sábado, 26 de março de 2022

Spain, Portugal get ‘special treatment’ from EU leaders to keep power prices down / Portugal e Espanha com luz verde para controlar preços do gás para baixar electricidade

 


Spain, Portugal get ‘special treatment’ from EU leaders to keep power prices down

 

Leaders also agreed to jointly purchase gas — an attempt to use collective market power to drive down prices.

 


BY ZOSIA WANAT

March 25, 2022 9:06 pm

https://www.politico.eu/article/spain-portugal-special-treatment-eu-leaders-keep-power-prices-down/

 

Spain and Portugal won the right Friday to take temporary, unilateral measures that may buck EU electricity market rules in an effort to ease pressure on power prices.

 

The decision came at the end of a drawn-out EU leaders' summit, where the subject of energy — how the EU buys it and how much it pays for it — kept leaders talking late into Friday.

 

”The Iberian peninsula has a very special situation ... with a high load of renewables and with very few interconnections," European Commission President Ursula von der Leyen said at her concluding press conference, stressing that these particularities drive exceptionally high electricity prices in the region.

 

According to the final conclusions approved by EU leaders at the summit, the Commission will "urgently assess the compatibility of emergency temporary measures in the electricity market notified by Member States." Brussels will make sure that EU governments don't take unfair advantage of any measures adopted.

 

The leaders also agreed, for the first time, to jointly purchase gas — an attempt to use their collective market power to drive down prices.

 

The EU’s current electricity system pegs the price of power to the most expensive fuel needed to meet demand. Lately, that’s been gas, and that’s led to consistently high power prices. The situation got even worse because of Europe's moves to wind down gas imports from Russia, a key supplier of energy to the Continent.

 

Some leaders, especially those from Southern Europe, were pushing at the summit for more permanent changes to the market structure — such as "unbundling" gas from the market or putting a cap on electricity or gas prices. But those attempts faced unyielding opposition from countries like Germany and the Netherlands, which are strongly against market interventions.

 

Since finding a permanent solution for the whole bloc proved impossible, Madrid and Lisbon pushed for temporary permission to introduce some measures on their own. At a joint press conference, Portuguese Prime Minister António Costa and Spanish Prime Minister Pedro Sánchez said they were "satisfied" with the result of the talks, adding that they would present their national measures next week.

 

The European Commission will now examine how the bloc's energy market functions, angling to find more permanent solutions by May 2022.

 

Paola Tamma contributed reporting.

 

UNIÃO EUROPEIA

Portugal e Espanha com luz verde para controlar preços do gás para baixar electricidade

 

Conselho Europeu reconhece especificidade da “ilha energética ibérica” para apoiar medidas excepcionais e temporárias para responder à subida dos preços. Proposta será apresentada à Comissão Europeia já na próxima semana.

 


Rita Siza , Bruxelas

25 de Março de 2022, 20:37

https://www.publico.pt/2022/03/25/economia/noticia/portugal-espanha-luz-verde-controlar-precos-gas-baixar-custos-electricidade-2000231

 

Portugal e Espanha, os países peninsulares que em termos energéticos são uma ilha na Europa, trouxeram para a reunião do Conselho Europeu uma ideia para a criação de um mecanismo temporário para fazer baixar os preços da electricidade a nível europeu. Não conseguiram convencer os restantes parceiros das virtudes da sua proposta para o controlo dos preços, mas conseguiram fazer prova da sua situação excepcional para obter um acordo político que lhes vai permitir intervir no mercado ibérico,"de forma cirúrgica”, para aliviar os custos dos operadores que produzem energia eléctrica a partir do gás — reduzindo assim a pressão de subida nas facturas finais dos consumidores.

 

“O Conselho Europeu reconheceu a situação específica da Península Ibérica, que vai poder dar resposta ao crescimento do preço do gás, e assegurar que este não se vai continuar a repercutir no aumento do preço da electricidade. Para isso, vamos fixar um preço máximo de referência para o gás, que todos os outros preços não poderão ultrapassar, e assim obter uma redução muito significativa do custo da energia, com grandes poupanças para as famílias e as empresas”, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.

 

“São medidas muito específicas, excepcionais e temporárias, que correspondem à situação de urgência que vivem os dois países, que não supõem uma subvenção do preço do gás, não distorcem o mercado europeu da electricidade e não comprometem os objectivos de impulso às energias renováveis”, acrescentou o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.

 

Segundo justificou o primeiro-ministro, depois de muitas horas de discussão, o Conselho Europeu “constatou uma especificidade que existe em Portugal e Espanha devido ao nível muito reduzido de ligação entre o nosso sistema energético e dos outros países da UE, que justificava um tratamento específico” dos dois países, que também têm um nível superior de incorporação de energias renováveis na electricidade que consomem do que a generalidade dos outros Estados-membros.

 

“E é isso que faz com que em Portugal e Espanha esteja a ser particularmente distorcido o processo de formação do preço, porque apesar de termos custos de produção muitíssimo inferiores graças ao nível de incorporação das renováveis, como o preço é contaminado pela subida do preço do gás, estamos a pagar muito mais pela electricidade do que devíamos”, observou.

 

A solução específica autorizada pelo Conselho Europeu corresponde à proposta ibérica original apresentada aos 27, que previa o estabelecimento de um preço de referência para o gás utilizado na produção de electricidade, e de um mecanismo de compensação da diferença para o preço de mercado, a que poderiam recorrer os países com uma elevada quota de produção eléctrica a partir de fontes renováveis, e uma baixa taxa de interconexão ao mercado europeu.

 

Mas a ideia de intervir no mercado para fixar artificialmente os preços é um anátema para os países do Norte da Europa, que resistem por princípio a qualquer sugestão de interferência nas condições de concorrência. Além disso, receiam que no actual contexto de instabilidade geopolítica, uma medida de controlo dos preços leve os fornecedores a desviar a sua oferta da UE.

 

“Fornecer ajudas directas àqueles que estão mais vulneráveis é a melhor opção, para distorcer minimamente o mercado e manter o ambiente de investimento aberto”, referiu o primeiro-ministro da Letónia, Krisjanis Karins.

 

Durante a reunião, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, que não é propriamente um defensor da intervenção do Estado na economia, defendeu essa medida excepcional argumentando que “o mercado deixou de reflectir as forças da oferta e da procura”. Acresce que, com os preços a bater máximos, e dada a dependência europeia do gás da Rússia, são os fornecedores e especuladores russos que mais beneficiam.

 

Impacto cada vez mais negativo

Os efeitos económicos da guerra da Ucrânia dominaram os trabalhos do Conselho Europeu, esta sexta-feira, com uma prolongada discussão entre os chefes de Estado e governo sobre medidas excepcionais de emergência para responder aos problemas de abastecimento energético, e para atenuar a subida dos preços da electricidade — que já fez disparar a inflação para recordes históricos e ameaça a sustentabilidade de muitas indústrias e empresas europeias.

 

O prolongamento dos trabalhos muito para além da hora prevista deveu-se precisamente à discussão sobre os preços da energia, que obrigou a diversas interrupções para consultas técnicas e à sucessiva negociação de versões revistas das conclusões do Conselho Europeu (na reunião de Dezembro passado, o impasse entre os líderes levou mesmo o presidente Charles Michel a prescindir da adopção de conclusões).

 

 

“Os elevados preços da energia têm um impacto cada vez mais negativo nos cidadãos e empresas, que ainda é agravado pela agressão militar russa contra a Ucrânia”, diz o parágrafo 15 do documento, onde o Conselho Europeu reconhece que podem ser precisas medidas de curto prazo para “proporcionar mais alívio aos consumidores mais vulneráveis e apoiar as empresas”, que o executivo comunitário foi encarregado de apresentar até ao final do mês de Maio.

 

Será nessa altura, provavelmente numa cimeira extraordinária, que os 27 decidirão sobre o “número muito significativo de vários tipos de medidas que podem ser adoptadas para a redução dos preços da energia, desde a fixação preços máximos até à redução de impostos, designadamente o IVA, ou outras”, disse António Costa — que ainda espera a autorização do comité do IVA da Comissão para reduzir a taxa que se aplica aos combustíveis em Portugal.

 

Muito antes disso, já na próxima semana, a Comissão Europeia receberá o rascunho da proposta legislativa conjunta de Portugal e Espanha para intervir no mercado da energia, e verificar que cumpre as provisões dos tratados e restantes normas do direito europeu. Depois dessa validação, terá de obter o parecer positivo das duas entidades reguladoras, para depois descer aos respectivos parlamentos para aprovação. Um processo que será cumprido com urgência máxima, garantiram Costa e Sánchez, para “produzir efeitos tão rápido quanto possível”.

 

No que diz respeito ao abastecimento, a discussão foi feita em torno das propostas apresentadas pela Comissão Europeia para o restabelecimento das reservas de gás até 90% da sua capacidade, e da diversificação das fontes de abastecimento do bloco.

 

Como pano de fundo, no debate, está a intenção da UE de acelerar a redução da sua dependência das importações de gás, petróleo e carvão vindos da Rússia, e a sua grande prioridade política de transição energética para cumprir as metas da redução em 55% das emissões de CO2 até ao fim da década e de neutralidade climática em 2050.

 

O consenso foi relativamente fácil de alcançar, uma vez que a guerra de agressão da Rússia, e a solidariedade com a Ucrânia, levou vários Estados-membros a reequacionarem as suas políticas energéticas e a reconsiderarem os seus contratos de fornecimento e planos de investimento em renováveis.

 

Acordo com os EUA

Esta sexta-feira, a UE e os Estados Unidos assinaram um acordo para o reforço do fornecimento de Gás Natural Liquefeito (GLN) ao mercado europeu. Washington está disposto a fornecer pelo menos mais 15 mil milhões de metros cúbicos de GLN até ao final deste ano, com “aumentos expectáveis no futuro”, até ao estabelecimento de um fluxo estável de 50 mil milhões de metros cúbicos em 2030.

 

O primeiro-ministro, António Costa, estima que o Porto de Sines, que “tem muitas vantagens competitivas” relativamente aos portos europeus, beneficiará muito deste acordo, tornando-se um local de eleição para a entrada e transferência do GNL vindo dos EUA para o continente.

 

Porém, o compromisso firmado entre a UE e os EUA não permite cumprir o desígnio de um corte das importações russas. No ano passado, a UE importou 155 mil milhões de metros cúbicos de gás da Rússia, que representam cerca de 40% das necessidades energéticas do bloco. As importações provenientes dos EUA representaram 25% do total de gás natural consumido: para suprir a posição dominante do gás russo, será necessário recorrer a outros fornecedores, nomeadamente no Médio Oriente.

 

Para o primeiro-ministro da Eslovénia, Janez Jansa, a solução para reduzir a dependência energética da Rússia passa pela aplicação das medidas propostas pela Comissão: “A aquisição conjunta europeia [de gás], logística comum e reforço das capacidades de armazenamento”. A Eslovénia é um dos sete países da UE que não dispõe de instalações de armazenamento de gás no seu território.

 

Nas conclusões, ficou escrito que os Estados-membros e a Comissão devem começar “urgentemente” a “coordenar medidas para assegurar níveis adequados de armazenamento de gás; estabelecer os mecanismos de solidariedade necessários; trabalhar em conjunto na compra comum de gás, GNL e hidrogénio, fazendo o melhor uso possível do peso colectivo político e de mercado para amortecer os preços, e completar e melhorar as nossas interconexões em toda a União Europeia”.

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