sexta-feira, 25 de julho de 2025

08 jun 2021: FACTOS CONFIRMADOS // O ESCÂNDALO DOS TACHOS DO PS // Fact Check. Pedro Adão e Silva vai receber 4.500 euros por mês até 2026 para organizar cerimónias do 25 de abril?

 


Fact Check. Pedro Adão e Silva vai receber 4.500 euros por mês até 2026 para organizar cerimónias do 25 de abril?

Ex-dirigente do PS foi escolhido por António Costa para liderar a comissão executiva, um dos organismos encarregue de preparar as celebrações do 50º aniversário do 25 de abril.

 

 

Pedro Raínho

Texto

08 jun 2021, 15:13 42

    https://observador.pt/factchecks/fact-check-pedro-adao-e-silva-vai-receber-4-500-euros-por-mes-ate-2026/

 

A frase

“Pedro Adão e Silva vai receber um salário superior a 4500 euros por mês durante 5 anos, 6 meses e 24 dias para preparar o 25 de Abril de 2024”

 

— Utilizador do Twitter, 08 Junho 2021

 

Rui Rio foi rápido a reagir: no Twitter, o presidente do PSD considera a nomeação de Pedro Adão e Silva, ex-secretário nacional do PS, para a Comissão Executiva das comemorações dos 50 anos do 25 de abril será uma “compensação” pelos comentários que professor universitário tem feito a favor do PS. Mas a escolha de António Costa, oficializada no final da semana passada, suscitou outras reações.

 

“Pedro Adão e Silva vai receber um salário superior a 4500 euros por mês durante 5 anos, 6 meses e 24 dias para preparar o 25 de Abril de 2024”, escreve uma página de apoio ao hacker Rui Pinto no Twitter. Os valores estarão corretos?

 

Na mesma resolução em que se confirmou o nome de Adão e Silva para presidir a um dos três órgãos que compõem a estrutura de missão do aniversário da Revolução foram revelados outros detalhes sobre o cargo de comissário executivo atribuído ao ex-dirigente socialista.

 

Além de referir que os membros da Comissão Nacional e do Conselho Geral — os outros dois órgãos da estrutura de missão — “não auferem qualquer remuneração ou abono pelo exercício das suas funções”, também se torna público que, no caso da Comissão Executiva, as condições são outras.

 

Este órgão será composto por “um comissário executivo”, Pedro Adão e Silva, “e um comissário executivo adjunto”, cujo nome ainda não foi divulgado. Sobre estes dois membros, a resolução 70/2021 do Conselho de Ministros refere que “são equiparados, para efeitos remuneratórios e de competências, a dirigentes superiores de 1.º e de 2.º graus, respetivamente” (o número 16 também admite que ambos mantenham “o exercício de outras atividades remuneradas”).

 

Ora, o estatuto dos dirigentes da Administração Pública refere que Cargos de Direção Superior de 1.º Grau — como aquele que Adão e Silva ocupa — são remunerados com um salário bruto de 3745,26 euros mensais, a que acrescem 780,36 euros em despesas de representação. Portanto, sim, os valores apresentados no tweet estão corretos.

 

Mas essa remuneração mantém-se durante “cinco anos, seis meses e 24 dias”, como também aponta a publicação?

 

A mesma resolução do Conselho de Ministros entrou em vigor “no dia seguinte ao da sua publicação”, a 4 de junho. E, no documento, estabelece-se que a estrutura de missão responsável por organizar as cerimónias do 50º aniversário do 25 de abril “termina o seu mandato a 31 de dezembro de 2026” — ou seja, mais de dois anos depois de as cerimónias se realizarem. A extensão desta estrutura explica-se com a intenção de juntar no mesmo organismo todas as celebrações de “um arco democrático que se iniciou no 25 de Abril de 1974 e que, ao longo do ano de 1976, passou pela aprovação da Constituição, pelas primeiras eleições legislativas, presidenciais e regionais e que culminou com as autárquicas no final desse mesmo ano”.

 

As contas estão, por isso, (quase) corretas: em rigor, essa remuneração verifica-se ao longo de cinco anos, cinco meses e 26 dias (contados a partir do dia 4 de junho e até ao último dia de 2026).

 

Conclusão

 

O tweet está correto: Pedro Adão e Silva, ex-secretário nacional de Eduardo Ferro Rodrigues, vai auferir mais de 4500 (brutos) ao longo dos próximos cinco anos e meio. O valor atribuído enquanto comissário executivo das celebrações do 50º aniversário do 25 de abril e a extensão do cargo que ocupa há menos de uma semana estão consagrados na resolução do Conselho de Ministros publicada no final da semana passada.

 

VERDADEIRO

Pedro Adão e Silva vai usufruir das “melhores regalias do Estado” para organizar os 50 anos do 25 de Abril?

 

O Conselho de Ministros nomeou o comentador ligado ao PS para presidir à Comissão Executiva das comemorações da revolução democrática, que vão durar até ao final de 2026. A nomeação e as condições de que o comentador vai usufruir estão a causar polémica.

 

Verdadeiro

 

Leonete Botelho

8 de Junho de 2021, 13:51

https://www.publico.pt/2021/06/08/politica/noticia/pedro-adao-silva-vai-usufruir-melhores-regalias-estado-organizar-50-anos-25-abril-1965719

 

“[…] Durante 5 anos, 6 meses e 24 dias, Pedro Adão e Silva vai usufruir das melhores regalias que o Estado tem para oferecer. Isto para organizar as celebrações do 50º aniversário do 25 de Abril.”

Rui Pinto, no Twitter

 

O contexto

O Conselho de Ministros aprovou na semana passada uma resolução em que “determina realização das comemorações do 50.º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974 e cria a estrutura de missão que as promove e organiza”.

 

Essa estrutura de missão é composta por três órgãos, com composições e funções distintas: uma Comissão Nacional, nomeada pelo Presidente da República, à qual cabe aprovar o programa oficial das comemorações e os relatórios de actividades – e que será presidida pelo general Ramalho Eanes. Um Conselho Geral, nomeado pelo primeiro-ministro, com “individualidades de reconhecido mérito e activismo em dimensões fulcrais na construção da democracia”, que se “pronuncia sobre o programa oficial das comemorações e acompanha de perto a sua execução”. E uma Comissão Executiva, nomeada pelo primeiro-ministro, que é “responsável pela elaboração do programa oficial das comemorações, em articulação próxima com o Conselho Geral, bem assim como pela sua concretização”.

 

 

Os membros da Comissão Nacional e do Conselho Geral não terão qualquer remuneração, ao contrário da Comissão Executiva, que será presidida por Pedro Adão e Silva, professor auxiliar do departamento de ciência política e políticas públicas no ISCTE, mas também ex-secretário nacional do Partido Socialista durante a liderança de Ferro Rodrigues e desde aí comentador ligado ao PS em vários órgãos de comunicação social, como a TSF ou o Expresso. A nomeação já foi criticada por Rui Rio.

 

Os factos

A resolução do Conselho de Ministros na qual Pedro Adão e Silva foi também nomeado foi publicada a 4 de Junho e, de acordo com os seus próprios termos, começou a produzir efeitos no dia seguinte. Ali se prevê que a Estrutura de Missão termine o seu mandato a 31 de Dezembro de 2026, de modo a “juntar no mesmo ciclo” as celebrações do “arco democrático que se iniciou no 25 de Abril de 1974 e que, ao longo do ano de 1976, passou pela aprovação da Constituição, pelas primeiras eleições legislativas, presidenciais e regionais e que culminou com as autárquicas no final desse mesmo ano”. Portanto, Pedro Adão e Silva vai presidir à comissão executiva durante cinco anos, seis meses e 24 dias, se se considerar que entra em funções no primeiro dia útil após a publicação, ou seja, 7 de Junho.

 

A resolução determina que “a Comissão Executiva é composta por um comissário executivo e um comissário executivo adjunto, os quais, sem prejuízo do disposto no n.º 16, são equiparados, para efeitos remuneratórios e de competências, a dirigentes superiores de 1.º e de 2.º graus, respectivamente”. De acordo com o estatuto remuneratório da Administração Pública, o cargo de direcção superior de 1º grau é equivalente ao de director-geral, o mais alto cargo da carreira, e tem direito a uma remuneração mensal de 3.745,26 euros, acrescidos de 780,36 euros para despesas de representação. Prevê-se ainda que possam acumular funções com o “exercício de outras actividades remuneradas, designadamente de docência, bem como a percepção de direitos de autor”. Prevê-se ainda que sejam apoiados por uma “estrutura de apoio técnico” de até oito elementos -, “equiparados, para efeitos de designação e estatuto, a membros do gabinete de membro do Governo”, onde se inclui um secretário pessoal e um motorista, e que pode ser reforçada com mais quatro técnicos superiores recrutados em regime de mobilidade.

 

Em resumo

 

A frase de Rui Pinto é verdadeira.

 

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