Crónica
Um novo
boom do Alojamento Local pela frente em Lisboa?
O Alojamento
Local poderia liberar cerca de 100 mil camas para habitação em Lisboa. As
medidas de contenção e o programa Mais Habitação reduziram 9,5% os registos de
novos AL entre 2023 e 24, mas a mudança na legislação pode provocar um novo
boom.
por Rui
Martins
04.11.2024
https://amensagem.pt/2024/11/04/alojamento-local-lisboa-habitacao/
Em outubro
de 2023 fiz levantamento de dados de todos os alojamentos locais (AL)
registados em Lisboa, através de informações disponíveis no Registo Nacional de
Alojamento Local (RNAL). Um ano depois, repeti o processo e, agora, com as duas
amostras é possível extrair algumas conclusões.
Com 106.881
utentes potenciais registados no total na base de dados do AL (ou seja:
habitações que poderiam ser usadas para residentes já amanhã), o impacto do AL
na crise habitacional em Lisboa é evidente. A quantidade significativa de
imóveis usados para turismo está a agravar a falta de habitação acessível,
reduzindo a oferta e, consequentemente, pressionando para cima os preços do
arrendamento habitacional na cidade.
Entre
outubro de 2023 e 24, a freguesia que registaram o maior aumento de AL foi
Olivais (303%), seguida de Santo António (60%) e Santa Maria Maior (22%). As
maiores quedas foram em Belém (-82%), Parque das Nações (-74%), e Areeiro
(-57,3%).
No geral,
houve uma redução de 9,5% no número total de AL registados, passando de 20.173
em 2023 para 18.256 em 2024. Essa queda está ligada às novas restrições, como
as Áreas de Contenção e o programa Mais Habitação. Seria importante, vital
mesmo, à cidade de Lisboa, manter este percurso correctivo que estava a ter
efeitos visíveis no mercado do arrendamento e que agora, através do conjunto de
medidas favoráveis ao Alojamento Local irá certamente reverter todos estes
processos.
Particularmente
lesivo dos interesses dos lisboetas será a perda de capacidade dos condomínios
para travarem a instalação de novos AL nos seus próprios prédio.
A extração
revelou várias curiosidades, como advogados e funcionários públicos explorando
AL, colaboradores de escolas, instituições públicas, empresas, hotéis, cidadãos
estrangeiros detentores de Vistos Gold, entre muitos outros (alguns com nome
sonantes nas áreas dos media e no da economia), reflectindo uma diversidade de
sectores envolvidos no mercado de alojamento local e que, consequentemente,
reforçam o império do Lobby do Al sobre a governação da cidade e da República.
Impacto
Habitacional
Santa Maria
Maior e Misericórdia têm hoje cama para 24.147 e 18.061 turistas,
respetivamente em cada um das freguesias. Este número de “utentes” (a
terminologia usada pelo RNAL para classificar a quantidade de hóspedes nos
alojamentos locais) é potencialmente o número de habitantes que estas
freguesias podem estar a perder para o turismo.
Situadas no
centro histórico de Lisboa e com vocação altamente turística, as duas
freguesias somadas perderam potencialmente para o alojamento local (AL) 42.208
habitantes, ou seja, uma população semelhante a Ílhavo ou de Ponte de Lima.
Apesar do
mecanismo de contenção e, como se previa, não houve reversão da transferência
destas casas do uso turístico para o habitacional (onde originalmente se
encontravam e para onde deviam retornar como resposta à crise na habitação).
Em Arroios e
Santo António, há um grande potencial habitacional no alojamento local, com
15.029 e 10.199 utentes, respetivamente.
Estas zonas
centrais são populares tanto para residentes (portugueses e estrangeiros) como
para alojamento turístico, o que cria uma grande pressão sobre os imóveis
destas freguesias de Lisboa. Se os imóveis vagos fossem devolvidos à habitação,
este retorno ao uso original iria certamente aliviar o problema habitacional a
curto prazo.
Freguesias
como Parque das Nações (159 utentes) e Belém (318) têm uma capacidade
habitacional desperdiçada para AL relativamente baixa.
Freguesias
como Areeiro (1.715), Alvalade (2.106) e Campo de Ourique (2.856) têm um número
moderado de habitantes potenciais perdidos para o AL. São zonas
tradicionalmente residenciais e com forte procura habitacional, mas sem o mesmo
impacto do turismo que se observa no centro histórico da cidade.
Já em
freguesias mais periféricas, como Carnide (234) e Lumiar (558), apresentam uma
capacidade habitacional baixa perdida para o AL, o que está relacionado com a
falta de pressão do turismo e uma menor quantidade de imóveis vagos.
A curva do
registos de AL em Lisboa
Crescimento
inicial (2007-2013): A partir de 2007, os registos de AL começam a aumentar
lentamente. Em 2013, o número de registos sobe de forma mais acentuada, com 164
novas licenças, impulsionado pelo crescimento do turismo em Lisboa.
De 2014 a
2018, o número de novos AL cresce exponencialmente. A liberalização das regras
e o boom turístico, impulsionado pelo interesse de investidores estrangeiros e
plataformas de alojamento online (AirBnb e outras) fizeram com que o número de
registos disparasse, atingindo um máximo em 2018, com 6.019 novas licenças.
Em 2019,
entram em vigor as Áreas de Contenção, limitando a proliferação de AL em zonas
turísticas densamente habitadas. Com a pandemia a partir de 2020, o número de
novos registos cai drasticamente.
A pandemia
afetou gravemente o turismo, com uma recuperação tímida em 2021 e 2022.
Em 2023, o
pacote Mais Habitação lançado pelo governo trouxe novas restrições ao registo
de AL, com uma queda significativa nos novos registos.
Note-se que
entre 2015 e 2018 o número de casas desviadas para o AL duplicou praticamente
todos os anos, quebrando-se esta explosão em 2019 com a crise imposta pela
pandemia e, em 2020, com a entrada em vigor efectivo das áreas de contenção de
novos registos da AML.
Essa redução
prova a eficácia destas medidas e a capacidade dos poderes públicos para
intervirem com eficácia nesta crise. A queda dos quatro dígitos de novos
registos para apenas três que se regista a partir de 2020 reforça esta leitura
porque este é o ano em que entra em vigor o Mais Habitação.
De igual
modo, com a aprovação de um conjunto de decretos-lei que favorecem fortemente o
sector do alojamento local contra os lisboetas e a resposta à crise da
habitação em Lisboa será de esperar que, daqui a um ano, quando fizer uma nova
extracção e análise aos dados da base de dados do Alojamento Local verei uma
nova explosão de casas desviadas para o AL.
Recordo
ainda que os números nesta tabela são apenas os dos novos registos e que os
valores reais são cumulativos.
Distribuição
dos alojamentos locais
Em 2024,
temos 12.866 AL controlados por empresas (proprietários de mais de um AL) e
5.392 operados por indivíduos com apenas um AL.
Embora a
base de dados não obrigue – como devia – a inscrição do número de contribuinte
nem do nome da empresa (quando existe), o facto de alguém ter mais do que um AL
em seu nome indicia uma “atitude empresarial” pelo que não deve ser considerado
como uma actividade secundária ou um hobby (como alega o Lobby do AL).
Aproveito
para repetir a minha opinião desde a altura em que entreguei na Assembleia
Municipal de Lisboa a primeira petição sobre o AL: nada contra alojamento local
em casas de habitação desde que se continue a habitar na casa ou que se o faça
em períodos sazonais: tudo contra a ocupação total por AL.
Recordo que
foi a recomendação aprovada pela Assembleia Municipal que foi enviada para o
Governo em 2018 levando subsequentemente à lei de 2018 que permitia a criação
de zonas de contenção de alojamento local.
Ou seja, a
Democracia Participativa funciona!
Resumo e
Conclusões Finais
A análise
dos dados do Alojamento Local (AL) em Lisboa revela um impacto substancial
sobre o mercado imobiliário e a habitação na cidade. As freguesias centrais,
particularmente Santa Maria Maior e Misericórdia, continuam a concentrar uma
elevada quantidade de ALs, contribuindo para a perda de capacidade habitacional
nestas áreas turísticas. Este fenómeno está a intensificar a pressão
imobiliária, tornando o acesso à habitação mais difícil para os residentes
permanentes.
Em
contraste, freguesias mais periféricas, como Lumiar e Carnide, apresentam uma
capacidade habitacional menos comprometida pelo AL, reflectindo uma menor
pressão turística. No entanto, mesmo em freguesias tradicionalmente
residenciais, como Areeiro e Alvalade, o impacto do AL é notável, destacando-se
a influência no aumento dos preços de arrendamento e na disponibilidade de
habitação.
A queda de
9,5% no número total de AL entre 2023 e 2024, devido às novas restrições
legais, nomeadamente o programa Mais Habitação e as Áreas de Contenção,
demonstra que as políticas públicas estavam a começar a surtir efeito. No
entanto, o mercado ainda mostra sinais de resiliência em áreas mais turísticas,
sugerindo que as atuais medidas poderão não ser suficientes para resolver
completamente a crise habitacional em Lisboa.
Com as
medidas aprovadas a 23 de outubro e que vão entrar em vigor em novembro, a
perspectiva é de um agravamento após a ligeira tendência de queda, com o risco
de uma nova explosão do crescimento do AL em Lisboa, inclusive, com o regresso
aos números estratoféricos de crescimento anteriores a 2019.
A crescente
concentração de AL em mãos de “empresas” (70,47% do total) também revela uma
crescente profissionalização do sector, o que contraria a ideia inicial de que
o AL serviria para complementar os rendimentos familiares.
O uso
comercial e de grande escala dos AL levanta justas e adequadas preocupações
sobre o equilíbrio entre turismo e habitação para residentes permanentes.
O futuro
próximo
Nos próximos
anos, acreditava que o impacto das políticas restritivas, como o programa Mais
Habitação, continuaria a reduzir gradualmente o número de novos registos de AL,
particularmente nas áreas de contenção.
Apesar disso
acreditava que a diminuição do número de
ALs poderia não ser uniforme em toda a cidade, com as zonas mais turísticas,
como o centro histórico, a apresentarem uma maior resistência à redução devido
à elevada procura turística e ao apelo contínuo para investidores.
Era minha
opinião que, nestes locais, além de “contenção” precisávamos de políticas
públicas que promovessem o regresso destas casas ao uso habitacional. Mas agora
com o pacote “Construir Portugal” torno a ficar pessimista com esta vitória
esmagadora do Lobby do AL sobre os habitantes de Lisboa a qual, acredito, só
seria e será possível com o apoio do actual executivo camarário e do governo da
República.
A tendência
de profissionalização do mercado de AL, com um número crescente de empresas a
operar múltiplas unidades, deverá assim continuar e até aprofundar-se, levando
à possível consolidação do sector. Este cenário deveria gerar uma maior
regulamentação e controlo, especialmente com a crescente pressão para garantir
uma fiscalização mais eficaz por parte das autoridades, como forma de assegurar
que os ALs cumprem as novas regras e restrições. Isso, contudo, não está a
acontecer a nível da fiscalização nem da CML nem da ASAE.
Por outro
lado, acredito que a procura habitacional continue a aumentar em Lisboa,
pressionada pela população crescente e pela falta de oferta de habitação
acessível. Na minha opinião as autoridades deveriam reforçar as políticas
públicas focadas na recuperação de imóveis vagos e na criação de incentivos
para que estes imóveis voltem ao mercado de arrendamento residencial, em vez de
serem convertidos para fins turísticos.
Infelizmente
não vejo perspectivas disso em Lisboa a curto prazo. A menos que os cidadãos se
levantem e aumentem a pressão sobre o Governo da República e o Executivo da
Câmara Municipal. A este respeito sugiro acompanhar muito de perto o Referendo
pela Habitação que já reuniu mais de nove mil assinaturas para que seja
realizado em Lisboa o primeiro – de sempre – referendo por iniciativa popular
numa autarquia portuguesa precisamente sobre esta problemática do desvio para
uso turístico (AL) de casas de habitação.
Rui Martins
Rui Martins
nasceu em Lisboa, numa Rua da Penha de França, num edifício com uma das portas
Arte Nova mais originais de Lisboa. Um ano depois já tinha migrado (como tantos
outros alfacinhas) para a periferia. Regressou há 18 anos. Trabalha como
informático. Está ativo em várias associações e movimentos de cidadania local
(sobretudo na rede de “Vizinhos em Lisboa”).
Chronicle
A new
short-term rental boom ahead in Lisbon?
Local
Accommodation could free up about 100 thousand beds for housing in Lisbon. The
containment measures and the More Housing program reduced the registrations of
new AL by 9.5% between 2023 and 24, but the change in legislation may cause a
new boom.
by Rui
Martins
04.11.2024
https://amensagem.pt/2024/11/04/alojamento-local-lisboa-habitacao/
In October
2023, I surveyed data from all local accommodation (AL) registered in Lisbon,
through information available in the National Registry of Local Accommodation
(RNAL). A year later, I repeated the process and now, with the two samples, it
is possible to draw some conclusions.
With 106,881
potential users registered in total in the AL database (i.e.: housing that
could be used for residents as early as tomorrow), the impact of AL on the
housing crisis in Lisbon is evident. The significant amount of properties used
for tourism is aggravating the lack of affordable housing, reducing supply and,
consequently, putting upward pressure on housing rental prices in the city.
Between
October 2023 and 24, the parish that recorded the highest increase in AL was
Olivais (303%), followed by Santo António (60%) and Santa Maria Maior (22%).
The biggest drops were in Belém (-82%), Parque das Nações (-74%), and Areeiro
(-57.3%).
Overall,
there was a reduction of 9.5% in the total number of AL registered, from 20,173
in 2023 to 18,256 in 2024. This drop is linked to new restrictions, such as the
Containment Areas and the More Housing program. It would be important, even
vital, for the city of Lisbon to maintain this corrective path that was having
visible effects on the rental market and that now, through the set of measures
favorable to Local Lodging, will certainly reverse all these processes.
Particularly
harmful to the interests of Lisboners will be the loss of capacity of
condominiums to stop the installation of new ALs in their own buildings.
The
extraction revealed several curiosities, such as lawyers and civil servants
exploiting AL, employees of schools, public institutions, companies, hotels,
foreign citizens holding Golden Visas, among many others (some with big names
in the areas of the media and the economy), reflecting a diversity of sectors
involved in the local accommodation market and that, consequently, reinforce
the empire of the Al Lobby over the governance of the city and the Republic.
Housing
Impact
Santa Maria
Maior and Misericórdia today have a bed for 24,147 and 18,061 tourists,
respectively in each of the parishes. This number of "users" (the
terminology used by RNAL to classify the number of guests in local
accommodation) is potentially the number of inhabitants that these parishes may
be losing to tourism.
Located in
the historic center of Lisbon and with a highly touristic vocation, the two
parishes together potentially lost 42,208 inhabitants to local accommodation
(AL), that is, a population similar to Ílhavo or Ponte de Lima.
Despite the
containment mechanism and, as expected, there was no reversal of the transfer
of these houses from tourist to residential use (where they were originally
located and where they should return as a response to the housing crisis).
In Arroios
and Santo António, there is a great housing potential in local accommodation,
with 15,029 and 10,199 users, respectively.
These
central areas are popular for both residents (Portuguese and foreigners) and
for tourist accommodation, which creates a great deal of pressure on the
properties of these Lisbon parishes. If vacant properties were returned to
housing, this return to original use would certainly alleviate the housing
problem in the short term.
Parishes
such as Parque das Nações (159 users) and Belém (318) have a relatively low
wasted housing capacity for AL.
Parishes
such as Areeiro (1,715), Alvalade (2,106) and Campo de Ourique (2,856) have a
moderate number of potential inhabitants lost to AL. They are traditionally
residential areas with strong housing demand, but without the same impact of
tourism that is observed in the historic center of the city.
In more
peripheral parishes, such as Carnide (234) and Lumiar (558), they have a low
housing capacity lost to AL, which is related to the lack of pressure from
tourism and a lower amount of vacant properties.
The curve of
AL registrations in Lisbon
Initial
growth (2007-2013): From 2007 onwards, AL registrations began to increase
slowly. In 2013, the number of registrations rose more sharply, with 164 new
licenses, driven by the growth of tourism in Lisbon.
From 2014 to
2018, the number of new LAs grows exponentially. The liberalization of the
rules and the tourist boom, driven by the interest of foreign investors and
online accommodation platforms (AirBnb and others) caused the number of
registrations to skyrocket, reaching a maximum in 2018, with 6,019 new
licenses.
In 2019, the
Containment Areas came into force, limiting the proliferation of LA in densely
inhabited tourist areas. With the pandemic from 2020, the number of new
registrations drops dramatically.
The pandemic
has severely affected tourism, with a timid recovery in 2021 and 2022.
In 2023, the
More Housing package launched by the government brought new restrictions on the
registration of AL, with a significant drop in new registrations.
It should be
noted that between 2015 and 2018 the number of houses diverted to AL doubled
practically every year, breaking this explosion in 2019 with the crisis imposed
by the pandemic and, in 2020, with the effective entry into force of the
containment areas of new AML records.
This
reduction proves the effectiveness of these measures and the ability of the
public authorities to intervene effectively in this crisis. The drop from the
four digits of new registrations to just three that is registered from 2020
reinforces this reading because this is the year in which Mais Habitação comes
into force.
Likewise,
with the approval of a set of decree-laws that strongly favor the local
accommodation sector against the people of Lisbon and the response to the
housing crisis in Lisbon, it is to be expected that, in a year's time, when I
make a new extraction and analysis of the data from the Local Accommodation
database, I will see a new explosion of houses diverted to AL.
I would also
like to remind you that the figures in this table are only those of the new
registrations and that the actual figures are cumulative.
Distribution
of local accommodation
In 2024, we
have 12,866 LAs controlled by companies (owners of more than one AL) and 5,392
operated by individuals with only one AL.
Although the
database does not require – as it should – the registration of the tax number
or the name of the company (when it exists), the fact that someone has more
than one AL in their name indicates an "entrepreneurial attitude" and
should not be considered as a secondary activity or a hobby (as the AL Lobby
alleges).
I take this
opportunity to repeat my opinion from the time I delivered the first petition
on AL to the Lisbon Municipal Assembly: nothing against local accommodation in
dwelling houses as long as you continue to live in the house or that you do it
in seasonal periods: everything against total occupation by AL.
I recall
that it was the recommendation approved by the Municipal Assembly that was sent
to the Government in 2018, subsequently leading to the 2018 law that allowed
the creation of local accommodation containment zones.
In other
words, Participatory Democracy works!
Summary and
Final Conclusions
The analysis
of Local Accommodation (AL) data in Lisbon reveals a substantial impact on the
real estate market and housing in the city. The central parishes, particularly
Santa Maria Maior and Misericórdia, continue to concentrate a high number of
ALs, contributing to the loss of housing capacity in these tourist areas. This
phenomenon is intensifying real estate pressure, making access to housing more
difficult for permanent residents.
In contrast,
more peripheral parishes, such as Lumiar and Carnide, have a housing capacity
less compromised by AL, reflecting less tourist pressure. However, even in
traditionally residential parishes, such as Areeiro and Alvalade, the impact of
AL is remarkable, highlighting the influence on the increase in rental prices
and housing availability.
The 9.5%
drop in the total number of ALs between 2023 and 2024, due to new legal
restrictions, namely the More Housing program and the Containment Areas, shows
that public policies were beginning to have an effect. However, the market
still shows signs of resilience in more touristic areas, suggesting that the
current measures may not be enough to completely solve the housing crisis in
Lisbon.
With the
measures approved on October 23 and which will come into force in November, the
outlook is for a worsening after the slight downward trend, with the risk of a
new explosion in AL growth in Lisbon, including a return to stratospheric
growth figures prior to 2019.
The growing
concentration of AL in the hands of "companies" (70.47% of the total)
also reveals a growing professionalization of the sector, which contradicts the
initial idea that AL would serve to supplement family income.
The
commercial and large-scale use of LA raises fair and appropriate concerns about
the balance between tourism and housing for permanent residents.
The near
future
In the
coming years, I believed that the impact of restrictive policies, such as the
More Housing program, would continue to gradually reduce the number of new AL
registrations, particularly in containment areas.
Despite
this, he believed that the decrease in the number of ALs could not be uniform
throughout the city, with the most touristic areas, such as the historic
center, showing greater resistance to reduction due to high tourist demand and
continued appeal to investors.
It was my
opinion that, in these places, in addition to "containment", we
needed public policies that would promote the return of these houses to
residential use. But now with the "Building Portugal" package, I am
once again pessimistic about this overwhelming victory of the AL Lobby over the
inhabitants of Lisbon, which, I believe, would only be and will only be
possible with the support of the current municipal executive and the government
of the Republic.
The trend of
professionalization of the AL market, with an increasing number of companies
operating multiple units, is thus expected to continue and even deepen, leading
to the possible consolidation of the sector. This scenario should lead to
greater regulation and control, especially with the growing pressure to ensure
more effective enforcement by the authorities, as a way to ensure that LAs
comply with the new rules and restrictions. This, however, is not happening at
the level of inspection by either the CML or ASAE.
On the other
hand, I believe that housing demand will continue to increase in Lisbon,
pressured by the growing population and the lack of affordable housing supply.
In my opinion, the authorities should strengthen public policies focused on the
recovery of vacant properties and the creation of incentives for these
properties to return to the residential rental market, instead of being
converted for tourism purposes.
Unfortunately,
I don't see any prospects of that in Lisbon in the short term. Unless citizens
stand up and increase the pressure on the Government of the Republic and the
Executive of the City Council. In this regard, I suggest following very closely
the Referendum for Housing, which has already gathered more than nine thousand
signatures for the first – ever – referendum by popular initiative in a
Portuguese municipality to be held in Lisbon, precisely on this problem of the
diversion for tourist use (AL) of residential houses.
Rui Martins
Rui Martins
was born in Lisbon, in Rua da Penha de França, in a building with one of the
most original Art Nouveau doors in Lisbon. A year later he had already migrated
(like so many other alfacinhas) to the periphery. He returned 18 years ago. He
works as a computer scientist. He is active in several associations and local
citizenship movements (especially in the network of "Neighbors in
Lisbon").
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