Chega vai
propor voto de condenação a João Lourenço e a Marcelo por
"humilhação" de Portugal em discurso sobre colonialismo
Líder do
Chega considera "inaceitável" que Presidente angolano tenha dito que
portugueses escravizaram durante 500 anos e que Marcelo tenha ficado
"calado" e "aos abraços" em Luanda.
Agência
Lusa
Texto
12 nov.
2025, 16:51 49
O líder
do Chega, André Ventura, criticou esta quarta-feira as declarações do
Presidente angolano sobre o colonialismo português e a reação de Marcelo Rebelo
de Sousa, que quer ver condenada pelo parlamento.
“Todos
ouvimos o Presidente da República de Angola dizer que os portugueses
escravizaram os angolanos durante 500 anos, dizer que a responsabilidade pelo
atraso de Angola e de África é dos portugueses, ouvimos isto de viva voz na
presença do Presidente da República de Portugal. Isto é inaceitável”, afirmou.
Em
declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura disse que
Marcelo Rebelo de Sousa esteve “aos abraços com o Presidente de Angola,
desvalorizou aquilo que disse o Presidente de Angola e disse que foi um grande
marco na colaboração entre os dois países”.
“Não, não
foi um grande marco, foi uma vergonha e uma humilhação para Portugal aquilo que
aconteceu ontem por parte do Presidente angolano, e um Presidente português
digno ter-se-ia levantado e virado as costas e teria tido a capacidade de
transmitir ao Presidente de Angola que nós não aceitamos ser humilhados, que
nós não aceitamos ser vexados e que nós não aceitamos que nenhum povo, e muito
menos os corruptos do MPLA, possam dizer-nos como governar ou o que é que nós
fizemos certo ou errado na nossa história”, defendeu.
O
presidente do Chega referia-se ao discurso de João Lourenço, nas cerimónias do
50.º aniversário da independência de Angola, em Luanda, que contaram com a
presença de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Mal
tínhamos acabado de vencer o colonialismo português, que nos oprimiu e
escravizou durante séculos, tivemos de imediato de enfrentar o regime
retrógrado do ‘apartheid’, que representava uma ameaça permanente aos povos da
África Austral e de Angola em particular, por nos ter agredido, invadido e
estar assente na ideia da superioridade de uma raça sobre outra e no
segregacionismo como modelo de sociedade”, salientou o chefe de Estado
angolano.
O líder
do Chega, que é também candidato a Presidente da República nas eleições de
janeiro, deixou a sua “condenação veemente àquilo que foi dito pelo Presidente
de Angola” e também à reação de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Que foi
ficar calado e ir aos abraços, vexando-se, mas sobretudo vexando-nos a nós
todos, humilhando o país”, acusou.
Ventura
disse que deu “indicações à liderança da bancada parlamentar para avançar
rapidamente com um voto de condenação, não só às palavras do Presidente da
República de Angola, como ao ato objetivo de humilhação, de complacência e de
cumplicidade que o Presidente português assumiu com as forças de Angola”.
Dirigindo-se
“à elite que governa em Angola”, o líder do Chega considerou que a “causa do
atraso não é o colonialismo português, nem foi a história de Portugal”, mas sim
“a corrupção de 50 anos, em que enriqueceram as elites para empobrecer os
povos, e é por isso que eles continuam a vir para a Europa”.
André
Ventura defendeu ainda que Portugal não pode continuar a pedir desculpa pelo
seu passado, considerando que constitui uma “traição ao povo português”, e deve
“orgulhar-se da sua História”.
Ventura
falava aos jornalistas no parlamento, antes de um almoço com o presidente do
The Heritage Foundation, um ‘think tank’ conversador norte-americano.
Também em
declarações aos jornalistas, Kevin Roberts considerou que Portugal tem um
“futuro promissor, em larga medida pelo trabalho heroico que Ventura está a
fazer”.
Na
ocasião, o líder do Chega foi questionado também sobre saúde, tendo considerado
que é preciso “uma reforma profunda” nesta área e lamentado que os seus
adversários na corrida da Belém não tenham aceitado o desafio de um debate
sobre este tema.
Ventura
considerou que é preciso fixar os profissionais no SNS e defendeu “que quem faz
as horas que fazem os profissionais de saúde tenham uma isenção no trabalho
extraordinário em sede de IRS”.

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