Adão e os 50 anos do Éden de Abril
Antes de mais, convém lembrar aos mais distraídos que
Pedro Adão e Silva tem todo um passado de comentador televisivo que se
desenvolveu bastante naqueles malfadados anos do socratismo. Aparentemente um
tipo de comentador muito moderado e, sobretudo, “independente” mas que na
verdade nunca o foi.
08/06/2021
Manuel J.
Guerreiro
Fomos
surpreendidos durante o passado fim-de-semana com a escabrosa e muito
incendiária escolha de Pedro Adão e Silva (nome que já circulava há uns tempos)
para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974
que terão lugar em 2024, i.e., daqui por, sensivelmente, três anos. E,
curiosamente, tal notícia com contornos estranhíssimos, como veremos adiante,
não animou nem foi especialmente divulgada pelos órgãos de comunicação social –
os tais isentos que só divulgam notícias sérias e falam verdade às pessoas –,
mas antes, pelas “tenebrosas” redes sociais que apenas “desinformam” e que urge
calar com leis de censura digital, neo-fascistas, criadas e defendidas em plena
década de 20 deste século XXI, com o maior dos desplantes, por um certo e
destacado deputado militante do partido socialista com um vigoroso passado
estalinista!
Foi preciso
chegarmos a segunda-feira à noite, para um órgão de comunicação social e em
especial um canal de televisão ter puxado este assunto para o seu editorial. No
caso, o “Porto Canal”, que saúdo vivamente pelo extraordinário serviço público
que prestou ao expor detalhadamente todo este assunto absolutamente
escandaloso.
Antes de mais,
convém lembrar aos mais distraídos que Pedro Adão e Silva tem todo um passado
de comentador televisivo que se desenvolveu bastante naqueles malfadados anos
do socratismo. Aparentemente um tipo de comentador muito moderado e, sobretudo,
“independente” mas que na verdade nunca o foi. Era por demais evidente que o
socratismo e a paixão imensurável que nutria pelo então líder socialista
estava-lhe, intrinsecamente, no sangue. Defendeu tudo o que eram as grandes opções
políticas e estratégicas dos Governos de José Sócrates. Inclusive o vil ataque
à liberdade de expressão e de imprensa que se materializou naquele miserável
episodio do congresso do PS que acabou por levar ao afastamento da jornalista
da TVI Manuela Moura Guedes.
Mas regressando
ao tema, ficámos então esclarecidos sobre esta comissão das comemorações dos 50
anos de Abril ao constatar que Pedro Adão e Silva terá, qualquer coisa, como
uma remuneração mensal de mais de 4.500 euros para liderar uma estrutura de,
pelo menos, umas largas dezenas de pessoas que incluem: um secretário pessoal,
um motorista, três técnicos especialistas (não se sabendo ainda de quê), três
adjuntos, quatro técnicos superiores em regime de mobilidade, uma equipa de
apoio técnico (sem se saber de que áreas e qual a respectiva dimensão) e uma
outra equipa de apoio administrativo (sem se saber igualmente de quantas
pessoas). Portanto, estamos a falar de uma estrutura que mais se assemelha a
uma espécie de Ministério do Governo da República, sendo ele, Adão, o
respectivo ministro como aqueles que o foram nos governos provisórios do PREC e
que não tinham nada para ministrar e, por isso, se denominavam “sem pasta”. Mas
no caso concreto deste novo ministro sem pasta e sem escrutínio, com muita
“pasta” para receber, gerir e gastar e fazer o que bem entender, sem nenhum
controlo democrático, não só no que às comemorações diz respeito, mas durante
todo o seu mandato de, pasme-se, seis anos… Repito, seis longos anos, três
antes e outros três depois da comemoração propriamente dita dos 50 anos do 25
de Abril que ocorrerão em 2024.
Extraordinário!
Perante isto,
salta à vista o óbvio “pagamento” por parte do actual Primeiro-Ministro António
Costa pelos inestimáveis préstimos de uma já longa vida ao serviço do comentário
“independente” sempre muito fofinho para o partido socialista.
Mas é também
perante este novo escândalo político que ainda agora está começar a chegar ao
conhecimento do povo português – pois acredito que a esmagadora maioria das
pessoas ainda não está a par da situação –, não posso deixar de me indignar com
o facto do Presidente Ramalho Eanes, eventualmente, manter a sua aceitação em
liderar a comissão de honra destas comemorações do quinquagésimo aniversário do
25 de Abril, sabendo que terá como comissário executivo esta encomenda
socialista com um mandato de seis anos e um vencimento muito generoso pago
pelos contribuintes deste país quase sempre falido que, por certo, o fará
recordar os idos tempos em que desempenhou a mais alta função do Estado
Português e teve de lidar com Primeiros-Ministros totalmente incompetentes e
profundamente irresponsáveis que aliás demitiu, com a coragem que lhe era e
sempre foi, até hoje, reconhecida!
Já relativamente
do actual Presidente da República nada se poderá esperar para se inverter esta
absoluta ignomínia…
Jurista
Escreve de acordo
com a antiga ortografia


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