Como o vento amainou e fez disparar o preço da
eletricidade
26.04.2021 às 10h06
PEDRO AMARAL
JORGE
PRESIDENTE DA
APREN - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
No dia 21,
Portugal e Espanha tiveram a eletricidade mais cara da Europa, porque foi
preciso queimar mais gás para compensar a falta de vento. Apostar na energia
solar é a solução, enquanto complemento à eólica
A diminuição
acentuada do vento registada esta semana reduziu para mínimos a produção de
eletricidade a partir da energia eólica, o que fez disparar o preço da
eletricidade no mercado grossista da Península Ibérica (MIBEL).
Tal aconteceu
porque foi preciso incorporar no mix de produção elétrica maior quantidade de
gás natural, combustível que atingiu no Mibgás (o Mercado Ibérico de Gás) o
preço mais elevado de toda a Europa: 22 €/MWh. A este valor junta-se o preço do
carbono, que alcançou um recorde de 45 euros por tonelada.
Segundo dados do
Operador do Mercado Ibérico de Eletricidade (OMIE), Espanha atingiu esta
quarta-feira o preço mais alto de toda a Europa, ficando mesmo acima da França,
mas também de outros países como Itália, Áustria ou Reino Unido que tendem a
registar valores mais altos.
O preço médio
atingiu os 79,6 €/MWh em Espanha. Portugal ficou ligeiramente abaixo com 79,51
euros/MWh, mas houve momentos em que os valores estiveram acima de 90 €/MWh.
Atrás ficou a
Áustria, com 79,47 €/MWh, a França, com 78,27 €/MWh, e a Suíça com 75,5 €/MWh.
Um pouco distante perfilou-se o Reino Unido com cerca de 73 €/MWh, tal como a
Polónia. Na Alemanha, Bélgica e Holanda os preços rondaram os 60 €/MWh. Os
mercados que atingiram os preços mais competitivos foram os nórdicos.
Na Península
Ibérica a energia solar fotovoltaica ainda é pouco expressiva e incapaz, por si
só e por enquanto, de ter peso suficiente para reduzir os preços da
eletricidade.
Nesta mesma
semana, o Conselho e o Parlamento Europeus alcançaram o acordo provisório rumo
à neutralidade climática da União Europeia em 2050. O acordo prevê que, até
2030, as emissões de carbono sejam reduzidas em 55 por cento, em comparação com
os níveis de 1990, o que representa mais um impulso à energia verde.
Cada vez é mais
claro que o caminho das renováveis é o trilho certo a seguir. Não só porque
existe um compromisso europeu de descarbonização, mas porque os números também
revelam que é solução incontornável para a economia desta Europa que acelera a
fundo rumo à transição energética.


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