sábado, 31 de outubro de 2015

The new game / American dominance is being challenged / The Economist.


The new game
American dominance is being challenged

GREAT-POWER POLITICS OCT 17 2015

A CONTINENT separates the blood-soaked battlefields of Syria from the reefs and shoals that litter the South China Sea. In their different ways, however, both places are witnessing the most significant shift in great-power relations since the collapse of the Soviet Union.
In Syria, for the first time since the cold war, Russia has deployed its forces far from home to quell a revolution and support a client regime. In the waters between Vietnam and the Philippines, America will soon signal that it does not recognise China’s territorial claims over a host of outcrops and reefs by exercising its right to sail within the 12-mile maritime limit that a sovereign state controls.
For the past 25 years America has utterly dominated great-power politics. Increasingly, it lives in a contested world. The new game with Russia and China that is unfolding in Syria and the South China Sea is a taste of the struggle ahead.

Facts on the ground
As ever, that struggle is being fought partly in terms of raw power. Vladimir Putin has intervened in Syria to tamp down jihadism and to bolster his own standing at home. But he also means to show that, unlike America, Russia can be trusted to get things done in the Middle East and win friends by, for example, offering Iraq an alternative to the United States (see page 56). Lest anyone presume with John McCain, an American senator, that Russia is just “a gas station masquerading as a country”, Mr Putin intends to prove that Russia possesses resolve, as well as crack troops and cruise missiles.
The struggle is also over legitimacy. Mr Putin wants to discredit America’s stewardship of the international order. America argues that popular discontent and the Syrian regime’s abuses of human rights disqualify the president, Bashar al-Assad, from power. Mr Putin wants to play down human rights, which he sees as a licence for the West to interfere in sovereign countries—including, if he ever had to impose a brutal crackdown, in Russia itself.
Power and legitimacy are no less at play in the South China Sea, a thoroughfare for much of the world’s seaborne trade. Many of its islands, reefs and sandbanks are subject to overlapping claims. Yet China insists that its case should prevail, and is imposing its own claim by using landfill and by putting down airstrips and garrisons.
This is partly an assertion of rapidly growing naval might: China is creating islands because it can. Occupying them fits into its strategy of dominating the seas well beyond its coast. Twenty years ago American warships sailed there with impunity; today they find themselves in potentially hostile waters (see pages 67-69). But a principle is at stake, too. America does not take a view on who owns the islands, but it does insist that China should establish its claims through negotiation or international arbitration. China is asserting that in its region, for the island disputes as in other things, it now sets the rules.
Nobody should wonder that America’s pre-eminence is being contested. After the Soviet collapse the absolute global supremacy of the United States sometimes began to seem normal. In fact, its dominance reached such heights only because Russia was reeling and China was still emerging from the chaos and depredations that had so diminished it in the 20th century. Even today, America remains the only country able to project power right across the globe. (As we have recently argued, its sway over the financial system is still growing.)
There is nevertheless reason to worry. The reassertion of Russian power spells trouble. It has already led to the annexation of Crimea and the invasion of eastern Ukraine—both breaches of the very same international law that Mr Putin says he upholds in Syria (see page 46). Barack Obama, America’s president, takes comfort from Russia’s weak economy and the emigration of some of its best people. But a declining nuclear-armed former superpower can cause a lot of harm.
Relations between China and America are more important—and even harder to manage. For the sake of peace and prosperity, the two must be able to work together. And yet their dealings are inevitably plagued by rivalry and mistrust. Because every transaction risks becoming a test of which one calls the shots, antagonism is never far below the surface.
American foreign policy has not yet adjusted to this contested world. For the past three presidents, policy has chiefly involved the export of American values—although, to the countries on the receiving end, that sometimes felt like an imposition. The idea was that countries would inevitably gravitate towards democracy, markets and human rights. Optimists thought that even China was heading in that direction.
Still worth it
That notion has suffered, first in Iraq and Afghanistan and now the wider Middle East. Liberation has not brought stability. Democracy has not taken root. Mr Obama has seemed to conclude that America should pull back. In Libya he led from behind; in Syria he has held off. As a result, he has ceded Russia the initiative in the Middle East for the first time since the 1970s.
All those, like this newspaper, who still see democracy and markets as the route to peace and prosperity hope that America will be more willing to lead. Mr Obama’s wish that other countries should share responsibility for the system of international law and human rights will work only if his country sets the agenda and takes the initiative—as it did with Iran’s nuclear programme. The new game will involve tough diplomacy and the occasional judicious application of force.

America still has resources other powers lack. Foremost is its web of alliances, including NATO. Whereas Mr Obama sometimes behaves as if alliances are transactional, they need solid foundations. America’s military power is unmatched, but it is hindered by pork-barrel politics and automatic cuts mandated by Congress. These spring from the biggest brake on American leadership: dysfunctional politics in Washington. That is not just a poor advertisement for democracy; it also stymies America’s interest. In the new game it is something that the United States—and the world—can ill afford.

Palavras para quê? / VASCO PULIDO VALENTE


Palavras para quê?
VASCO PULIDO VALENTE 31/10/2015 - PÚBLICO

O CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada dignamente.

O CDS e o PSD vão à Assembleia da República discutir. O quê e com quem? Não há uma oposição, há três, que aparentemente tencionam apresentar as suas particularíssimas razões para rejeitar o Governo. Só por milagre a coisa não dará numa berraria inútil. E que ganhará a coligação com isso? Nada. Pelo contrário, compromete de certeza a sua razão e a sua legitimidade. Não se trata gente como se ela fosse igual, quando ela não o é. O CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada dignamente e sem comentário de espécie alguma. A esquerda que fique por lá num comício íntimo a repetir o que já disse em toda a parte. O país que os veja bem sem interrupção e que tire as suas conclusões. Sem ruído, como quem assiste a um espectáculo para sua edificação.

E depois com quem ia a coligação falar? Com o PCP, que ainda ontem repetia pela boca de Jerónimo de Sousa os lugares-comuns da seita, sem faltar uma vírgula, e que deu a entender que a sua putativa aliança com o dr. Costa não tinha outra base, excepto a sua conveniência? Quem pode adivinhar o que é, ou não é, o verdadeiro interesse dos trabalhadores, segundo Jerónimo? Anteontem, o Avante! declarou que sem a “renegociação da dívida” (um eufemismo para não a pagar) e sem nacionalizações (da banca, claro) os trabalhadores continuarão na mesma. Será que o PC já explicou isto ao dr. Costa? Talvez por isso ainda não apareceu o misterioso “papel”, que Jerónimo acha dispensável e o PS o fundamento da sua política. Ninguém até agora conseguiu apurar. E como tenciona a coligação discutir o seu programa sem o comparar com o programa da “esquerda”?


E o Bloco? O que pensa do mundo essa tresloucada agremiação? Deve ser difícil descobrir. O Bloco tem seis chefes, tem um porta-voz, tem 3000 profetas e tem três medidas para salvar a Pátria. Para lá disto, não há mais que nevoeiro e uma inextricável trapalhada. Consta que parte daquela sociedade se confessa trotskista e outra marxista-leninista. Não acredito, exactamente como não acredito em fantasmas, nem que a terapêutica médica persista na sua devoção à sangria. Verdade que a “esquerda” é um museu, mas não anda por aí a distribuir antiguidades. E se as distribuir ao CDS e ao PSD não vale a pena perder tempo com lições de história. O Bloco precisa de uma creche; e o cidadão sério precisa seriamente de perceber a brincadeira em curso.

A gargalhada de Álvaro Cunhal / Rui Ramos


A gargalhada de Álvaro Cunhal
Rui Ramos
30/10/2015, OBSERVADOR

Eis que, após quarenta anos, o PCP pode regressar ao poder com as ideias e os métodos de sempre. Se ouvirem por estes dias uma grande gargalhada, é de Álvaro Cunhal. Esta é a sua vitória póstuma.

Durante quarenta anos, acreditámos em Portugal que um governo participado ou apoiado pelo PCP ou pelo BE só poderia significar duas coisas: ou eles tinham mudado, ou o regime ia mudar. Mas eis que chega António Costa e nos anuncia que o PCP e o BE não mudaram, e que o regime também não vai mudar com a ascensão deles ao poder. Vale a pena pensar nisto.

De que o PCP e o BE não mudaram, não há dúvida: esta semana, votaram em Bruxelas contra o Tratado Orçamental, enquanto em Lisboa o PCP mandava a CGTP cercar a Assembleia da República no dia da apresentação do programa de governo. A mão dada ao PS também não é surpresa. Há quarenta anos que o PCP tenta arrastar o PS para uma “maioria de esquerda” (expressão inventada pelo PCP), e nunca como agora o PCP e o BE precisaram tanto do poder: o PCP, para conservar os seus sindicalistas, ameaçados pela concessão dos transportes públicos; e o BE para tentar fixar, com os recursos do Estado, uma base de apoio volátil. Mesmo assim, o BE insiste nas suas “condições” e o PCP tem-se recusado a ir além da proposta de Álvaro Cunhal no relatório ao VIII Congresso do PCP em 1976: o PCP apoiará todas as medidas que forem favoráveis aos “trabalhadores”, e rejeitará todas as outras. Porquê? Porque o PS, por conveniências pessoais do seu secretário-geral, está disposto a tudo, o que pela primeira vez permitiu ao PCP e ao BE imporem os seus termos.

Desse ponto de vista, estamos perante a vitória póstuma de Álvaro Cunhal. Durante décadas, todos os sábios deste mundo e do outro lhe recomendaram que imitasse os chamados “eurocomunistas” de Itália, Espanha e França. Cunhal ignorou essa amável sabedoria e conservou-se fiel à ditadura soviética, não apenas até ao fim, mas depois do fim. E eis que, após quarenta anos, o PCP pode regressar ao poder com as ideias e os métodos de sempre. Se em Portugal soar por estes dias uma grande gargalhada, é de Cunhal.

Muito bem, dir-me-ão: mas não é isto sinal de uma democracia madura, reconciliada, quarenta anos depois do PREC? De facto, não estamos em 1975. Mas em 1976, também já não estávamos em 1975. A partir de 1976, o objectivo do PCP não era repor Vasco Gonçalves no governo, mas manter as suas “conquistas”. Acontece que Mário Soares, o PSD e o CDS, com mais ou menos zelo, decidiram adaptar o país aos padrões ocidentais. A integração europeia representou essa vontade e esse esforço. Foi esse projecto de mudança – e não apenas os “compromissos internacionais” — que o PCP e o BE sempre recusaram. Um governo do PS nas mãos do PCP e do BE agravará despesas e impostos até onde contribuintes e credores do Estado aguentarem, mas suspenderá as reformas no país. É essa a questão.


O problema português é que demasiada gente (empresas, corporações, classes profissionais, etc.) vive de “rendas”, isto é, de rendimentos que dependem unicamente do poder político. São estas as clientelas com que os oligarcas contam para exercer influência ou para ganhar eleições. O ajustamento de 2011-2014 abalou o sistema. Caíram grupos financeiros, o sindicalismo do sector público viu-se ameaçado, e a justiça expôs a promiscuidade político-empresarial. A eventual “maioria de esquerda” será, no fundo, o último e desesperado esforço de sobrevivência daquele regime que, antes da crise, era encarnado por Ricardo Salgado, a CGTP e José Sócrates. Para oxigenar o velho sistema, os oligarcas confiam no BCE, nos fundos estruturais e na máquina fiscal. E para impedirem reformas, confiam no PCP e no BE: em 1975, eles foram uma ameaça aos poderes então dominantes; agora, pelo contrário, são a sua garantia.

Depois do Correio da Manhã, Sócrates processa Sol


Depois do Correio da Manhã, Sócrates processa Sol
ANA HENRIQUES e PEDRO SALES DIAS 30/10/2015 - PÚBLICO

Ex-primeiro-ministro diz-se gravemente ofendido na sua honra. “Este anúncio visa apenas atemorizar-nos. Aquilo que estamos a publicar são as conclusões da investigação”, reage director do semanário.

O ex-primeiro-ministro José Sócrates anunciou, através dos seus advogados, que vai processar o semanário Sol, depois de ter conseguido proibir o Correio da Manhã de publicar matéria que conste do processo judicial em que está envolvido.

O antigo governante acha que a mais recente manchete do semanário, “Ministério Público investiga continuação dos crimes com Sócrates preso”, ofende gravemente a sua honra. Por isso, e por entender que a notícia desvenda factos da sua vida privada e familiar, Sócrates decidiu recorrer outra vez aos tribunais. Vai queixar-se de difamação e calúnia. O PÚBLICO tentou saber junto dos seus advogados se o antigo governante também tenciona intentar uma providência cautelar, como fez com o Correio da Manhã, mas estes preferem não revelar por agora as suas intenções.

O director do Sol, José António Saraiva, não se mostra surpreendido com o anúncio do ex-primeiro-ministro, tendo em conta o seu “longo historial de desmentidos e providências cautelares, do caso Freeport ao Taguspark”.

“Este anúncio visa apenas atemorizar-nos e condicionar-nos. Ora, aquilo que estamos a publicar são as conclusões da investigação, e eles sabem disso”, prossegue José António Saraiva, acrescentando que não percebe por que razão Sócrates fala em devassa da vida privada, acusação que considera caluniosa. “Não fazemos campanhas contra ninguém nem jogos políticos. O nosso objectivo é fazer bom jornalismo”, diz ainda o director do Sol.

Entretanto, a comarca de Lisboa esclareceu melhor em que termos é que o Correio da Manhã se encontra impedido de noticiar matéria que conste do processo: “A decisão não proíbe a publicação de notícias sobre José Sócrates ou sobre o processo conhecido como Operação Marquês, mas apenas sobre elementos deste processo cobertos pelo segredo de justiça, tal como não proíbe qualquer investigação jornalística ou a publicação de notícias sobre investigações jornalísticas anteriores, presentes ou futuras, sobre o mesmo caso ou sobre os arguidos”, refere uma nota informativa da comarca.

Para a direcção do diário, fica pouco para noticiar: “A clarificação da presidente da comarca diz que podemos noticiar tudo… excepto o que não podemos noticiar”, explica o director-adjunto Eduardo Dâmaso. “Num processo com mais de 50 volumes, que abrange uma imensidão de factos, inclusive todos os que noticiámos antes de sequer haver inquérito – casa e estadia em Paris, relações com a Octapharma, venda das casas da mãe a Carlos Santos Silva, discrepância entre rendimentos declarados no Tribunal Constitucional e várias aquisições patrimoniais – sobra quase nada para noticiar”, lamenta o jornalista.

O Correio da Manhã publica este sábado, em vários jornais, um anúncio em que reproduz a sua primeira página de quarta-feira passada: uma capa rasurada por tinta azul na qual apenas se consegue ler “Continuaremos a informá-lo”. Nem todos os jornais aceitaram publicar o anúncio: o Jornal de Notícias recusou-o, segundo o seu director, Afonso Camões, por os jornalistas da casa não estarem dispostos a alinhar “numa operação de marketing levada a cabo por um concorrente a pretexto da liberdade de imprensa”. O Correio da Manhã tem publicado várias notícias sobre a relação próxima entre Afonso Camões e Sócrates e as suas implicações no grupo Global Media, de que o JN faz parte.

Também o Diário de Notícias, do mesmo grupo, não vai publicar. Ao PÚBLICO, o seu director, André Macedo, admitiu apenas que "neste momento [noite desta sexta-feira] no plano do jornal que sairá amanhã não há uma publicidade ao Correio da Manhã". Fez questão ainda de sublinhar a sua função editorial. "A publicidade não é uma área em que intervenha", referiu salientando ser "sempre pela liberdade de expressão".

A decisão final terá passado pela comissão executiva do grupo que em resposta escrita disse que o grupo "está naturalmente solidário contra qualquer tentativa de limitar a liberdade de expressão ou de imprensa”, sublinhando, porém, que “a defesa desse princípios basilares não é compatível com o seu aproveitamento ilegítimo para uma campanha de marketing de uma qualquer marca de informação”.


Não é a primeira vez que uma providência cautelar é usada para impedir a publicação de notícias. Um dos casos mais polémicos ocorreu em 2004, tendo a acção sido interposta por um jornalista do Correio da Manhã, que conseguiu assim evitar a transcrição de mais conversas com fontes sobre o processo Casa Pia, gravadas em cassetes que alegadamente lhe foram furtadas. A providência visou primeiro a revista Focus, depois o semanário Independente, e por fim foi alargada ao Jornal de Notícias, PÚBLICO, 24 Horas, O Crime, Expresso e Visão. Em 2010, o Sol foi igualmente proibido de publicar algumas escutas do processo Face Oculta sobre o caso PT/TVI, mas não respeitou a decisão judicial, o que lhe custou uma indemnização de mais de 400 mil euros. Com Mariana Oliveira

"A prioridade é comprar o CM" / Calar o Correio da Manhã era objetivo em 2009.


.10.2015 08:30
"A prioridade é comprar o CM"
Calar o Correio da Manhã era objetivo em 2009.
Por Ana Isabel Fonseca, Eduardo Dâmaso, Tânia Laranjo ‘Je suis Correio da Manhã’ Dia 24 de junho de 2009.

Armando Vara e Fernando Soares Carneiro, administrador da Portugal Telecom, falavam ao telefone. O tema era o Correio da Manhã. A necessidade de comprar o título da imprensa diária que liderava as vendas e que mais irritava José Sócrates. Esta e outras escutas fundamentaram o pedido de António Gomes, juiz de instrução da Comarca de Aveiro, no processo Face Oculta. O magistrado não teve dúvidas. Havia suspeitas de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Pediu uma investigação autónoma, que nunca aconteceu. O caso foi liminarmente arquivado. São inúmeras as conversas que mostram esta realidade. Foram enviadas para a Assembleia da República, para o inquérito entretanto aberto e encerrado sem consequências para os envolvidos. A 24 de junho, a conversação entre Soares Carneiro e Vara não deixava dúvidas. Soares Carneiro diz a Vara que, "por indicação de cima", foi acordado que se tentaria comprar o Correio da Manhã ou mesmo a Cofina. Era esse, garantiu, o objetivo da Portugal Telecom. Fernando Soares Carneiro vai mais longe. Diz que a dívida da Cofina está na Caixa Geral de Depósitos e no BCP, do qual Vara era administrador. Soares Carneiro já tinha a garantia do apoio da Caixa. A ajuda de Vara era uma obrigatoriedade. A conversa continua. Soares Carneiro deixa no ar a hipótese de que Sócrates já tenha sido informado. A expressão usada é que já falou com o gabinete do amigo de Armando Vara. Do "amigo lá de cima", explica. Nessa altura, diz a investigação, já Vara sabia que estava sob escuta. Também Sócrates teria conhecimento da investigação. Os interlocutores foram avisados e tentaram depois "corrigir" a conversa.



Marca italiana criticada por fazer entrevistas de emprego numa montra no Rossio


Marca italiana criticada por fazer entrevistas de emprego numa montra no Rossio
CLÁUDIA BANCALEIRO e RAQUEL MARTINS 30/10/2015 – PÚBLICO

Candidatos a emprego numa loja em Lisboa foram entrevistados numa das montras perante quem passava no Rossio.

O caso foi avançado na página do Facebook do grupo Precários Inflexíveis, o movimento criado por jovens trabalhadores precários, e até esta sexta-feira continuavam a surgir críticas a uma acção de recrutamento de trabalhadores realizada numa das montras da loja Tezenis situada no Rossio, em Lisboa.

Uma fotografia publicada na página do grupo mostra uma enorme claquete onde se pode ler “Recruting Day [dia de recrutamento]. Entra no mundo do retalho Grupo Calzedónia!”. Em baixo uma pequena mesa na qual estão sentadas duas pessoas, dando a ideia de que se trata do entrevistador e de uma candidata a uma vaga de emprego.

A imagem é comentada pelos Precários Inflexíveis como “uma lamentável sessão de recrutamento” e um “triste espectáculo de exposição e vexação”. “O direito à privacidade é um dos direitos mais elementares de todos os trabalhadores, ainda mais no processo de contratação”, é acrescentado.

A fotografia foi entretanto replicada pela rede social, com comentários idênticos ao do grupo, e na página do Facebook da loja Tezenis no Rossio eram esta sexta-feira várias as dezenas de críticas à marca. “Fazer da procura de emprego um show é lamentável! Querem ser reconhecidos? Divulguem ou pratiquem uma política de recursos humanos que valorize as pessoas que um dia integraram a marca...”, escreve um utilizador. “Há coisas que devem ser privadas, não acho que seja vergonhoso procurar trabalho e até entendo o golpe de publicidade, mas usar anónimos que necessitam de emprego é jogo sujo”, partilha um outro.

Esta sexta-feira, a página do Facebook da Tezenis tinha já retirado as fotografias que tinha partilhado sobre a acção de recrutamento.

O PÚBLICO tentou o contacto com a Calzedónia Portugal, grupo ao qual pertence a marca Tezenis, bem como com a sede da empresa em Itália, mas, até ao momento, não obteve qualquer reacção às críticas que lhe estão a ser apontadas. Desconhece-se se este tipo de acção de recrutamento é uma prática habitual da marca em Portugal ou noutras representações da Tezenis noutros países.

Precários vão recorrer à ACT
Os Precários Inflexíveis consideram que "há certos limites na maneira como as empresas fazem a promoção de imagem" e adiantaram ao PÚBLICO que vão apresentar uma queixa na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

Adriano Campos, dos Precários, afirma que a Calzedónia "já é conhecida por pagar mal aos seus funcionários e de promover uma política de precariedade". O caso na loja da Tezenis "acaba por ir contra o direito básico à privacidade no processo de candidatura a um emprego". "Há um elemento de exposição clara [da candidata] e o uso da montra para a realização da entrevista é feita de uma forma vexatória. Qualquer pessoa via aquele espectáculo", observou.

“É chocante”, reage, por sua vez, Fausto Leite, advogado especialista em direito laboral, que classifica esta acção de recrutamento como “humilhante” e “uma atitude oportunista que devia envergonhar a empresa”. “Aproveitam o drama do desemprego e expõem de forma humilhante as pessoas que andam à procura de emprego”, lamenta.

Do ponto de vista legal, o advogado considera que esta iniciativa “ofende a dignidade dos candidatos”, lembrando que esse “é o princípio matricial do direito e da constituição do trabalho”.

Além disso, acrescenta Fausto Leite, esta prática “ofende o princípio da igualdade no acesso a emprego e no trabalho e da proibição de discriminação”, previstos nos artigos 24.º e 25.º do Código do Trabalho.

Para o advogado, “a Autoridade para as Condições de Trabalho devia intervir” junto da empresa.


O PÚBLICO questionou a ACT sobre eventuais indícios de violação da legislação laboral e se irá actuar, mas ainda aguarda uma resposta.

Cavaco ainda não acredita

A mensagem é igual, o destinatário não
Direcção Editorial 30/10/2015 - PÚBLICO

Cavaco mudou o tom do discurso e com isso ajudou a desanuviar o clima de tensão na política.

Que Cavaco Silva vai aparecer na tomada de posse do Governo? Foi a questão colocada nesta quinta-feira neste mesmo espaço. O Cavaco que indigitou o primeiro-ministro há pouco mais de uma semana com um discurso divisionista e acrimonioso? Ou o Cavaco que há quatro anos deu posse a Pedro Passos Coelho com um discurso mais conciliador e construtivo? Na tomada de posse nesta sexta-feira, no Palácio da Ajuda, apareceu o segundo. Não que o conteúdo da mensagem tenha sido substancialmente diferente daquele de há uma semana, porque não foi. Os recados para as negociações que se desenrolam à esquerda foram repetidos, um a um. Mas na tomada de posse nesta sexta-feira, como disse João Galamba, do PS, apareceu um Presidente que baixou, e de que maneira, os decibéis no tom de crispação, o que só ajuda a fortalecer o seu papel de garante do “regular funcionamento das instituições democráticas". E ganha legitimidade para tentar estabelecer pontes entre as diferentes forças políticas.

Fugindo ao tom, e indo à substância, o caderno de encargos deixado no discurso de Cavaco Silva não difere muito daquele de há quatro anos, só que desta vez o remetente não era o mesmo. Se há quatro anos o Presidente pedia a Passos Coelho o “cumprimento dos compromissos assumimos perante as instituições internacionais", e que Portugal não estava em condições de viver "crises políticas sucessivas", desta vez repetiu a mensagem, mas percebeu-se que Cavaco já não estava a falar para o primeiro-ministro que estava na sala no Palácio da Ajuda. Estava a tentar comunicar com o Largo do Rato, com a Soeiro Pereira Gomes e com a Rua da Palma. O Presidente continua a dizer que ainda não lhe foi apresentada "uma alternativa estável, coerente e credível" de governo, o que quer dizer que Cavaco está longe de estar convencido sobre a bondade e a viabilidade de um governo alternativo que venha a nascer à esquerda no Parlamento.

Cavaco ainda não acredita
Leonete Botelho 30/10/2015 -

A intervenção do Presidente da República na tomada de posse do governo PSD/CDS tenta corrigir a linha das interpretações do discurso que proferiu há uma semana, quando anunciou ter indigitado Passos Coelho como primeiro-ministro. Desde logo, ao sentir necessidade de justificar a opção que tomou: pelos resultados eleitorais, pelo “costume político-constitucional” de que forma governo quem ganhou as eleições e – last but not least - porque as outras forças políticas, de esquerda, ainda não lhe apresentaram “uma solução alternativa de Governo “estável, coerente e credível”.

Todo o discurso completa depois esta linha de raciocínio sobre o que representa, para ele, a estabilidade, a coerência e a credibilidade. Pese embora estas três palavras não sejam as mais repetidas no discurso, Cavaco Silva acentua a importância da estabilidade e da credibilidade para aquilo que define como o “superior interesse nacional”. E este é todo virado para a manutenção da “linha de rumo”.

Palavras como “consolidar”, “prosseguir”, “preservar”, “não regredir”, “fidelidade aos compromissos” reforçam a ideia de estabilidade, responsabilidade e credibilidade que tanto repetiu. Sempre com a economia no topo das preocupações.

Nas duas páginas e meia de intervenção, o Presidente da República enumera as obrigações de Portugal em matéria de disciplina orçamental, do Pacto de Estabilidade ao Tratado Orçamental, passando pela dívida e pelo défice, União Bancária e Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento.

Recorda o programa de assistência depois do país ter estado “à beira da bancarrota”, enaltece os “sinais de esperança” e acena com os riscos de se perder a credibilidade externa que permitem os meios de financiamento. Mas reserva apenas uma frase para falar do combate ao desemprego e da promoção de justiça social.


Por fim, o Presidente evoca a importância da estabilidade política, sem a qual “Portugal torna-se um país ingovernável” e “ninguém confia num país ingovernável”. Desta vez, as referências implícitas ao PCP e ao BE são menos crispadas, mas não deixam de estar lá. Como está lá a dúvida profunda que Cavaco Silva tem em relação a um governo apoiado por estes dois partidos. A palavra-chave deste discurso é a credibilidade. E Cavaco ainda não acredita.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Amor com amor se paga. Se houver dinheiro / PEDRO SOUSA CARVALHO


Percebe-se que Cavaco Silva não tenha muitas opções e que, se Passos Coelho não quiser ficar num governo de gestão, o poder terá de ser entregue à maioria de esquerda no Parlamento. Só que este tipo de acordo, a ser verdade, é de uma tamanha irresponsabilidade e precariedade. É como se o PS e o PCP-BE se casassem e jurassem fidelidade eterna, mas só na alegria. Na tristeza, é cada um por si e Deus por todos. Faz sentido que um governo que já não pode usar a política cambial e monetária ainda tenha de abdicar de toda a política orçamental como instrumento de política económica? Neste acordo à esquerda, quando houver uma crise económica e for necessário apertar o cinto, o governo cai, porque deixará de ter o apoio da esquerda radical: ou seja, se houver uma crise económica, fica desde já combinado que haverá simultaneamente uma crise política.

Tenham paciência, mas, a confirmarem-se estas duas cláusulas, este relacionamento à esquerda não é amor, é paixão pelo poder. Claro que há sempre a possibilidade de a direita, que agora ganhou as eleições mas que ficará na oposição, poder num cenário de dificuldades vir a dar a mão ao PS. Mas isso, sendo uma atitude responsável, seria o cúmulo do cinismo do nosso sistema democrático.”

Amor com amor se paga. Se houver dinheiro
PEDRO SOUSA CARVALHO 30/10/2015 - PÚBLICO

Desde 4 de Outubro perdemos muito daquilo que era a nossa ingenuidade e a nossa inocência democrática.

Hoje, ao meio-dia, toma posse o XX Governo Constitucional no palácio com o sugestivo nome de Ajuda. Não será o "Governo dos Cinco Minutos" de Francisco Fernandes Costa na I República, mas será o "Governo dos 11 dias" de Pedro Passos Coelho na III República. Haverá com certeza muitos ministros que hoje, tal como terá feito Dias Loureiro em 1987, vão telefonar para casa a dizer: “Mãe, já sou ministro!” Mesmo que seja por 11 dias. O pai e a mãe, lá em casa, também ficarão orgulhosos, pois sabem que nos dias que correm não é fácil arranjar um emprego, mesmo que seja altamente precário.

Os jornais dizem que Passos Coelho terá recebido muitas negas, o que é natural, dadas as elevadas qualificações que eram exigidas para o cargo: “Disponibilidade imediata, fluente em português, domínio do Word e Excel e valoriza-se experiência em governos de curta duração.” Fernando Negrão, Morais Leitão, Costa Neves e Aguiar-Branco, todos ministros ou secretários de Estado no Governo relâmpago de Santana Lopes, nem precisaram de fazer a entrevista de emprego. Foram imediatamente aceites. Depois há outros, como Calvão da Silva, que entram no Governo por mérito próprio: se o novo ministro da Administração Interna conseguiu atestar a idoneidade de Ricardo Salgado e justificar a prenda de 14 milhões de euros que o banqueiro recebeu de um construtor amigo (e, conta-se, sem desatar às gargalhadas), é porque Calvão da Silva será um ministro de grande competência e capaz de grandes feitos.

Dizem que Passos Coelho inventou ainda à última hora dois novos ministérios, o da Cultura e da Modernização Administrativa, para piscar o olho ao PS de António Costa. Mas os socialistas por estes dias já estarão comprometidos com os seus dois novos amores, um da esquerda radical e o outro da extrema-esquerda. E Costa nem sabe de qual gosta mais. São ambos extremamente amorosos e generosos: um pede que se reponha os salários e o outro pede que se acabe imediatamente com a sobretaxa. Um pede que se aumente o salário mínimo para os 600 euros e o outro pede que se baixe o IVA na electricidade para os 6%. Um pede a reposição das 35 horas e o outro a reposição dos feriados. Diz-se que amor com amor se paga; mas tanto amor à esquerda é capaz de ser difícil de pagar.

Ainda não se conhecem os pormenores do acordo à esquerda, mas daquilo que se sabe, e que já foi confirmado por Carlos César, é que o acordo PS, PCP e Bloco terá duas cláusulas gerais: a primeira diz que o PCP e o BE aceitam que podem vir a ser necessárias medidas (de austeridade, entenda-se) que não estão previstas no actual acordo; e a segunda diz que essas medidas, a serem necessárias, não podem ser aumento de impostos ou mexer nos salários, pensões ou no nível de rendimento dos portugueses.

Percebe-se que Cavaco Silva não tenha muitas opções e que, se Passos Coelho não quiser ficar num governo de gestão, o poder terá de ser entregue à maioria de esquerda no Parlamento. Só que este tipo de acordo, a ser verdade, é de uma tamanha irresponsabilidade e precariedade. É como se o PS e o PCP-BE se casassem e jurassem fidelidade eterna, mas só na alegria. Na tristeza, é cada um por si e Deus por todos. Faz sentido que um governo que já não pode usar a política cambial e monetária ainda tenha de abdicar de toda a política orçamental como instrumento de política económica? Neste acordo à esquerda, quando houver uma crise económica e for necessário apertar o cinto, o governo cai, porque deixará de ter o apoio da esquerda radical: ou seja, se houver uma crise económica, fica desde já combinado que haverá simultaneamente uma crise política.

Tenham paciência, mas, a confirmarem-se estas duas cláusulas, este relacionamento à esquerda não é amor, é paixão pelo poder. Claro que há sempre a possibilidade de a direita, que agora ganhou as eleições mas que ficará na oposição, poder num cenário de dificuldades vir a dar a mão ao PS. Mas isso, sendo uma atitude responsável, seria o cúmulo do cinismo do nosso sistema democrático.

É verdade que desde 4 de Outubro perdemos muito daquilo que era a nossa ingenuidade e a nossa inocência democrática. Frases como "Por um voto se ganha, por um voto se perde" deixaram de fazer grande sentido. A coligação PSD-CDS ganhou e vai para oposição e o PS sofreu uma derrota estrondosa e vai governar. Já aqui, neste espaço, tentei desdramatizar, e até defender, a ausência de uma maioria absoluta, porque era a forma de aumentar a fiscalização e a responsabilização de um governo. Mas isso funciona em países onde os partidos colocam os interesses do país à frente dos interesses partidários. Não é o nosso caso.


No caso português, tal como já acontece na Grécia e em Itália, talvez faça sentido introduzir o sistema do prémio de maioria, em que o partido mais votado ganha automaticamente um bónus de n deputados que lhe permita chegar à maioria absoluta. Sendo um sistema que distorce a representação proporcional, é útil para gerar estabilidade governativa em sistemas em que existe alguma dispersão de votos, ma non troppo. No caso italiano, coloca-se uma fasquia mínima de 40% dos votos (para garantir a proporcionalidade) para que se consiga o tal jackpot de votos. Caso nenhum partido a alcance, há uma segunda volta entre os dois partidos mais votados e o que ganha fica com 50 ou 55 deputados de prémio. Estes deputados-bónus podem contar para viabilizar a governação, mas não para processos de revisão constitucional, precisamente para evitar que a democracia descambe em regimes autoritários.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Nova mesquita na Mouraria vai custar três milhões à Câmara


Nova mesquita na Mouraria vai custar três milhões à Câmara
A nova mesquita muçulmana de Lisboa, que deverá estar construída em 2017 entre as ruas da Palma e do Benformoso, na Mouraria, vai ter um custo de três milhões de euros, anunciou hoje a Câmara.
Falando no encontro, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, precisou que 1,4 milhões se devem ao pagamento de indemnizações às entidades que ocupam os edifícios e que os 1,5 milhões de euros restantes se referem às obras.
Acresce que caberá à comunidade muçulmana fazer os acabamentos.


A Imagem do Dia / OVOODOCORVO


Portugal é o 12.º país do mundo com mais emigração

A "repulsão" de toda a geração pós-25 de Abril, a "tal" que iria construir o Portugal do Futuro e assegurar e confirmar a Identidade da Nação Portuguesa ( Numa Europa da Unidade em Diversidade ) é, e será sempre, inaceitável.
O erro catastrófico de avaliação de Merkel na questão dos Refugiados, motivado por ausência de verdadeira perspectiva histórica e conhecimentos da História na Europa da segunda metade do Sec XIX e do Sec XX, só irá confirmar progressivamente que o único princípio aplicável na Europa é do reconhecimento da irreversível Diversidade e Identidade das Nações Europeias.
Quanto mais, motivada por dirigentes Europeus que andam "atrás dos acontecimentos", se forçar numa falsa alternativa, um Federalismo Globalizador, mais o "ricochete" irracional e descontrolado da "Vontade dos Povos" e das Nações se manifestará.
A única maneira de fazer retornar o "génio na garrafa" é de reequilibrar o "discurso" e de defender a Europa da "Unidade em Diversidade" fechando a "Caixa de Pandora" da exigência permanente e progressiva, em "fuga para a frente", de "mais Europa" num processo cego de Globalização.
OVOODOCORVO

Portugal é o 12.º país do mundo com mais emigração
ALEXANDRA CAMPOS 28/10/2015 - PÚBLICO

A conjugação da alta emigração com a baixa imigração coloca Portugal na lista dos países de "repulsão".
É o próprio Governo que assume num relatório oficial que Portugal é hoje, "sobretudo, de novo, um país de emigração”, comentando o número das saídas de cidadãos nacionais para o estrangeiro em 2014, cerca de 110 mil, valor quase idêntico ao do ano anterior. Mas esta quarta-feira o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, quis desdramatizar a situação e até considerou que os números podem significar que se está a assistir ao “começo de uma inversão” do fenómeno.
No total, o Banco Mundial estima que haverá cerca de 2,3 milhões de portugueses a viver no estrangeiro (há pelo menos um ano), mais de 600 mil dos quais em França (dados de 2010). Portugal era já, então, o 12.º país do mundo com mais emigrantes, considerando a percentagem da população que tinha ido trabalhar para o estrangeiro. A conjugação dos fenómenos de "alta emigração com baixa imigração" colocava mesmo Portugal na lista dos países europeus de "repulsão", ao lado da Bulgária, Roménia e Lituânia.
São dados que constam do Relatório da Emigração, esta quarta-feira divulgado, e que já tinham sido antecipados (números provisórios) em Setembro pelo PÚBLICO. Na altura, o coordenador do Observatório da Emigração, Rui Pena Pires, destacava que a emigração não estava a abrandar, ao contrário do que seria de esperar, e acentuava que os números correspondiam ainda a uma estimativa prudente, abaixo da realidade. “Eu estava à espera que os valores começassem a baixar. Toda a gente estava à espera, incluindo o Governo”, dizia Rui Pena Pires. É, aliás, necessário recuar à década 1960 ou de 1970 para se encontrarem valores tão elevados durante dois anos consecutivos, acentuava então, lamentando que o crescimento da economia não tivesse resultado na criação de emprego.
Comentando os números agora oficiais à Lusa, José Cesário diz também que os valores de 2013 e 2014 são "da mesma ordem" que os observados nos anos de 1960 e 1970, mas vai adiantando que no relatório sobre 2015 os números já serão menores. Apesar de reconhecer que “estamos ainda confrontados com uma dimensão muito significativa do fenómeno migratório de cidadãos nacionais”, o secretário de Estado interpreta a “estagnação no número das saídas” como um eventual “começo da inversão deste fenómeno". Explicação? A economia portuguesa está a "começar agora a criar empregos", levando a que menos pessoas sintam necessidade de ir trabalhar para o estrangeiro, alega.
Também o número dos chamados "emigrantes definitivos" (que ficam fora de Portugal por um período superior a um ano) está, "nalguns casos, bastante abaixo" do de outros países europeu, destacou José Cesário, antecipando que, “se as empresas portuguesas se internacionalizarem”, iremos ter “cada vez mais portugueses a circularem no mundo”.
Enquanto isso não acontece, os dados oficiais indicam que o fenómeno da emigração ainda não abrandou em 2014. Para onde têm ido trabalhar os portugueses? Basicamente para outros países da Europa, com o Reino Unido à cabeça (31 mil, em 2014), a Suiça (20 mil, em 2013), a França (18 mil, em 2012) e a Alemanha (10 mil, em 2014). “A emigração portuguesa é hoje, no essencial, uma emigração realizada no interior do espaço europeu. Dos 21 países de destino para onde se dirigem mais emigrantes portugueses 14 são europeus", refere o relatório.
Fora da Europa, os principais países de destino da emigração portuguesa são Angola (5 mil em 2014, 6.º país de destino), Moçambique (4 mil em 2013,) e Brasil (2 mil em 2014). Analisando os fluxos de saída a partir do seu impacto no destino, consta-se que os portugueses representam 17% dos imigrantes entrados no Luxemburgo em 2014, 12% na Suíça em 2013 e 12% em Macau em 2014, bem como 8% em França em 2012.
Mais de 300 detidos e deportados
O relatório permite ainda perceber que há portugueses em situação complicada no estrangeiro. No ano passado, 303 portugueses foram detidos no estrangeiro, sobretudo devido a tráfico de droga. A maior parte das detenções ocorreu em França (84), seguindo-se o Brasil (54), o Reino Unido (53) e Espanha (42). Em 136 casos, porém, as autoridades não explicaram os motivos da detenção, que surgem assim omissos no relatório. No final do ano, 271 ainda permaneciam detidos.
Quanto ao número de deportações, expulsões e afastamentos, este ascendeu a 302, mais de metade do Canadá (160), seguindo-se o Reino Unido (72) e os Estados Unidos (49).
Também há portugueses enganados no estrangeiro, mas, segundo o relatório, as autoridades apenas registaram 63 casos de exploração laboral, com a França a liderar o número de queixas (16), seguindo-se a Alemanha e Angola (sete, cada), Reino Unido e Países Baixos (seis, cada).

No mesmo período as emergências consulares diminuíram face a 2013, totalizando 113 ocorrências, menos 74 do que ano ano anterior. Mas os serviços foram muito solicitados, recebendo quase 11 mil chamadas telefónicas e mais de 7500 mensagens de correio electrónico.

Populist, Pernicious and Perilous : Germany's Growing Hate Problem / SPIEGEL online INTERNATIONAL


Populist, Pernicious and Perilous : Germany's Growing Hate Problem
Germany has a hate problem -- one that is growing.”

Even as an image of a Germany taking great pains to welcome hundreds of thousands of refugees has bolstered the country's image abroad, it has also been accompanied by a wave of hatred that cannot be played down. At the center of this second, disturbing narrative is Patriots against the Islamization of the West, or Pegida, a xenophobic grassroots movement that has manifested itself with demonstrations each Monday mostly in Dresden in the east, but also in other parts of Germany. But Pegida is only one part of a much larger problem, as the following feature from the new issue of SPIEGEL illustrates.

October 23, 2015


Germany has a hate problem -- one that is growing.

"You're as big of an asshole as that idiot Ralf Stegner," a certain Birgit M. recently wrote in a letter to Thomas Kutschaty, justice minister of the state of North Rhine-Westphalia. It was a referrence to the deputy party leader of state chapter of the Social Democratic Party (SPD), who recently said the organizers of the weekly Pegida marches in Dresden and elsewhere should be investigated by intelligence services. "You should all be put in a sack and have a hammer taken to you," Birgit M. wrote in her tirade.
Then there was the man who called Dorothea Moesch, a local SPD politician in Dortmund, late in the evening on June 30. "We're going to get you," he threatened. "We're at your door."

Another local SPD politician in Hesse, district administrator Erich Pipa, has been similarly threatened. "We can have you taken out at any time," he was informed in a letter.

And in Bernau in the eastern state of Brandenburg, graffiti scrawled on the wall of a warehouse namechecking the local mayor reads, "First Henriette Reker (the mayoral candidate stabbed in Cologne last weekend), next André Stahl."

These are but a few examples -- four politicians who have taken a stand, and, if the threats are to be taken seriously, may now need to fear for their lives. Kutschaty fell into the crosshairs for saying, "Pegida is not about protecting the Western world, it's about its demise." Moesch, for her part, attracted ire because she organized a protest against right-wing extremism. Pipa became the target of hatred because he was recently awarded a Federal Cross of Merit, Germany's highest civilian honor, for his longtime lobbying work on behalf of refugees. Finally, Stahl was the subject of denigration because of his public declaration that he wants refugees to feel welcome in his city.

So far, none of them have scaled back their political work. They all still say it's more important than ever. But since the knife attack against Reker last Saturday on the eve of her election as mayor of Cologne, they can no longer feel entirely safe. District administrator Pipa is wondering whether he should take police advice and wear a bullet-proof vest.

Rampant Hatred

Germany these days, it seems, is a place where people feel entirely uninhibited about expressing their hatred and xenophobia. Images from around the country show a level of brutalization that hasn't been witnessed for some time, and attest to primitive instincts long believed to have been relegated to the past in Germany. The examples are as myriad as they are shocking, and include the bloody attack in Cologne as well as the mock gallows for Angela Merkel and her deputy Sigmar Gabriel carried by a demonstrator at a Pegida rally in Dresden on Oct. 12. But they also include the abuse shouted at the German chancellor when she visited a refugee hostel in Heidenau near Dresden in August, where she was called a "slut" and other insults, or the placards held aloft by demonstrators on the first anniversary of the Pegida rallies listing the supposed "enemies of the German state" -- Merkel, Gabriel and their "accomplices." The lack of inhibition when it comes to vicious tirades took on a whole new scale on Monday, when Turkish-born German author and Pegida supporter Akif Pirincci, said there are other alternatives in the refugee crisis, but "the concentration camps are unfortunately out of action at the moment."

There have been more than twice as many attacks on refugee hostels during the first nine months of this year as in the whole of 2014. The rising tide of hatred is now reaching the politicians many hold responsible for the perceived chaos besetting Germany. The national headquarters of Merkel's conservative Christian Democratic Union (CDU) party in Berlin fields thousands of hate mails every week. As the architect of the "we can do it" policy of allowing masses of refugees into the country, Chancellor Merkel is their primary target. Within the SPD, it is General Secretary Yasmin Fahimi, whose father is Iranian. "Open the doors to the showers, fire up the ovens. They're going to be needed," read one recent anonymous mail addressed to her.

The hatred comes in many forms. It's expressed on the streets and on the Internet. Sometimes it's loud. Other times it's unspoken. It eminates from every class and every section of society. According to studies conducted by Andreas Zick, the respected head of the Institute for Interdisciplinary Research on Conflict and Violence at the University of Bielefeld, who has been researching German prejudices against different groups for many years, almost 50 percent of Germans harbor misanthropic views. Zick warns of a shift in norms that will be difficult to get back under control.

Tougher Response Needed

Politicians need to find a way of dealing with rampant hatred. Dialogue and compromise -- the bedrock of Germany's culture of debate -- no longer appears to be working at the moment. It's hard to get through to people who have been consumed with a hysterical degree of hatred.

The country's security agencies also need to take a decisive stance. Are they once again being too slow in monitoring and clamping down on this new radical scene? In most states, Germany's domestic intelligence agency is not keeping tabs on Pegida. Theoretically, however, police and public prosecutors do have the tools to take action to squash troublemakers.

When it comes to dealing with radicals, society needs an inner compass. It has to decide how indifferent to politics it can afford to be and how far voter turnout can fall -- it reached a record low in Sunday's mayoral elections in Cologne. In short, it has to decide how much room for manoeuver it is willing to grant far-right firebrands.

But the damage already runs deep, as evidenced not only by the attack on Henriette Reker. Politicians across Germany are reporting a rise in the number of serious threats issued against them.

In Dortmund, Dorothea Moesch is used to being the butt of hostility. Four years ago, she opened a home in the district of Westerfilde for needy locals, immigrants and their children. Volunteers taught German language classes and helped translate letters from the authorities for the residents. Mainly they simply made themselves available. Moesch promoted a "welcoming culture" long before the term was coined. Protest was inevitable. Until now, abuse along the lines of "Bloody Turks, get them out" and "Piss off, cripple" bounced off her. Wheelchair-bound due to a joint disease, Moesch is all too familiar with discrimination.

'You're Going to Burn, Witch!'

But it's different these days. On June 30, after registering a demonstration against the far-right, she received an anonymous call on her mobile phone. "You're going to burn, witch, just like all the other cunts," said a male voice. He called again that evening. Moesch was frightened. "You can't shrug that sort of thing off," she says.

Sebastian Koch is the Social Democrat mayor of Wenzenbach near Regensburg in Bavaria. He feels the same. He's accused of pandering to asylum-seekers and regularly gets told he should deport himself to Syria. He drew criticism for berating a man who rents out refugee accommodations for leaving furniture and stoves broken and exposed electrical wiring dangling off walls. He also complained about the way refugee children had to take trains and buses from Wenzenbach to get to school, arguing that it was too much to ask of kids their age who couldn't speak German.

A letter subsequently reached the town hall saying that what the refugee children needed wasn't a train to school but to a concentration camp. Germany's domestic intelligence agency, which monitors extremist activity, has launched an investigation to ascertain if this amounts to incitement to hatred, and police regularly patrol the area around the refugee home. "It's not that I'm afraid," says Koch. "But these expressions of hatred got to me and unnerved me."

Exposure to such anger on the part of the people, through letters, Tweets, Facebook postings and physical attacks like the one in Cologne and through the hateful epithets of the type being volleyed against them in Dresden is a new experience for most politicians.

Heinz Bude, a sociology professor at the University of Kassel, describes the Pegida movement as a "communications-free high-pressure chamber." "The people who go to Pegida have the feeling their problems are existential, but they feel there's no one they can turn to. That reinforces the feeling that politicians aren't facing up to reality." Based on his surveys, he says the potential for the number of people who could feel degraded in this way is 25 percent.

From the Margins to the Mainstream

Groups on the far-right spectrum discovered long ago the potential of frustrated people.

For example, the people behind the German blog Politically Incorrect (PI), founded in 2004, the same year the Dutch film director and Islam critic Theo van Gogh was murdered, have long pursued their goal of discrediting people they deem to be "Islam sympathizers" or "do-gooders" using all means conceivable, an internal missive states.

So it makes perfect sense that those behind Politically Incorrect have joined forces in recent years with similar people sharing their views to form a right-wing network that includes groups like the Bürgerbewegung Pax Europa (the Pax Europa Citizens' Movement), the German Defense League and the Bürgerbewegung Pro Deutschland (Pro Germany Citizens' Movement). Together, they have been trying to push their political views from the margins into the mainstream, and this is where Pegida's role comes into play.

Just one example of the extent with which Politically Incorrect's thought leaders and followers are working closely together with Pegida is Michael Stürzenberger. A prominent opinion leader at PI, he's also the chairman of the far-right extremist party Die Freiheit (The Freedom) and appears regularly as a speaker at Pegida events.

In the city of Duisburg in western Germany this summer, he told the crowd how a young woman had almost been raped by three asylum-seekers in Miesbach, a small town in his home state of Bavaria. Stüzenberger said he received news like this every day. "Do you really want for our women to no longer be able to walk on the streets at night without worrying?" he shouted into the microphone. "No," the crowd chanted back. What Stürzenberger didn't tell his audience, however, was that police announced shortly after the alleged incident that the woman had fabricated her story.

Platforms like Politically Incorrect have long cultivated this form of agitation, and Pegida is now bringing it into the town squares of Germany's cities, bringing the virtual and analog worlds together and making the hatred tangible, audible and physical.

"Pegida is a grassroots movement," says Jürgen Elsässer, "It's perhaps the last chance we have left to save our people." Elsässer is a former teacher and member of the now defunct Communist League in West Germany, who may have once written for prominent far-left publications but is now a popular speaker at Pegida events.

Even today, he continues to lash out at the "imperialism" imposed by the Americans and calls for "resistance against the international financial capital and its warmongers in Washington, London and Jerusalem." Writing on his blog in September, Elsässer called on the Bundeswehr, Germany's armed forces, to occupy stations along the German borders in order to stop the flow of refugees. "Fulfill your oath!" he wrote. "Don't wait for orders from above." In his magazine Compact, Elsässer currently features an image of Angela Merkel with the headline, "The Queen of the People-smugglers."

Elsässer is one of the people shaping Pegida's political views. He's also illustrative of how perfidious far-right intellectuals are when it comes to the issue of violence.

A New Culture of Hate

On his blog, Elsässer distanced himself from the attack on the Cologne mayoral candidate. He also rejects the use of the gallows as a symbol. "People, let this absolutely misleading nonsense be," he wrote. At the same time, though, he also posted an interview with the man who carried the gallows at a recent Pegida march in Dresden on his magazine's website, providing the man, who does not reveal his name, with a platform to state that the gallows for Merkel and Gabriel was intended as "satire." The teaser for the video states that the "courageous man" is now going tell his story, which will give you "goose bumps." The idea of heroification while at the same time feigning distance is one of the hallmarks of the new culture of hate.

Elsässer is expected to give another speech in November, this time at the invitation of the so-called Institute for State Policy, which is housed in a manor in Schnellroda in the eastern state of Saxony-Anhalt. The organization's co-founder was Götz Kubitschek, who studied at university to become a teacher and was forced to leave his position as a first lieutenant in the Bundeswehr in 2001 after participating in "right-wing extremist endeavors."

On Oct. 5, Kubitschek spoke to protesters gathered at Dresden's Neumarkt square, where he called for civil disobedience and propagated the alleged right to resist. "It's good that things are starting to escalate!" he told the audience. The crowd chanted back, "Re-sis-tance."

Kubitschek enjoys moments like that because they show him that theory can also be turned into practice. In small groups of like-minded people, he spent years mulling what could be learned from the leftists when it comes to the battle for minds. He invited people in Internet forums to conceive original and provocative forms of agitation. In one form of "conservative-subversive action," he and other activists gatecrashed left-wing events like a 2008 reading by Günter Grass.

'Increasingly Martial Language'

He discussed which issues would be well suited for making neo-fascistic ideas palatable to the masses. And how normal people could be convinced to accept breaches of the law or misdemeanors in the pursuit of them. How could the right-wing prevail over the "cultural hegemony?" In Pegida, Kubitschek has finally found precisely the type of agitation he had long been searching for.

Experts like political scientist Armin Pfahl-Traughber of the German government's Federal University of Applied Administrative Sciences categorize Kubitschek's movement as right-wing extremist. "With their writings, they are striving for a recasting of the Conservative Movement during the Weimar Republic that had positioned itself clearly against the democratic, constitutional state," says Pfahl-Traughber. In recent weeks, he says he has also observed "increasingly martial language" among its leaders and followers.

Last Sunday, a friend of the right-wing extremist revolutionary appeared on Germany's leading talk show. What was most conspicuous about his appearance on Günther Jauch's show was that, at the very beginning, he hung a German flag from the right armrest of his chair. The guest, Björn Höcke, is a former physical education and history teacher at schools in the western state of Hesse. Now he's the head of the state chapter of the Alternative for Germany (AFD) party in the eastern state of Thuringia. Höcke has maintained an interest in the ideologies of the new right for many years.

Höcke is also leading protest marches against the "stream of refugees," like one that took place on Wednesday in the eastern city of Erfurt. At the event, Höcke sought to portray himself as a victim of the "lying press" -- the term being used by the far-right these days to disparage the media -- the last true patriot standing in a society that has otherwise been blinded. Höcke said he didn't bring the flag from the talk show because someone told him he should take good care of it given that it might wind up exhibited in a history museum someday. It's exactly the kind of thing he likes to hear. In his state of megalomania, he apparently already seems to view himself as the history-making leader of a new movement. It appears that the AFD party's national leader Frauke Petry is wising up to this as well. She cancelled her scheduled appearance at the Erfurt demonstration.

The way in which the party deals with Höcke is proving to be an acid test for leaders of AFD, which has grown increasingly populist in tone since its creation in 2013. AFD's deputy leader Alexander Gauland may view him as a "legitimate voice in the AFD choir," but Petry would prefer to neutralize far-right outsider Höcke. "He doesn't speak for the national party," she recently clarified in a letter to party members that has also created pressure for her. This letter was not agreed to by the executive committee and isn't supported by me," Gauland says. The truth, he says, is that Höcke "is not a Nazi."

Petry's desire to distance the party from the far-right and anchor it firmly in mainstream society will be very difficult to fulfill so long as Höcke, AFD's best-known representative, continues with his bluster about the "thousand-year Reich." Björn Höcke's version of AFD is precariously close to the organized right-wing extremism of the neo-Nazis. He even openly admits to having ties to Thorsten Heise, a leading figure in the National Democratic Party (NPD), which the German government sought to ban in the past because of its xenophobic and anti-Semitic positions. Höcke's friend Kubitschek was keen to join AFD, but the party leadership refused to let him in.

Undeterred, Höcke continues to consolidate his links with the Pegida movement, saying he would like to see his party work with it "much more closely" -- and also with Germany's new far-right intellectuals. Along with Jürgen Elsässer, Höcke will be speaking at the fall conference in Schnellroda hosted by Götz Kubitschek in what is expected to be a summit of the far-right's masterminds.

A Weak Official Response

Even as the organized far-right is exploiting public unease about the refugee crisis and frustrated citizens are venting their anger in hate mails, the authorities' response has been astonishingly weak. Interior Minister Thomas de Maizière might describe Pegida's leaders as "hard-core right-wing extremists" but the domestic intelligence service he oversees states that it isn't even monitoring the movement -- so far, it says, there has been insufficient reason to do so.

Gordian Meyer-Plath, president of Saxony branch of the Office for the Protection of the Constitution, also seems reluctant to take on the increasingly radical movement. "We're not watching it," he says, because the argument that it is harmless has so far prevailed. Its organizers distanced themselves from violence, for example. "People held up pictures of Merkel in an SA uniform at the demonstrations," says Meyer-Plath. "Real neo-Nazis would never do that." So far, he maintains, it's a "populist far-right movement rooted in anger but not a threat to German's freedom and democracy."

"We cannot label every anti-asylum-seeker protest as being far-right," he says.

But intelligence services in other states beg to differ. Pegida movements in Duisburg, Düsseldorf and Thuringia are officially being watched, with authorities concluding that the majority of organizers and speakers belong to the far-right scene.

The authorities were even stymied by the blog Politically Incorrect, deciding that although it propagates anti-Islamic and often racist propaganda, "it does not use typical far-right argumentation" -- as the authorities put it in response to an inquiry from the Left Party. The authors of the blog have so far managed to out-manoeuver the authorities by using two simple tricks. Firstly, its stance is overtly pro-American and pro-Israeli, which appears to confuse the German bureaucrats, who assume that to be a neo-Nazi is to be anti-Semitic. Secondly, the most egregious expressions of vitriol appear in the comments, for which the blog's authors cannot be held responsible.

In 2013, the Bavarian intelligence service became the first to start observing PI, a move prompted by the blog's industrious Munich chapter, headed up by the rabidly anti-Islamic Michael Stürzenberger, a frequent speaker at Pegida rallies.

Death Threats, Every Week

The authorities were completely unprepared for the knife attack on Henriette Reker, even though the 44-year-old suspect Frank S., an unemployed painter and decorator from Cologne, had long been a neo-Nazi sympathizer and first become active in the far-right scene in Bonn at the age of 18. In 1993, he was sighted at a memorial march for leading Nazi Rudolf Hess in Fulda; and, in 1994, he was involved in aborted plans for a similar march in Luxembourg to mark the anniversary of Hess' death.

He also appears in domestic intelligence files as one of government informant Norbert W.'s assets. Norbert W. was regional manager of the Free German Workers' Party (FAP), a neo-Nazi political association outlawed by the Constitutional Court in 1995.

In 1995, Frank S. began to attract attention with a series of violent outbreaks. He beat up a man wearing red shoelaces because he thought he was an anti-fascist activist. He threw a beer bottle during a fight in a disco. By 1998, he had twice been convicted of causing bodily harm and once of extortion. He spent several years behind bars.

But in 2000, intelligence services lost track of him. He briefly returned to the radar in North Rhine-Westphalia in 2008 when he appeared to look into joining the NPD. After that, however, he dropped completely out of sight. The intelligence services were unaware that he contemplated suicide three months ago -- as he revealed after his attack on Reker. Nor were they aware of his meticulous planning ahead of it.

The domestic intelligence services' fight to stop spiraling aggression is one thing. Society and politics' answer to the public hatred, anger and frustration is another. Is it still possible to have a conversation with people who send politicians hate mail and death threats? Justice Minister Heiko Maas doesn't think so. His Facebook page regularly overflows with abuse. He was one of the first leading German politicians to deem Pegida a German disgrace. Now trolls -- who even give their names -- leave messages for him on Facebook such as "Heiko, your time's soon up" and "shut your face or I'm coming for you!" The Justice Ministry passes on a handful of death threats to the Federal Criminal Police Office every week.

'A Form of Terrorism'


Maas sees it as his duty to get tough. "We've reached a point where certain things need to be spelled out," he says. He proposes that anyone participating in a demonstration should be made to account for the aims and the organizers of the rally. "It's too easy for people to just go along with it," he says.
SPD General Secretary Yasmin Fahimi has also had enough of the far-right talk of recent months. "It is not the job of politicians to counsel these people," she says. "We're talking about rabble rousers and firebrands who are issuing death threats. They've turned away from the Constitution and towards extremism." She points out that they are also the sort of extremists who accept authority and that it therefore makes sense to show them "the strong arm of the law." This, she argues, requires police, public prosecutors and courts to play their part. She would also like to see associations and employers reacting to rabble rousers and anyone who expresses xenophobic opinions by withdrawing membership, warning them and potentially firing them.

Psychologist Andreas Zick also urges politicians to take a tougher line on far-right populists. "We need to see racist violence in Germany for what it is," he says. "A form of terrorism."


By Melanie Amann, Markus Deggerich, Jörg Diehl, Hubert Gude, Horand Knaup, Martin Knobbe, Conny Neumann, Maximilian Popp, Jörg Schindler, Barbara Schmid, Fidelius Schmid and Andreas Wassermann

If Angela Merkel is ousted, Europe will unravel / Financial Times


If Angela Merkel is ousted, Europe will unravel
Philip Stephens

She has been the rock of certainty. Without her the fractures would multiply

It is more accurate to call it panic than plotting. This week I spent time in the company of members of Angela Merkel’s Christian Democrat party. Startlingly for an outsider, the conversations turned on whether the German chancellor would survive the refugee crisis. Some thought she had just weeks to turn things around. Never mind that only yesterday she had towered above any other European leader. Overnight, the unthinkable has become the plausible — for some in her party, the probable.
Other voices say the fever will subside, but Ms Merkel’s vulnerability speaks to the convulsions across Europe caused by the tide of refugees from Syria, Iraq, Afghanistan and the Maghreb and Sahel countries of Africa. In the eastern, post-communist part of the continent, the influx has strengthened the hands of the ethnic nationalists who never quite signed up to the idea of liberal democracy. To the west it has bolstered the fortunes of nativists such as Marine Le Pen’s National Front in France. Rallies of the far-right Pegida party in Germany now feature speakers who lament the loss of concentration camps. If Britain’s David Cameron loses his referendum to keep Britain in the EU it will be because emotions over migration trump economic self-interest.
Ms Merkel has rarely been called a conviction politician. Her longevity in office has resided in her skill in finding the natural point of balance in the German national mood; and, it should be said, her ruthlessness in despatching potential rivals. The adjectives most often applied to her leadership style, sometimes with more than a note of frustration, have been cautious, deliberative and consensual.
“Mutti” (mum) Merkel, as she is often called, has succeeded by assuring her compatriots that she will shelter Germany from the fires raging beyond its borders. They need not worry about the detail of policy. Germans can be sure she will be firm but calm in standing up to Russia’s Vladimir Putin and, though committed to the future of the euro, will be a careful guardian of the nation’s finances. For a decade, Germans have taken her on trust.
She has displayed the same skills in Europe. Those who have watched her operate at summits of EU leaders have marvelled at her informal consensus-building. A conversation over the shoulder with this prime minister, a deal sealed over a snatched cup of coffee with that president, a friendly pat on the shoulder for officials seeking common ground. Ms Merkel has always pressed the German interest, but in a manner of compromise over confrontation.
The refugee crisis has seen a different Ms Merkel: a leader ready to speak to, and act on, her convictions, to step outside the padded cell of focus groups and opinion polls. Her decision to welcome the hundreds of thousands making their way through the Balkans made more sense than her opponents allow. Could Germany really have built fences and posted soldiers to guard them? Could it have chartered trains to send them back to a Middle East in flames? But there was heart as well as head in her response.
Fair enough, say my CDU friends. And, yes, her welcome for the refugees initially caught the national mood. But the sheer numbers — Germany expects 1m-plus arrivals this year — have changed the calculus. Towns and villages have been overwhelmed by the influx. And, this the potentially fatal wound for the chancellor, a sense has grown that she has lost that all-important control.
Politicians never stop looking at their poll ratings and the CDU’s have fallen sharply. There is no obvious candidate to replace her, but step up Wolfgang Schäuble, the finance minister, as a likely stopgap until a candidate is chosen to fight the 2017 election. Mr Schäuble has been curiously quiet of late.
Behind selfish calculation lies a deeper fear. Centre parties across Europe have surrendered ground to populists of left and right because their electorates have feared they no longer offer security. Germany, the nastiness of the small Pegida notwithstanding, had seen the centre hold. But now, on an issue widely seen as one of cultural identity, has Ms Merkel lost control?
The answer I think is no, but when politicians fall to panic anything is possible. I watched at close quarters the defenestration by her own party of Margaret Thatcher, another powerful leader who seemed invincible until the moment of her fall. She, too, had won three election victories. Though deeply unpopular by 1990, until it happened it seemed unthinkable that her colleagues could turn on her with such ferocity.
The stakes, though, are much higher with Ms Merkel. The financial crash, the euro crisis and the collapse of the Schengen open borders arrangement has seen Europe unravelling as centrist parties across the continent have struggled to meet the challenge of the populists. Ms Merkel has been the rock of certainty — the leader with the authority to keep the show on the road. Without her the fractures would multiply.
Mr Schäuble, too, is a pro-European, in some respects a more committed integrationist. But Ms Merkel has been the guardian of a post-1989 settlement that has rooted Germany in its Europeanness. Her removal would see it shift into the camp of those consumed by narrower, more immediate calculations of interest, giving up on the ideal of a European Germany. And that would be the beginning of the end.

philip.stephens@ft.com