrazia”, an “-ocracy” for people who have done their time in the
trenches. The shell of their turtle logo also has a military meaning: it
represents the testuggine, the carapace of shields used by the Roman army. All
of this makes the movement edgy and decidedly testosteronic: 87% of the
movement’s Facebook supporters are male and 62% are between 16 and 30.
It’s a
movement that is tight, compact and united. When you’re among the militants
inside that shell, the disdain for the outside world is almost cultish. The
separation between insider and outsider is clear and loyalty is total: “I do
whatever Gianluca [Iannone] tells me to”, one female militant has said. The
movement has published a political and historical glossary for all novice
militants, so they always know what to say.
Iannone
himself is forcefully charismatic and physically imposing – tall, tattooed and
gravel-voiced – and perhaps even bears a slight resemblance to Mussolini. It’s
easy to see why lost youngsters might be desperate to please (and scared to
displease) him. “He’s a very pure leader”, Di Stefano told me, with evident
admiration, as we took a walk with his two chihuahuas – called “Punk” and
“Rock”.
By 2013,
aggressive leadership was what a lot of Italians were longing for. The country
was facing an unprecedented crisis of confidence. In 2010 youth unemployment
was at almost 30%, and would rise to over 40% by 2015. That year, Italy’s
national statistics office suggested that almost 5 million Italians were living
in “absolute poverty”. The degradation in certain suburbs – the lack of rubbish
collections was just the most visible example – suggested that the Italian
state was, in places, almost entirely absent. The success of the populist Five
Star Movement – coming from nowhere to win 25.55% of the vote in the 2013
elections – showed the Italian electorate would respond to a party that was
angry and anti-establishment. (The fathers of two of the leading lights of the
Five Star Movement, Luigi Di Maio and Alessandro Di Battista, were both in the
MSI.)
By then
CasaPound was becoming known far beyond Italy. The lift in its Rome HQ was
covered by stickers with the logos of far-right pilgrims from across the globe.
CasaPound had always voraciously consumed foreign trends and repackaged them
for an Italian audience: it had absorbed the anticapitalist ideas of France’s
Nouvelle Droite (“new right”) movement, and built friendships with members of
Greece’s neo-Nazi Golden Dawn. Now French visitors started talking about a 2012
book by Renaud Camus called The Great Replacement: it spoke of the idea that
native Europeans would soon be completely sidelined and substituted by waves of
immigrants. It was a theory that had caught on in the US. This was the root of
the “identitarian” doctrine, which claimed that globalisation had created a
homogeneous culture with no distinct national or cultural identities. True
pluralism – “ethnopluralism” – would mean racial separation.
These ideas
famously influenced both Steve Bannon at Breitbart and the American white
supremacist leader Richard Spencer – but they also percolated into the thinking
of CasaPound’s cultural attache, Adriano Scianca. Scianca, who lives in Umbria,
is the editor of CasaPound’s magazine, Primato Nazionale (which has a
circulation, they say, of 25,000). In 2016 he published a book called The
Sacred Identity: “The cancellation of a people from the face of the earth,” he
wrote, “is factually the number one [aim] in the diary of all the global oligarchs.”
It sounds silly, but these ideas soon made their way into mainstream newspapers
– and very quickly racial separation became official CasaPound policy.
Throughout
2014 and 2015, CasaPound leaders organised rallies against asylum centres that
were due to open. They formed a movement, with Matteo Salvini’s Northern League
(a formerly separatist movement which was, by then, purely nationalist) called
Sovereignty: “Italians First” was the slogan. All over Italy – from Gorizia to
Milan, from Vicenza to Genoa – every time a vacant building was converted into
an asylum centre, CasaPound members would make friends among the locals
opposing the centres, distributing food parcels, clearing rubbish, and offering
strategies and strong-arms. (CasaPound argued that because a proportion of
immigrants had arrived illegally, their opposition was about legality rather
than race.)
Simone Di
Stefano is CasaPound’s political leader and its most prominent candidate in
next week’s elections. With his neat, salt-and-pepper hair and trim beard, he
looks like any other moderate politician. But his problem is now the opposite
of his rhetoric: it’s not that the Italian establishment excludes the far-right
from politics, but that there are now so many far right parties, CasaPound seems
just one among many. Di Stefano is, therefore, distinguishing himself by
campaigning to leave the European Union and urging a military intervention in
Libya to halt the flow of migrants: “We have to resolve the problem of Africa,”
he told me.
These ideas
are not likely to appeal to many Italian voters – but CasaPound’s job is
already done. It has been essential to the normalisation of fascism. At the end
of 2017, Il Tempo newspaper announced Benito Mussolini as its “person of the
year”. It wasn’t being facetious: Il Duce barged into the news agenda every
week last year. A few weeks ago, even a leftwing politician in Florence said
that “nobody in this country has done more than Mussolini”. Today, 73 years
after his death, he is more admired than traditional Italian heroes such as
Giuseppes Garibaldi and Mazzini.
CasaPound
has also been a participant in an escalating political conflict in which
violence – both verbal and physical – has become commonplace. When you speak to
CasaPound militants, they’re quick to say they only commit violence in
self-defence, but their definition of self-defence is extremely elastic. Luca
Marsella, a top colonel in the movement, once said to 14-year-old
schoolchildren who were protesting against a new CasaPound centre: “I’ll cut
your throats like dogs, I’ll kill all of you.” Another militant was convicted
of beating up leftwing activists in Rome in 2011 when they were putting up
posters. Another activist, Giovanni Battista Ceniti, was involved in a murder,
though – as Iannone pointed out – he had already been expelled from CasaPound
for “intellectual laziness”. In February last year, in Viterbo, two militants,
Jacopo Polidori and Michele Santini, beat up a man who had dared to post an
ironic comment about CasaPound on Facebook. A leftwing site has compiled an
interactive map of episodes of reported fascist violence across the peninsula –
and there are so many incidents that you can barely see the boot of Italy.
Then,
earlier this month, a man who had previously stood for election with the
far-right Northern League, and had ties to CasaPound, went on a two-hour
shooting rampage in the town of Macerata. Luca Traini fired his Glock pistol at
anyone with black skin. What was shocking wasn’t just the bloodshed (he injured
six people, but all survived), but that it all seemed unsurprising in the
current climate. Traini’s inspiration was old-fashioned fascism: he had the
“Wolfsangel” rune (used by both Nazis and Italy’s Terza Posizione) on his
forehead. He gave a Roman salute at the monument to Italy’s war dead.
But in the
aftermath of his shooting, mainstream politicians on the so-called centre-right
blamed immigration, not Traini. Berlusconi, who has embraced the far right as
he attempts to engineer another election win, spoke of a “social bomb” created
by foreigners. Italy, he said, needs to deport 600,000 illegal immigrants.
On Sunday 7
January this year, CasaPound organised a mass rally in Rome to mark the 40th
anniversary of the Acca Larentia killings. Four or five thousand people turned
up, many wearing similar clothes: bomber jackets and black beanies, military
fatigues or drainpipe jeans. There were 50 men in red CasaPound bibs, the
security detail, shepherding the troops. Not everyone was a CasaPound militant,
but the other groups all fell in behind Gianluca Iannone and Simone di Stefano.
This, it was clear, was their show.
Gianluca Iannone at the 7 January CasaPound
rally in Rome.
Gianluca Iannone at the 7 January CasaPound
rally in Rome. Photograph: Stefano Montesi - Corbis/Corbis via Getty Images
Advertisement
They walked
the half-mile to the site of the killings in silence. “We’re here, and always
will be” was the implicit message. In front was a huge banner, held up by 20
foot batons, saying “honour to the fallen camerati”. There was a police escort
in case it kicked off, but the only tension was from honking drivers, fed up of
waiting an hour for the river of humans to pass.
At the end
of the march, CasaPound security guards lined up the troops in the courtyard
where their three camerati fell. On the road either side, the rest of the
marchers gathered. A voice called all the camerati to attention. In one split
second, hands dropped to sides, and feet were pulled together. “Per tutti i
camerati caduti”, a voice barked. All the men raised their right arms in a
straight-arm salute: “Presenti!” they shouted. The noise was so loud that a car
alarm went off, and dogs started to bark. The ritual was repeated twice more,
then the voice barked “at ease”, and the troops dispersed, heading home in the
cold January night.
In 15
years, CasaPound has grown so large that its initial ambition – to be accepted
into the theatre of “open debate” – is now obsolete. Instead, its leaders now
talk of eradicating anti-fascism entirely. Having once presented itself as
playful, it is now deadly serious: “I’ll be a fascist as long as anti-fascists
exist”, Iannone says. Fascism, he enthuses, was “the greatest revolution in the
world, the completion of the Risorgimento [Italian unification]”. Mussolini’s
regime was “the most beautiful moment of this nation”. When you ask him if the
anti-fascists aren’t also, as the national anthem says, brothers of Italy, he
stares out from under his heavy eyelids: “Cain and Abel,” he says, “were
brothers.”
Subscrever:
Mensagens (Atom)