sábado, 8 de maio de 2021

What Is Paris Mayor Anne Hidalgo’s Plan for a '15-Minute City'?


CIDADE

Carlos Moreno e a cidade de 15 minutos: “Parisienses ficaram felizes com ruas sem carros, mais lojas e jardins”

 


Entrevista exclusiva com o criador do conceito, sobre a sua aplicação em Paris. Conta como a intervenção política no trânsito, mas também no comércio, turismo e escolas ajudou a cidade a ficar mais feliz.

 


Catarina Carvalho

por Catarina Carvalho

08.05.2021

https://amensagem.pt/2021/05/08/carlos-moreno-cidade-15-minutos-entrevista/?fbclid=IwAR2s4LReOwsYufU83Tes8wbrnh6nkK3tMfiFtuxFD036kXiElLUKzvsbBv8

 

Aexpressão “cidade de 15 minutos” tem sido muito citada mas não haverá melhor que o seu inventor para explicá-la. Foi Carlos Moreno, urbanista especialista em sistemas complexos, colombiano a viver em Paris há mais de 20 anos, professor na Sorbonne, quem cunhou o termo em 2016. Mais tarde, a ideia foi adotada pela presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, que ganhou o segundo mandato com ela.

 

Moreno é uma pop star do urbanismo: o seu tempo escasso divide-se em centenas de conferências, artigos, consultadorias pelo mundo inteiro. Mas a ideia de base que lhe deu a fama, é bem simples. E o objetivo, ecológico. “A cidade de 15 minutos é um novo paradigma para combater as mudanças climáticas e continuar a viver em boas condições nas cidades”, diz, em entrevista exclusiva à Mensagem. A entrevista foi marcada depois de Moreno ter partilhado no seu twitter o artigo que analisamos Lisboa à luz do conceito. Aceitou porque adora divulgar a ideia que, para ele, se tornou a sua própria vida.

 

A “Cidade de 15 minutos” nasceu na COP21, o encontro das Nações Unidas que deu origens aos acordos climáticos de Paris, em 2015. “Foi nesse momento que os estados discutiram de forma séria o aquecimento global. E os autarcas também, queriam saber como podiam as cidades contribuir para menos emissões de carbono. As cidades são o maior contribuinte para as emissões de CO2, e, nas cidades, os transportes, claro”.

 

A resposta de Moreno foi um pouco contra a corrente. Na altura já se falava em mobilidade verde, e outros conceitos menos poluentes. Ele foi mais radical: deixemos de falar de mobilidade, falemos de proximidade, propôs. Se queremos reduzir radicalmente as emissões de CO2 precisamos de parar de andar de um lado para o outro. De reduzir as distâncias que percorremos. E, quando tivermos de as percorrer, que seja com meios suaves e não poluentes, como a pé ou de bicicleta.

 

O bairro como centro da vida urbana

“Ou seja, não chega desenvolver tecnologias para ter uma mobilidade mais limpa. A ideia é que temos de reduzir, mesmo radicalmente, a mobilidade nas cidades”, explica Carlos Moreno. “A ideia que tivemos foi propor um novo estilo de vida urbano num perímetro curto, para todas as funções sociais essenciais, que são seis: viver, trabalhar, comprar, cuidar, educar e divertir-se. E um grande incentivo à bicicleta.”

 


O esquema de vida proposto pelo conceito de Carlos Moreno. Imagem: Câmara de Paris

 

Parece complexo, mas baseia-se, afinal, em algo que todos conhecemos bem. Há, até, uma expressão em francês que o define, Métro, boulot, dodo: a rotina transportes/trabalho e casa… só para dormir. Carlos Moreno, que é um académico, fala de crono-urbanismo. Ou seja, a organização das cidades através do tempo e não apenas do espaço. Do tempo que uma pessoa leva a percorrer uma determinado espaço. Esse tempo tem vindo a esticar-se nas nossas mega urbes, com centros e periferias cada vez mais distantes – propocionados pelo uso do automóvel. Poucos vivem ao pé de onde trabalham, ou estudam, ou fazem o que quer que seja. Tudo o que se faz implica tomar um transporte – e isso implica emitir carbono.

 

“Quando eu propus esta ideia. Disseram-me: ‘Ah, é muito boa, Carlos, mas é uma utopia!’ Porque não parecia possível propor aos cidadãos trabalhar perto de casa. Ou fazerem tudo no seu bairro… Mas a pandemia de covid-19 veio dar-nos razão. A primeira lição é que devemos viver em maior proximidade. Foi a melhor forma de espalhar este paradigma. E depois todos os autarcas à volta do mundo consideraram que tinham de dar uma nova perspetiva à vida urbana. Para além da Covid 19”.

 

Atrás da proximidade vêm uma série de ideias essenciais das quais muitas das grandes metrópoles já se esqueceram: o bairro como célula da vida urbana, o enriquecimento do tecido social, a noção de vizinhança, o usufruto do espaço público. “Um bairro não é só uma associação de prédios, mas também uma rede de relações sociais, um ambiente onde os sentimentos e a empatia possam florescer”, explica o urbanista.

 

Carros contra bicicletas

A presidente da Câmara de Paris, a socialista Anne Hidalgo, percebeu bem tudo isso e fez destas ideias a base da sua política para a cidade. Da primeira vez, durante o mandato. Da segunda, no seu programa eleitoral às eleições da primavera de 2020. “Anne Hidalgo ganhou as últimas eleições, já em pandemia, com este programa”, diz Moreno, com orgulho. Sobretudo depois de, nos primeiros anos a socialista ter sido foi muito criticada: “Ela atreveu-se a impor esta transformação. Mas foi muito, muito impopular. E os vários observadores diziam até que não ia ser reeleita”.

 

No centro da oposição política estava algo bem comezinho: “Houve uma oposição séria a tudo isto da gente que queria os seus carros, que a acusava de estar a transformar a cidade para as bicicletas. O lóbi automóvel, claro, mas também das pessoas, numa certa oposição irracional, que estavam convencidas que não é possível viver assim na cidade. Há uma parte da população que não está interessada em andar de transportes porque prefere usar o carro para ir trabalhar. Por isso o ponto mais importante é mudar as mentalidades das pessoas para aceitarem que é melhor para trabalhar, ir de bicicleta, ou transporte público, do que ir de carro. Hoje isto é uma realidade. E até nos subúrbios, o uso do carro também diminuiu. As pessoas que usam o carro são menos de 46%. Há 20 anos eram mais que 60%. O mais importante é dar uma perspetiva, oferecer uma visão nova de cidade. Um programa concreto e engajar as pessoas na transformação real. Mesmo que durante um certo tempo sejamos totalmente impopulares. Foi muito complicado.”

 

A importância do automóvel na cidade é muito mais do que urbanismo. É política e é econonia. Para Moreno, o carro está no cerne da evolução perniciosa das cidades. Como explicava o urbanista num artigo basilar em janeiro deste ano, na revista científica Smart Cities, “os carros mudaram a dinâmica do planeamento urbano, abrindo portas às devastadoras consequências da expansão urbana”.

 

A saber: o decréscimo da qualidade de vida, a diminuição da qualidade do ar, da biodiversidade, o peso sobre a desflorestação (para construção de mais e mais subúrbios, mais e mais estradas), o aumento das necessidades energéticas e as emissões de carbono e o respetivo efeito no clima. Mas também, algo que poucos consideram, o peso secundário nas finanças familiares – nomeadamente no endividamento das famílias para a compra de carro e a sua manutenção – e o aumento das desigualdades sociais.

 

E o que mudou para a vitória de Anne Hidalgo, no início do ano passado – embora por curta margem, e entre bastante abstenção, por causa da pandemia? “O que mudou foi que ela estava certa”, diz Moreno, rindo. Mais a sério: “Os parisienses ficaram muito contentes porque conseguiram transformar a sua vida do dia a dia. Porque temos coisas muito boas: os parques urbanos, as margens do Sena, as ruas sem carros, mais comércio, as escolas abertas…”

 

A cidade de 15 minutos, a pé de de bicicleta

Em Paris, a cidade dos 15 minutos está em plena construção. Literalmente. Há obras por todo o lado, a começar nas grandes praças que são tão características da sua planta em estrela. Moreno mostra orgulhoso as fotografias das obras na Praça da Bastilha e como deixou de ser uma rotunda, como se fez uma ligação ao rio, numa escadaria nova do cais do Arsenal. “Estamos a transformar as sete mais importantes praças: Pantheon, Nacion, Bastilha, Madeleine. Italie, Gambetta, Fêtes.“ Para todas há um plano de 44 milhões em que, cada uma à sua maneira, serão devolvidas aos peões.

 

Em cima, as várias Praças que estão a ser alteradas, em Paris, para dar mais espaço aos peões e menos aos carros. Fotos: Câmara de Paris

 

Hidalgo anunciou querer uma Paris 100% ciclável, mas também segura para os peões até final do mandato. “Já temos mais de 1000 km dedicados a bicicletas em Paris. Com ciclovias dedicadas e protegidas. Temos o programa velib – de bicicletas partilhadas (idêntico a Gira), e fomos os primeiros a propor a elétrica. Mas o plano é ter todas as ruas com ciclovias protegidas e dedicadas. Todas”, explica Moreno.

 

Isso significa não escolher, mas tornar mesmo todas as ruas cicláveis de uma forma ou outra. Mas há mais: “Fazer uma cidade para os peões. Temos de promover uma mobilidade ativa e dar mais espaço para os pedestres. Vou dar exemplos: as margens do Sena, a Rue de Rivoli, tinha sete faixas para carros, hoje é totalmente pedestre e para bicicletas.”

 

A bicicleta é um dos pontos essenciais deste plano, explica Moreno, “porque não é possível propor uma cidade de 15 minutos, acessível num perímetro curto sem propor poderosas infraestruturas em particular para proteger os ciclistas”.

 


A rue de Rivoli já é totalmente para bicicletas e peões (e táxis). Foto: Câmara de Paris

 

Muito passa por aí, mas nem tudo é mobilidade numa metrópole. “A Anne Hidalgo viu nisto uma boa maneira de ir além das medidas das mudanças climáticas, a possibilidade de fazer uma nova proposta urbana aos parisienses”, explica Moreno. “A cidade de 15 minutos é a base de uma revolução urbana. A possibilidade de discutir em que cidade queremos viver, de facto. E qual é a trajetória para mudar o nosso estilo de vida urbano? Qual é a forma de melhorar a qualidade global na cidade?” Carlos Moreno faz as perguntas e dá a resposta: “Uma proximidade feliz.”

 

Câmara compra lojas para manter comércio local

Quem conhece Paris sabe que a cidade tem uma especial apetência para esta proximidade. Construída em estrela, partindo das várias praças centrais, cada “arrondissement” tem ruas comerciais e outras habitacionais, e à mão de semear há normalmente padarias, talhos, frutarias e até lojas de flores. Esta divisão de usos é tradicional, mas as coisas mudaram e a chamada gentrificação trouxe novos desafios. Há outras lojas, as rendas subiram e tornaram impraticáveis alguns negócios com menos margem, ou não fosse Paris uma das cidades mais apetecíveis do mundo.

 

Um exemplo? “É impossível ter uma livraria no XVIº Bairro (perto da Torre Eiffel) o mais caro de Paris. Porque o metro quadrado é muito caro. Não é possível vender livros, precisamos de vender moda, ou ter lojas mais turísticas. Mas para ter um bairro ativo temos de ter estas atividades. A cidade dos 15 minutos passa, por isso, muito por ter uma adaptação do comércio”.

 


Uma das lojas apoiadas pelo programa da Câmara de Paris. Foto: Semaeste

 

Então como fazer numa economia liberal? Talvez torná-la um pouco menos liberal. A Câmara de Paris comprou mais de 62 mil lojas a privados e pô-las a concurso para determinados usos. “Trata-se de reforçar a malha do comércio e serviços de proximidade e favorecer a produção local e circuitos curtos de bens alimentares, comércio cultural como livrarias, artesanato, ferragens e mercearias, serviços (entregas, pequenos arranjos, etc), espaços de fabricação”, diz a página da Câmara Municipal de Paris.

 

Só esta forma de planeamento centralizado permite corrigir as disfunções de um mercado a funcionar de acordo com as pressões habituais: imobiliário, turismo, etc… “Para isso consideramos o comércio local como um bem comum. Esta é a lei da autarquia da cidade de Paris que nos permite atuar”, explica Moreno.

 

Quem consultar a página do programa Semaeste – uma empresa municipal dedicada à organização das actividades comerciais – verificará que há, por exemplo, uma livraria para alugar no V Bairro, junto do Jardim do Luxemburgo, de 100 metros quadrados por 27 mil euros. Ou um atelier para artesãos de arte, de 93 metros quadrados, por 18.600 euros, no XIº Bairro. Preços muito abaixo do mercado.

 

Carlos Moreno explica como tem mudado Paris.

“Em particular se queremos evitar a gentrificação dos bairros onde estamos a requalificar o urbanismo – o que é fácil acontecer, porque se tornam lugares mais agradáveis – temos de agir. Temos 4 objetivos: gerar locais para que os negócios possam funcionar, promover a economia local, desenvolver as atividades nos distritos para equilibrar o ecossistema, e resistir contra as plataformas digitais. Temos um masterplan – uma ferramenta de planeamento urbano muito poderosa para nos guiar as decisões, para desenvolver as lojas que fazem sentido em cada local”, explica Moreno.

 

Na sequência deste programa, a cidade de Paris instituiu uma marca “Fabrique a Paris” – fabricado em Paris. “Para encorajar as pessoas a produzir, para criar empregos, para criar economia, para desenvolver o vínculo social. Porque não é só comércio. Uma livraria por exemplo, pode promover conferências, masterclasses, etc… Podemos ter uma loja de artesanato africano a promover exposições culturais. Dar concertos de música. Promover a economia sustentável, por exemplo, com lojas de produtos de segunda mão”, diz o urbanista. 

 

Sem comércio de bairro… não há bairro. Por muita ciclovias que haja, ou muitas ruas sem carros. Moreno não tem dúvidas: “Isto é muito importante porque cada uma destas lojas desenvolve a economia local, os empregos, cultura, etc… Este é um dos mais importantes pontos de desenvolvimento da vida do bairro”

 

Esta não é “uma guerra contra os turistas”, algo que em Paris seria insano. Apesar de haver muita pressão para controlar as plataformas de aluguer de casas, algo que a Câmara ainda não conseguiu. Hidalgo queria restringir o aluguer a 30 dias por ano – atualmente são 120 -, e fazer um referendo sobre o assunto, mas o Conselho de Cidadãos não esteve pelos ajustes.

 

 Moreno explica, no entanto, que acredita que a consequência desta política será uma forma de tornar cada bairro mais atrativo, até para os turistas. “Os turistas visitam sempre os mesmos sítios. A ideia é descentralizar. Por isso o novo presidente da oficina de turismo é o ex-presidente de Voyageurs du Monde, que é uma pessoa muito humanista, ecologista.”

 

As escolas são as capitais dos bairros de 15 minutos

Quando Moreno e Hidalgo discutiram como podia operacionalizar-se tudo isto, e quem seriam os agentes da mudança, nos bairros, não foi difícil chegar a uma conclusão: as escolas. “Precisávamos de propor uma proximidade real para os parisienses. Na realidade as escolas são já um elemento muito importantes na harmonia da vida urbana. A escola é a liberdade, igualdade e fraternidade. Pública, laica e gratuita. E isto é a base da coesão social. Porque todas as pessoas, independente das suas posições sociais manda as crianças para a escola pública. Então, a escola em Paris será a capital da cidade de 15 minutos”, conta Moreno.

 

As escolas deixaram de estar fechadas, e abriram-se ao público em geral, sobretudo à noite e aos fim de semana. Os seus anfiteatros transformaram-se em lugares de apresentação e reunião. Os seus jardins em oasis de bairro. E as ruas à volta foram libertadas de trânsito. Começaram com 12 escolas, a título experimental. “Acho que até ao verão estarão todas”, anuncia Moreno. 

 

Um bairro de 15 minutos implica que haja vários usos para as mesmas coisas. Uma escola é também um jardim. Um jardim é também um lugar de ateliers. A rua é para peões, bicicletas e transportes públicos. Isso é ao contrário do que tem acontecido com as cidades dos tempos modernos – em que a concentração de serviços, por exemplo, transformou bairros em fanstasmas, à noite.

 

Carlos Moreno advoga o contrário. “Temos de pensar como podemos lutar contra uma cidade fragmentada, em Paris. Como podemos reequilibrar a cidade, contra a segmentação em diferentes áreas: histórica, administrativa, turística, empresarial, popular, classe média, subúrbios.”

 

 E dá um exemplo: o Quartier des Amandiers  – o bairro com mais densidade populacional da Europa, 200.000 habitantes, no XXº Bairro. “É muito pobre. Com tensões económicas. Imigração. Durante décadas o único ponto de intervenção urbana era ter habitação social, sem mais funções nenhumas. Agora decidimos lançar um projeto muito interessante para misturar as funções sociais num único local – de cultura, apoio social, teatro, ateliers, cozinha, etc… Criámos uma escola muito poderosa de street art, por exemplo. E os miúdos do bairro, em vez de irem fazer tags agora vão à escola ao Plateau Sauvage para aprender a como fazer grafiti e outras expressões artísticas. E misturámos também a agricultura urbana”.

 

Hortas para todos os gostos em mais de 100 hectares

A agricultura urbana, embora pareça uma ideia mais utópica, é um dos pilares de toda esta política. Paredes vegetalizadas, hortas nos telhados, solos de pedra com canteiros trabalhados, colmeias… tudo expressões de um hábito que se está a tornar normal em Paris. Moreno diz que a cidade já conseguiu libertar 100 hectares (cem campos de futebol, para dar uma noção) para agricultura urbana.

 

O programa Parisculteurs que põe a concurso uma série de locais para quem os quiser cultivar, ou arranjar ideias de cultivo, já vai na quarta edição e continua a dar frutos – neste caso, dos verdadeiros, com sumo e casca. Mais uma vez, o processo é ao mesmo tempo centralizado e descentralizado: a Câmara tem olheiros que identificam as terras sem uso na cidade, e depois abre concursos para as associações ou agricultores individuais.

 

“Uma das chaves da Cidade de 15 minutos é encontrar os recursos escondidos e transformá-los em recursos visíveis”, diz Moreno. É o que acontece aqui. “Pegar em cada um deles e propor as misturas de atividades – é este o segredo. Como podemos reutilizar cada um dos metros quadrados de uma cidade em objetivos múltiplos”.

 

O site é impressionante em si mesmo – www.parisculteurs.paris. Mas há projetos âncora como o da Quinta dos Carris, que ocupou um espaço de carris antigos com uma horta e um jardim. Ou a fabricação de mel em determinados espaços – há 700 colmeias. Ou a mais recente ideia de transformar um antigo edifício dos correios numa horta em altura.

 

 Segundo os planos estratégicos anunciados pela Câmara, a ação de “verdificação” da cidade passa por pôr em andamento um plano de abastecimento que ligue os franceses aos produtos locais e respeitadores do ambiente, a criação de jardins partilhado, quintas pedagógicas, hortas e pomares escolares, a requalificação de vinhas, a criação de uma permissão de criação de espaços verdes e uma escola de agricultores urbanos.

 

Moreno vibra ao contar todas estas histórias. Como um demiurgo que vê a sua obra a pôr-se em prática. Como alguém que sabe que a sua cidade é cada vez mais invejável. “Este é um modelo novo para gerir a cidade”, diz. “Transformamos o espaço público e isso significa propôr viver de forma diferente, numa nova atmosfera.” A atmosfera de uma cidade mais feliz. E mais próxima. Como deviam ser as cidades.

 

CATARINA CARVALHO

Jornalista desde as teclas da máquina de escrever do avô, agora com 48 anos está a fazer o projeto que melhor representa o que defende no jornalismo: histórias e pessoas. Lidera redações há 20 anos – Sábado, DN, Diário Económico, Notícias Magazine, Evasões, Volta ao Mundo… – e segue os media internacionais, fazendo parte do board do World Editors Forum. Nada lhe dá mais gozo que contar as histórias da sua rua, em Lisboa


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