domingo, 31 de agosto de 2014

Mistérios da fé: os Zés que fazem falta


Mistérios da fé: os Zés que fazem falta
Helena Matos / 31-8-2014 / OBSERVADOR
Enquanto lisboeta regozijo-me por José Sá Fernandes ter a seu cargo os jardins. Suponha-se que lhe tinham dado rédea livre para as estátuas, cruzes, bibliotecas pejadinhas de livros ultrapassados?

O carácter messiânico da esquerda que quer sempre ser mais esquerda, mais pura e que passa a vida a garantir que agora é que vai ser produz a nível internacional fenómenos como Hollande (são dignos de uma antologia da fé os títulos da imprensa portuguesa após a eleição de Hollande) e, numa pequena escala, gera fenómenos como José Sá Fernandes que assim que passam das palavras aos actos se assemelham àqueles balões que mal saem das mãos do vendedor para as da criança começam a perder gás. (Ainda não me recompus dos cinco euros que dei por um balão Hello Kitty na precisa semana em que se descobriu que a dita afinal não é uma gata mas sim uma menina e para meu azar o balão também descobriu que não quer ser balão e está para ali mais vazio que os nossos bolsos depois de pagarmos os impostos com que este governo mais liberal de sempre nos presenteia.)

Pois o nosso Zé, o tal que nos garantiam fazia falta, é uma dessas figuras. Agora deu-lhe para embirrar com os buxos da Praça do Império: “estão ultrapassados” diz a assessoria de imprensa do vereador que, talvez no entusiasmo de finalmente ter algo para comunicar, importou para a jardinagem um conceito da propaganda totalitária: só se conserva o que está de acordo com a ideologia dominante. O passado e o não conforme apagam-se. Cortam-se. Deixam-se secar.

Felizmente para nós que o vereador Sá Fernandes tem o pelouro dos jardins e assim só lhe sobram os buxos da Praça do Império e, daqui lhe lanço o meu repto, terá também de intervir nas hortas da capital, pois terá de admitir o senhor vereador que nisto de hortas citadinas, mais a mais biológicas, Salazar foi precursor. O senhor vereador já pensou que em cada lisboeta que planta verduras por essa capital fora se esconde um manhoso português sempre a dizer que tem saudades do campo, que na sua aldeia é que se está bem mas que depois não despega daqui nem por nada? Eu se fosse ao senhor vereador instituía um exame de anti-salazarismo aos candidatos a hortelões, para avaliar das suas intenções progressistas, porque sem essa avaliação corre-se o risco de cada pé de couve que medra na capital se transformar numa ode ao pretérito chefe de Governo, para todos os efeitos patrono honorário das hortas nesta Lisboa que desde o rinoceronte que el-rei D. Manuel I, o Venturoso de seu cognome, mandou ao Papa Leão X, já viu tanta coisa que nada a espanta. Nem sequer o senhor vereador!

De qualquer modo enquanto lisboeta regozijo-me por José Sá Fernandes ter a seu cargo os jardins. Suponha-se que lhe tinham dado rédea livre para as estátuas, cruzes, azulejos, bibliotecas pejadinhas de livros ultrapassados e demais símbolos doutros tempos? Não havia picaretas nem fogueiras que chegassem! Imaginem o que seria de nós se o vereador olhasse com olhos de ver para a fachada dos Jerónimos? Para a Torre de Belém? Para a esfera armilar que está no pelourinho da Praça do Município?… Lisboa tornar-se-ia num imenso Chão Salgado ou, numa versão mais épica, numa Cartago após a passagem de Cipião: todo o vestígio do passado seria apagado.

Assim com os buxos a coisa é mais fácil e menos aparatosa. E sobretudo talvez finalmente o senhor vereador consiga fazer alguma coisa. Porque por assim dizer o senhor vereador é uma espécie de personificação do inconseguimento, palavra do afecto da presidente do nosso parlamento e que colocou meio país a tremer quando, no 10 de Junho, Cavaco Silva desmaiou e já todos nos víamos no sarilho do inconseguimento de Assunção Esteves ter conseguido ser Presidente da República, facto que transformaria num detalhe a rasoura que Sá Fernandes prepara aos buxos da Praça do Império. Mas deixemos essa terrífica visão presidencial no domínio do hipotético, que já temos agasturas que nos bastem, e voltemos ao nosso Zé que fazia falta, agora senhor vereador.

Que me recorde, o Zé enquanto vereador começou por querer criar uma marca de vinho e de azeite da capital. Nesta versão empreendedora também cogitou comercializar as amêijoas e as corvinas do Tejo. Estávamos então em Agosto de 2007. Para trás tinha ficado a fase em que Sá Fernandes era tão só advogado e se dedicava de alma e coração às providências cautelares que por pouco transformaram o Marquês de Pombal em campo santo. Aliás por alguns meses o terreno da Rotunda foi mais sagrado que o solo de Meca. Na santíssima graça do Senhor e também por abençoada intervenção da fraternidade devota do marquês, o Zé tornou-se vereador e Lisboa pode voltar a ser perfurada à vontade sem que a tribo do Zé e seus Zezinhos tivesse frémitos de agonia de cada vez que um martelo pneumático toca o alcatrão da capital. (Igualmente abençoado com a infinita graça de 18,1 milhões de euros foi o consórcio responsável pela obra e que colocou a Câmara de Lisboa em tribunal por causa das obras paradas no túnel do Marquês de Pombal. Mas note-se que os lisboetas até ficaram agradecidos por só terem pago 18,1 milhões de euros de indemnização, pois, como pressurosamente os jornalistas escreviam, a Câmara até conseguira poupar 6,5 milhões no acordo que fez com o dito consórcio, já que o tribunal fixara o valor da multa em 24,6 milhões de euros. Não sei se o Zé vereador participou nestas reuniões em que se tratava das multas provocadas por Zé impugnador ou se andava no Tejo em busca das corvinas. Mas estou em crer que o consórcio deve ir a Fátima todos os anos rogar para que Nossa Senhora, que tanto pode, dê muita saúde ao senhor vereador e sobretudo para que este quando deixar as presentes funções se dedique de novo às saudosas e benfazejas providências cautelares.)

É certo que o executivo municipal não acompanhou o Zé nos negócios da agricultura e da pesca. Assim o nosso Zé virou-se para o ar e em Fevereiro de 2008 anunciou a Parada do Vento. A mesma começou por ter uma designação apropriadamente em inglês, Wind Parade 2008, e constava de 25 torres eólicas, com a altura de quatro andares, que iriam ser instaladas junto da segunda circular, no Jardim Amália Rodrigues, no Parque Recreativo dos Moinhos de Santana, no Alto da Serafina, no Parque da Belavista, na Avenida da Índia, nos Olivais, na Piscina Municipal da Boavista, na Avenida Calouste Gulbenkian, junto à Cordoaria Nacional e na Avenida Padre Cruz. A Wind Parade surgia apadrinhada pelas European Wind Energy Association, Sustainable Energy Europe e Associação Portuguesa de Energias Renováveis que nestas coisas o nosso Zé arranja sempre muitos nomes para o apoiar. O vereador Sá Fernandes sabia de fonte certa que cada turbina, por ano, pouparia até 2,15 toneladas de CO2 e daria um rendimento de 2184 euros. Em Março, as turbinas já estavam reduzidas a quinze. Afinal Lisboa tem ventos que chegam e sobram, mas estes não correm de modo a produzir energia. Pouco depois a Wind Parade ficou transformada num evento simbólico em que se colocariam apenas algumas turbinas, para que o cidadão a elas se habituasse. E por fim nem isso.

Após esta desfeita que lhe foi pregada pelos ventos, o vereador voltou de novo à terra. E virou-se para os jardins. O Príncipe Real – aí está uma designação toponímica ultrapassadíssima pois já não existindo em Portugal príncipes menos se entende que se distingam os príncipes uns dos outros! – foi uma das vítimas das intervenções do Zé que de fazer falta no executivo estava nesta fase quase a tornar-se no Zé que o executivo já não podia ver e sobretudo não queria que fosse visto. O subsolo parecia ser um local apropriado a energia criativa do vereador. Em boa verdade o pavimento de alcatrão do Jardim do Príncipe Real não tinha problema algum mas Sá Fernandes entendeu que o mesmo devia ser substituído por um saibro estabilizado, feito à base de pó de vidro reciclado. Garantia então o vereador que só quem tivesse “memória curta” não veria as melhorias no piso. Se por melhoria se entender um irrespirável terreiro de pó no Verão e um lamaçal no Inverno pode falar-se em melhoria. Dado que ninguém confirmava a melhoria, antes pelo contrário, a CML optou por pulverizar o pavimento com uma espécie de cola que evitaria a libertação do pó de vidro no ar. Resultado: o piso do Jardim do Príncipe Real, que nesta fase parecia um campo experimental da guerra química, abateu e rachou.

E então Sá Fernandes desgostoso com o Tejo que não lhe deu amêijoas nem corvinas, triste com a Tapada da Ajuda que não produzia azeite nem vinho, traído pelos ventos que não geraram energia, malquisto com o solo da capital que qual praga bíblica ora se desfazia em pó ora se fendia, virou-se para os buxos da Praça do Império. Não trata deles. E pronto! Desde que Gomes da Costa nos finais do século XIX resolveu adequar à sua visão da História os quadros dos vice-reis da Índia e demais notáveis da nossa História que ornamentavam o Palácio do Governo na Índia portuguesa que não se via uma coisa assim. O militar, que havia de chegar a Presidente da República, não satisfeito com as representações pouco grandiosas desses nossos preclaros antepassados, avançou de pincel para os quadros e, mais barba menos armadura, compôs-lhes as vetustas figuras com a mesma resolução que depois o notabilizaria na guerra e nos golpes de Estado. O resultado foi mais devastador para a memória do Império que o arranque dos buxos dos brasões que o senhor vereador se propõe agora levar a cabo: ao certo não se sabe quem é quem naquela sucessão de heróis que nos olha, severa e atónita com o despautério, em 75 painéis, 42 dos quais recriados a gosto por aquele que anos mais tarde se tornaria no marechal Gomes da Costa.

Ora não há-de o senhor vereador ser menos que Gomes da Costa. Ele criou-nos um imbróglio histórico com as barbas de Afonso de Albuquerque e chegou a Presidente da República. O senhor vereador que por esse seu percurso também me parece talhado para mais altos voos quer alterar os brasões. Por mim, como lisboeta que sou, estou por tudo: se já paguei a obra anunciada num túnel, mais a multa pela providência cautelar e ainda a nova obra no mesmo túnel, porque não hei-de agora pagar o desbaste dos buxos mais as plantinhas que os irão substituir? Desde que não os substitua por aqueles calhaus e três pés de bambu que agora ornamentam tudo que é jardim e que a mim me destrambelham os nervos, tudo bem. E já agora, se findo este mandato municipal pensa voltar ao activismo das providências cautelares avise para o mail que segue abaixo porque nesse caso eu monto um consórcio e vou dedicar-me às obras públicas com as quais espero que o senhor vereador então já advogado volte a embirrar. Ou então montamos uma empresa de jardinagem.

Como o senhor vereador calculará eu sou uma mulher conservadora, logo nutro uma forte embirração para com as áreas mais rentáveis da jardinagem, a saber o cultivo de produtos alternativos ao tabaco. (Valha a verdade também já estamos os dois um bocado velhos para andarmos a brincar aos hippies, coisa que feita a consabida excepção aos Rolling Stones só é esteticamente aceitável até aos vinte e poucos anos.) Mas não digo que não à produção de buxos. Com formatos actualizados e ultrapassados.


A sério, o futuro de José Sá Fernandes preocupa-me. Porque, assim como assim, nós vamos ter sempre de aturar e sustentar os Zés que os messiânicos de serviço colocam no andor. E convenhamos que na galeria dos candidatos a tal lugar José Sá Fernandes até nem é dos piores. Nem o que nos causará mais dano. Perigosos são aqueles que se serviram dele e que agora o largam como coisa descartável que é e já andam por aí noutras procissões com outros que garantem fazer falta no andor.

Ó Sr. Prof. Dr. Eng.!


Ó Sr. Prof. Dr. Eng.!
•        Lucy Pepper
31/8/2014 / OBSERVADOR
Aos meus olhos estrangeiros, todos estes títulos revelam falta de auto-estima. Quase ninguém parece capaz de quebrar a tradição, e de dizer “por amor de deus, chame-me Zé, não Sr. Dr. Prof. Eng..."

A utilização de títulos é muito importante em Portugal.

Na Grã-Bretanha, existem muitos títulos. Há Lords e Ladies, Dames, Dukes e Sirs, e não devemos esquecer Majesties e Highnesses. No entanto, acontece que não há muitas pessoas com títulos desse género. Existem, por outro lado, os títulos profissionais: por exemplo, “Reverend” para os padres anglicanos, “Doctor” para os médicos (até chegarem a “consultants”, quando se tornam Mr. ou Mrs. de novo), ou “Professor” para os catedráticos nas universidades. Fora das forças armadas e da magistratura, não há outros títulos profissionais. Existem, claro, pessoas que levam os títulos demasiado a sério, mas há ainda mais que lhes ligam nenhuma.

doctor doctor

Até o uso de Mr. ou Mrs. (ou Miss ou Ms.) se reduziu muito nestes últimos cinquenta anos. São formas utilizados de uma maneira parecida à de Sr. e Srª. em Portugal, para mostrar um certo respeito, falta de reconhecimento, ou para manter uma distância saudável de pessoas que não suportamos. Estas formas de tratamento são muitas vezes esquecidas logo que se estabelece uma razoável familiaridade entre as pessoas, até no emprego. Não me lembro de alguma vez ter chamado Mr. ou Mrs. a um chefe. 

O título Dr. é utilizado para anunciar publicamente que essa pessoa dá jeito no caso de nos encontrarmos doentes, e não para suscitar adulação ou respeito (as pessoas com doutoramentos podem intitular-se Dr., mas muitas não usam o título, talvez para evitarem ser chamadas num avião quando outro passageiro sofre um ataque cardíaco.)

Na Grã-Bretanha, os veterinários não são Drs., e os arquitectos não têm título, nem os engenheiros. Estes profissionais usam letras a seguir aos seus nomes, para utilizarem em sítios oficiais, para explicarem que são qualificados e registos com as instituições respectivas, mas não há veterinário que espere de um agricultor humilde que lhe diga: “Bom dia, Mr. Harris, BVetMed MRCVS, pode dar uma vista de olhos à minha vaca, se faz favor?” Os professores não têm título profissional, nem os outros diplomados, com a excepção dos de medicina.

Em Portugal, também há muitos títulos… e muitas e muitas pessoas que os usam.

Há tantos doutores que não há nada de especial em ser doutor. Doutores de medicina SÃO especiais, e estarei sempre disposta a chamar-lhes o que quiserem, sempre que a minha vida estiver nas suas mãos.

Se o leitor é arquitecto, irrita-se se o pedreiro não lhe chamar Sr. Arquitecto em sinal de respeito, mesmo sabendo que pelas suas costas ele lhe chama idiota? E o leitor chama-lhe o quê a ele? Sr. Pedreiro? Não, chama-lhe o Zé (ou talvez “Sôr” Zé). Se você é engenheiro, sente-se respeitado porque uma pessoa utiliza o seu título correcto, mesmo que eles se riam da sua insistência em ser chamado Sr. Engenheiro?

É tudo porque quer ser respeitado publicamente, não é? Mais: quer ser considerado melhor do que os outros e tratado melhor do que os outros, só porque tem uma licenciatura ou mestrado desta ou daquela espécie?

Clamar por respeito é pouco digno e absurdo, porque o respeito devia-se ganhar (para além de ser simplesmente merecido quando se é um ser humano decente) através do que uma pessoa realmente faz bem. Não? Parece que há pessoas que consideram os títulos académicos mais importantes do que o trabalho, do que curar, do que construir, do que ensinar, do que desenhar, do que a coisa que realmente nos define e justifica o respeito dos outros — o trabalho duro e honesto.

Aos meus olhos estrangeiros e patetas, todos estes títulos revelam falta de auto-estima. Quase ninguém parece capaz de quebrar a tradição, e de dizer “por amor de deus, chame-me Zé, não Sr. Dr. Prof. Eng.”. E assim, o sistema dos títulos excessivos continua, de tal modo que dá ideia de que o respeito público depende de um mero título universitário. É uma grande pena, porque Portugal realmente tem muitas, mas muitas pessoas que merecem respeito e justificam orgulho, sem precisarem de ser doutores.


(Traduzido pela autora a partir do original inglês)

UMA DURA REALIDADE. Europeus não reconhecem qualidade ao ensino superior nacional


Europeus não reconhecem qualidade ao ensino superior nacional
Só estudantes da Roménia, Turquia e Croácia demonstram vontade de vir estudar para Portugal, revela estudo
Samuel Silva / 1-9-2014 / PÚBLICO

Os estudantes europeus fazem uma avaliação negativa da reputação do ensino superior português e essa percepção faz diminuir a intenção de estes alunos virem a estudar numa universidade nacional.
Numa altura em que o sector aposta forte na captação de estudantes internacionais, o primeiro estudo do género feito no país, fruto de um doutoramento na Universidade do Minho (UM), não traz boas notícias: só na Roménia, Croácia e Turquia é que Portugal é bem visto.
Cerca de metade dos 15 países europeus envolvidos no estudo avaliam o ensino superior português abaixo da média. A ideia central desta investigação do professor do IADE — Creative University Alexandre Duarte é a de que “o ensino superior de Portugal não é muito reputado”. E isso condiciona todos os outros resultados. A reputação é um “factor decisivo na escolha de instituição de ensino”, o que ajuda a explicar que, entre os estudantes entrevistados, 81% revelem intenção de estudar no estrangeiro, mas apenas 45% ponderem fazê-lo em Portugal.
O segundo factor menos pontuado foi a capacidade de investigação das universidades nacionais, e o país também perde capacidade de atracção face à importância do português — língua vista como pouco relevante no espaço europeu. A representação do sistema de ensino, a percepção da qualidade das infra-estruturas e dos docentes são outros factores com nota negativa, segundo a tese Atracção da Educação: o estereótipo nacional e a escolha do destino de estudo no ensino superior — o caso português, que teve por base um inquérito aplicado junto de 464 estudantes europeus inscritos.
O estudo deixa de fora o país com maior percentagem de estudantes inscritos no ensino superior nacional, o Brasil (26,8%). Entre os parceiros continentais, pontuam os estudantes espanhóis (9,3%), seguidos dos de França (2,7%), Itália (2,4%) e Reino Unido (2,1%).
Os alunos que demonstram intenções mais fortes de vir a estudar em
Clima pode ajudar a atrair alunos Portugal são os romenos (3,5 numa escala de 5 valores). Seguem-se croatas (3,44) e turcos (3,33). Nestes três países, a competência em Portugal é avaliada como “alta”.
Estes países também aparecem nos primeiros lugares na avaliação da reputação do sistema de ensino português, uma lista que volta a ser liderada pela Roménia (3,6). A Croácia surge em quarto (3,2), seguida da Turquia (3,2). Pelo meio surgem a Bulgária (3,2) e o Reino Unido (3,2), que é, de entre os países do continente, aquele em que Portugal consegue ter avaliações mais positivas.
Estes resultados surgem numa altura em que as universidades e os politécnicos têm apostado fortemente na atracção de estudantes internacionais, depois de, no início do ano, ter sido aprovado o novo Estatuto do Estudante Internacional, que permite a fixação de propinas de valor mais alto para os estrangeiros — chegam a atingir os 7000 euros anuais em universidades como Lisboa e Coimbra.


Para Alexandre Duarte, a instituições de ensino continuam, porém, sem saber “quais são as suas vantagens competitivas”. Este estudo aponta factores valorizados pelos estudantes e em que Portugal tem um bom desempenho. Ao nível da vida social, o país é considerado seguro, barato e hospitaleiro, sendo também valorizado o clima, bem como a proximidade geográfica. Estas são, assim, características que devem ser exploradas pelas instituições nacionais na comunicação da sua oferta noutros países. Para o investigador, sem descurar a aposta nos países de onde vem o grosso dos estudantes estrangeiros (PALOP e Brasil), as instituições devem partir à procura de mercados como o romeno ou o croata.

A geringonça, por VASCO PULIDO VALENTE


OPINIÃO
A geringonça
VASCO PULIDO VALENTE 31/08/2014 - PÚBLICO
António Costa e António José Seguro não vão ganhar nada, excepto um partido desorganizado e dividido

António Costa e António José Seguro não vão ganhar nada, excepto um partido desorganizado e dividido. Nesta longa campanha de verão, nenhum deles se conseguiu explicar. Fora a repetição dos lugares comuns da seita e alguns disparates que foram buscar à extrema-esquerda, não disseram uma palavra capaz de esclarecer ou de entusiasmar o “eleitorado” dessas desgraçadas “primárias” para “primeiro-ministro”, sem regras claras, nem objectivos definidos. No meio da confusão, só se percebeu que António José Seguro se recusa a sair e que António Costa quer entrar. Os dois perderam o seu tempo a trocar insinuações de velha azeda e mal disposta, que não resiste a espicaçar os vizinhos. Os jornais, de quando em quando, falam em “diferenças” entre eles. Mas na realidade não há diferenças que se vejam.

António Costa, quando apareceu, tinha uma fama de homem sereno e reflectido, criada num programa de televisão, em que quase não abria a boca e deixava confortavelmente a berrata a Pacheco Pereira. Faziam um excelente par. Pacheco Pereira ficava com a indignação e o excesso e António Costa com a prudência de estadista. Infelizmente, na propaganda das primárias (nas suas voltinhas de candidato que em Portugal nunca variam) está sempre rodeado por um bando de jornalistas sem senso à procura de uma frase ou de uma notícia; e a oportunidade para se aliviar de altos pensamentos é nula, tanto mais que na cabeça dele convivem ideias vagas e mutuamente exclusivas: a da maioria absoluta e a do entendimento com a esquerda radical, por exemplo, ou a da “negociação” com a “Europa” contra Merkel e Hollande.


Entretanto, as “primárias” de Seguro em vez de o aliviarem, como ele julgava, só lhe trouxeram desgostos. Primeiro, a trafulhice das cotas pagas por defuntos e mais categorias de ausentes. Segundo, a radical ambiguidade do conceito eleitoral de “simpatizante”. E, terceiro, a licença ecuménica aos maníacos da política para meterem o bico onde não são chamados. Peregrinando pelos tristes cafés da província adormecida, bem longe dos “festivais” de música, gastronomia e artesanato, Seguro recita as fórmulas do costume, sem acrescentar uma única variação ao breviário. O país que o ouviu, já não o ouve. O eleitor médio de qualquer partido reforça a sua compreensível repugnância em votar nele, e sobretudo para “primeiro-ministro”. Mas começa também a fugir da gerigonça a que se chama PS.

Fim dos brasões alusivos às ex-colónias está a alimentar uma grande polémica António Costa foi “surpreendido” por fim dos brasões na Praça do Império.


Fim dos brasões alusivos às ex-colónias está a alimentar uma grande polémica
António Costa foi “surpreendido” por fim dos brasões na Praça do Império
SÃO JOSÉ ALMEIDA 30/08/2014 - PÚBLICO
PSD disponível para encontrar “solução financeira”.
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, respondeu ao vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, que foi “surpreendido” com a decisão do vereador José Sá Fernandes de acabar com os brasões coloniais desenhados em flores naturais no jardim da Praça do Império.

O PÚBLICO teve acesso a uma carta enviada por Gonçalves Pereira a António Costa, onde o vereador do CDS afirma sobre a carta que recebeu do presidente da Câmara: “Na referida resposta o senhor presidente da Câmara afirma-se 'surpreendido' com essa decisão, e revela que pediu 'informação' sobre a mesma ao vereador José Sá Fernandes e conclui dizendo que agendará a matéria na próxima reunião de Câmara.”

A discussão em reunião da Câmara servirá também para o PSD procurar encontrar uma solução para o problema. O presidente da concelhia do PSD de Lisboa afirmou este sábado à agência Lusa que o partido e a junta de freguesia de Belém estão "disponíveis para encontrar soluções financeiras" para manter os brasões na Praça do Império.

O jardim da Praça do Império, situado há 75 anos em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, agrega várias composições florais, como brasões dos distritos portugueses, a cruz de Cristo, o escudo português e canteiros com símbolos das ex-colónias, que já não são alvo de intervenções há cerca de 20 anos.

Contudo, enquanto a maioria destes trabalhos vão ser recuperados pela câmara, a autarquia anunciou na quarta-feira, que os brasões ultramarinos não seriam mantidos No total, são 24 brasões a receber intervenção e oito que não vão ser reparados.

O presidente da concelhia social-democrata, Mauro Xavier considera que o anúncio da autarquia está relacionado também com uma questão "economicista". Segundo o responsável, a manutenção daqueles oito brasões custa entre 15 a 20 mil euros por ano e tanto o PSD como a junta, também social-democrata, estão dispostos a suportar o encargo, através da contratação de uma empresa privada para tal tarefa.

Isto caso a câmara também esteja "disponível" para o aceitar, já que o jardim da Praça do Império é um dos três situados na freguesia de Belém que estão sob alçada do município por serem considerados estruturantes para a cidade, adiantou.


Salientando que "o património de Lisboa deve ser mantido", Mauro Xavier criticou ainda o facto de o vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, ter tomado uma "decisão unilateral" e de a câmara ainda não se ter pronunciado sobre o assunto.

Autarca Costa "surpreendido" com projeto para o Jardim do Império.

O ausente Costa declara-se agora "surpreendido".
Saltitando de Demagogia em Demagogia Costa está exposto à erosão desconstrutiva da sua própria imagem.
OVOODOCORVO
Autarca Costa "surpreendido" com projeto para o Jardim do Império
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, disse, numa carta enviada ao CDS, estar "surpreendido" com o projeto para o Jardim da Praça do Império, em Belém, tendo solicitado informações ao vereador da Estrutura Verde.
17:31 - 30 de Agosto de 2014 | Por Lusa
In Notícias ao Minuto

O CDS-PP na Câmara de Lisboa formalizou na quinta-feira um pedido de esclarecimentos à autarquia, na sequência do anúncio, por parte do município, quanto à não manutenção de oito brasões referentes às ex-colónias situados na Praça do Império, junto ao Mosteiro dos Jerónimos.

Naquele jardim, que já conta com 75 anos, existem várias composições florais, como brasões dos distritos portugueses, a cruz de Cristo, o escudo português e canteiros com símbolos das ex-colónias, que já não são alvo de intervenção há cerca de 20 anos.

A Câmara de Lisboa admitiu na quarta-feira, num comunicado do gabinete do vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, que "não irá despender recursos financeiros a recuperar os brasões criados pelo Estado Novo das antigas colónias portuguesas e que há muito não existem, nem sequer como arranjos florais no local". Serão antes recuperados outros 24 brasões.

No documento enviado a António Costa, o vereador João Gonçalves Pereira exigia a "suspensão imediata de todas as decisões ou obras que visem alterar o Jardim da Praça do Império" e "a discussão e votação em reunião camarária", tendo em conta que "este é um assunto cuja gravidade não permite que seja tratado com leviandade e ligeireza ou à margem do processo deliberativo democrático a nível autárquico que obrigatoriamente deve funcionar em representação dos cidadãos".

O centrista solicitava ainda "pareceres sobre esta decisão e as suas consequências para o jardim e a zona envolvente, bem como as respetivas classificações".

Numa resposta a estas questões, enviada ao CDS pelo gabinete do presidente da Câmara de Lisboa na sexta-feira à noite e disponibilizada à agência Lusa, lê-se que António Costa "foi surpreendido com as recentes notícias sobre o projeto para o Jardim da Praça do Império, tendo solicitado de imediato informações ao senhor vereador José Sá Fernandes".

Segundo a missiva, "foi dada indicação para que o assunto fosse apresentado e discutido em reunião de câmara".

João Gonçalves Pereira voltou a responder ao presidente, mostrando-se agradado com o facto de o tema vir a ser discutido numa reunião do executivo municipal e acrescentando que se isso já tivesse acontecido "provavelmente ter-se-ia evitado uma querela inútil e uma decisão errada".

Nessa reunião, o CDS-PP levará "uma proposta que garanta a recuperação e manutenção da identidade dos jardins da Praça do Império e dos seus brasões históricos, que são isso mesmo - parte de um percurso histórico de séculos cuja evidência em nada prejudica o excecional relacionamento do país e do município com os países e povos independentes e de expressão lusófona", referiu.

O democrata-cristão assinalou ainda que "surpreendido ficou o povo desta cidade tão antiga como moderna, tão identitária como aberta", com a decisão do vereador da Estrutura Verde.

Fonte do gabinete do vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, disse hoje à agência Lusa que foi o próprio autarca a solicitar que a discussão fosse levada à próxima reunião de câmara.

A mesma fonte considerou que este é um debate que "se está a fazer fora de tempo", já que "há 20 anos que o jardim está assim e ninguém fez nada".


"O vereador não vai destruir nada, vai recuperar e devolver o desenho original ao jardim", frisou, referindo que também José Sá Fernandes ficou "surpreendido" com a polémica criada.

Gestão de Rui Rio no centro da rentrée política na Câmara do Porto.


Gestão de Rui Rio no centro da rentrée política na Câmara do Porto
MARGARIDA GOMES 31/08/2014 - PÚBLICO
Auditoria ao fundo imobiliário do Aleixo pode abrir conflito entre o anterior autarca e Rui Moreira.

A rentrée política da Câmara do Porto vai ficar marcada pela discussão de alguns temas que a oposição a Rui Moreira considera cruciais para a cidade e que se cruzam com a gestão de Rui Rio. Este está cada vez mais afastado do independente que os portuenses escolheram para governar o Porto, principalmente depois da auditoria pedida por Moreira ao fundo imobiliário do Aleixo e das críticas do novo programor do Rivoli ao que foi feito no teatro nos mandatos anteriores.

A “discussão colectiva” ainda não aconteceu, mas o vereador da CDU na Câmara do Porto, Pedro Carvalho, vai aproveitar a primeira reunião do executivo depois das férias do Verão, marcada para 9 de Setembro, para questionar o presidente sobre a auditoria à situação do Invesurb – Fundo Especial de Investimento Imobiliário para o a operação do bairro do Aleixo, lançado por Rui Rio.

A gestão do Teatro Municipal Rivoli e o mercado do Bolhão são outros dos temas em que a CDU vai insistir. E inevitavelmente a recente crise política entre o presidente e o vereador Manuel Sampaio Pimentel (CDS), entretanto sanada, não deixará de ser abordada pela oposição.

A auditoria interna que o presidente da Câmara do Porto decidiu fazer, em Abril passado, ao fundo lançado para construir um condomínio de luxo no bairro do Aleixo, é, do ponto de vista politico, a questão mais delicada. O independente Rui Moreira quer levar até às últimas consequências as dúvidas e suspeitas sobre aquele instrumento financeiro, que, segundo o Expresso, podem vir a acabar em tribunal. Este semanário garante que o momento que marca a ruptura entre os vereadores conotados com a gestão de Rui Rio e Rui Moreria aconteceu precisamente quando este comunicou ao executivo que mandara abrir, em Abril, uma auditoria ao processo do Aleixo.

A decisão de Moreira deixou Rio enfurecido e o assunto, que será acompanhado com toda a atenção pelo ex-autarca, é delicado e pode mesmo abrir uma nova crise no executivo. É que para além Rio, há na câmara pessoas muito próximas dele que estiveram ligadas ao lançamento daquele instrumento financeiro, que se encontra insolvente e que não estará a cumprir as contrapartidas contratuais com a autarquia.

Rui Moreira será questionado sobre a escolha do novo director artístico para os teatros municipais do Porto,  o Rivoli e o Campo Alegre. As declarações de Tiago Guedes, pondo em causa a gestão anterior do Rivoli, suscitaram uma tempestade de críticas, cujos estilhaços atingem também a gestão de Rio.

Para o vereador da CDU, “urge fazer uma auditoria à forma como Rui Rio e a coligação PSD/CDS geriram o Rivoli após a extinção da Culturporto”. “Há um conjunto de questões em relação às quais nunca houve uma resposta cabal da câmara. O Rivoli tinha valências para permitir um conjunto de respostas à cidade quando foi entregue a La Feria e que agora não tem”, acusa Pedro Carvalho.

O vereador comunista defende que é preciso saber “o que existia no Rivoli no acto da sua entrega a La Feria e o que ficou depois que ele foi embora”. “La Feria saiu do Rivoli num contexto de dívida a fornecedores, artistas e actores “, nota o vereador, frisando que é precisa apurar a totalidade dos custos inerentes ao seu funcionamento e às obras, entretanto, realizadas no interior do Rivoli”.

A CDU defende ainda que a auditoria deve incidir sobre a “actividade desenvolvida pelas pessoas nomeadas para a sua gestão, o valor pago pelo município com a compra de espectáculos e/ou de bilhetes para espectáculos e os valores que se estima ter que despender para repor o Rivoli na sua forma original”.

Envolto em grande incerteza está o mercado do Bolhão e o PSD está preocupado e quer saber qual o projecto que a câmara tem para o único mercado de frescos da cidade. No orçamento de 2014 não foi contemplado nenhum plano de intervenção no mercado e numa reunião do executivo, Rui Moreira afirmou que “se não houver QREN [Quadro de Referência Estratégica Nacional”, é absolutamente inexequível fazer este investimento como investimento puro e duro público”, recorda fonte do PSD.


O presidente da concelhia social-democrata do-Porto, Miguel Seabra, vai questionar o presidente sobre o fundo de emergência social que sofreu uma redução de 1,5 milhões de euros em relação ao valor anunciado. “Era uma promessa eleitoral de Rui Moreira e queremos saber o que é que a câmara fez em termos de fundo de emergência social”, afirma.

Islamic State requires Saudi Arabia to rethink its support for extremism.

King Abdullah of Saudi Arabia and the country’s grand mufti, Sheikh Abdul Aziz al-Sheikh, left, welcome Iran’s former president, Akbar Hashemi Rafsanjani. Photograph: AFP/Getty Image
Islamic State requires Saudi Arabia to rethink its support for extremism
The Saudi government may deny links to the group, but its promotion of hardline Islam is not something the west can ignore any longer
Nesrine Malik

Islamic State (Isis), now being described in some quarters as “the most capable military power in the Middle East outside Israel”, is at the top of the global agenda. Naturally, there is discussion of its origins and backers.

It is notable that, in particular, the Saudi government has scrambled to deny any links to the group. In the past two weeks, the usually low-profile Saudi ambassador in the UK sent a strongly worded letter to the Guardian. The embassy issued a press release to the same effect, and last week the grand mufti of Saudi Arabia himself made a statement condemning Isis. This follows a $100m contribution to a UN anti-terror programme.

Saudi Arabia is increasingly feeling the heat of the Sunni hardline blowback. While the Saudi government technically doesn’t sponsor Isis, it has promoted a fundamentalist Salafi interpretation of Islam that has encroached into the mainstream Sunni space. This has created the conditions, inside and outside the country, for extremism to breed.

The clergy is a powerful force in Saudi Arabia. Its influence derives from the fact that the royal family has entered into a formal pact with the sheikhs, under which the understanding is that the House of Saud can hold on to political power, while the religious establishment gets to dictate the national character of Saudi Arabia, one that has remained doggedly extreme. This vision has also been exported abroad by both state and non-state actors, the former as a clumsy substitute for a coherent foreign policy, by which the Saudi government contributes funds for mosques and charitable organisations in Muslim countries as a way of purchasing influence; the latter via personal wealth and the zeal of private citizens.

Osama bin Laden was a perfect combination of the two, a personally motivated non-state actor, radicalised in the schools and mosques of Jeddah, who managed to also rope in the Saudi establishment by selling a religious mission to them – pushing back the Soviet invasion – in the guise of a political project.

But it seems even Saudis are beginning to see the foolhardiness of this arrangement. In a searing essay in the Saudi newspaper Al Riyadh last week, Hissa bint Ahmed bin Al al-Sheikh, a member of one of the most influential religious families in Saudi Arabia and a relative of the grand mufti, rails against the “farce of fatwas” in the kingdom, and records a litany of extremist measures introduced since the 1980s that have stifled public life and glorified a culture of “hatred and death” that she recognises in Isis. This is a culture disseminated via state media, the national curriculum and public order laws – legislation that many Saudi intellectuals warned against.

The Saudi establishment has sacrificed its people, and the wider Muslim world that lies within its influence, in return for immunity from religious revolt of the type that threatened Mecca in the 1970s. While the immediate focus vis-a-vis Isis needs to be on practical counter-extremism measures, the west can no longer afford to turn a blind eye to Saudi’s internal contradictions. These have spawned a decadent and west-friendly royal family that preside over a society where clerics run amok, where imams rant against infidels, religious minorities are oppressed, education is heavily slanted towards religion and where people are beheaded for sorcery. As far as containing the radical Islamic threat, the status quo is increasingly no longer working – neither for the Saudis, nor the western governments who support them.

Saudi salafism is not the wellspring of hardline Islamic groups worldwide, but it is part of something that might be – a tendency for Arab and Muslim governments to pay lip service to Islam to bolster their religious credentials through politically expedient means. These leaders simultaneously instrumentalise religion while oppressing any form of religious opposition. The combination of serious cash and the religious weight that comes from being the birthplace of Islam renders Saudi Arabia the most dangerous member of this club.

The long-term solution to the constant reincarnation of radical Islamic political movements doesn’t lie in grand public gestures like anti-terrorism funding, strong statements of condemnation, or “rehabilitation clinics” for radicals, but in dismantling state-sponsored religious indoctrination. As the Isis threats march on, the old calculations no longer work in Arab governments’ favour.


• This article was amended on 29 August 2014. An earlier version of the photo caption referred to Iran’s former president, Akbar Hashemi Rafsanjani as Iran’s foreign minister.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

That sinking feeling (again) If Germany, France and Italy cannot find a way to refloat Europe’s economy, the euro may yet be doomed / THE ECONOMIST.


The euro zone
That sinking feeling (again)

If Germany, France and Italy cannot find a way to refloat Europe’s economy, the euro may yet be doomed

JUST a few months ago the euro zone’s leaders believed that, having weathered the storm, they were set fair at last. Buoyed by the promise of Mario Draghi, the president of the European Central Bank, to do “whatever it takes” to support the currency, confidence had seeped back into the continent. Growth seemed to be returning, albeit at a slow pace. Troubled peripheral countries were recovering, after bail-outs and painful measures to cut budget deficits and improve competitiveness. Unemployment, especially among the young, was still desperately high, but at least in most countries it was falling. And bond spreads had narrowed sharply, as financial markets stopped betting that the euro would fall apart.

It was an illusion. In recent weeks the countries of the euro zone have begun to take in water once again. Their collective GDP stagnated in the second quarter: Italy fell back into outright recession, French GDP was flat and even mighty Germany saw an unexpectedly large fall in output (see article). The third quarter looks pretty unhealthy, partly because the euro zone will suffer an extra drag from Western sanctions on Russia. Meanwhile, inflation has fallen perilously low, to around 0.4%, far below the near-2% target of the European Central Bank, raising fears that the zone as a whole could fall prey to entrenched deflation. German bond yields are hovering below 1%, another harbinger of falling prices. The euro zone stands (or wobbles) in stark contrast with America and Britain, whose economies are enjoying sustained growth.

What started more than four years ago as a banking and sovereign-debt crisis has decayed into a growth crisis that is now enveloping the three biggest economies. Germany is teetering on the edge of recession. France is mired in stagnation. Italy’s GDP is barely above its level when the single currency came in 15 years ago. Since these three countries account for two-thirds of euro-zone GDP, growth in places like Spain and the Netherlands cannot make up for their torpor.

The underlying causes of Europe’s new ills are three very familiar and interrelated problems. First, there is a shortage of political leaders with the courage and conviction to push through structural reforms to improve competitiveness and, eventually, reignite growth: the big countries have wasted the two years bought by Mr Draghi’s “whatever it takes” commitment. Second, public opinion is not convinced of the urgent need for deep and radical changes. And third, despite Mr Draghi’s efforts, the monetary and fiscal framework is too tight, throttling growth—which makes structural reforms harder.

Clouseaunomics
Different manifestations of these problems can be seen across the euro zone. But the country that most dramatically epitomises all three is France. This week its embattled Socialist president, François Hollande, was forced to reshuffle his government to eject Arnaud Montebourg who, despite being economy minister, was his own side’s most persistent critic from the left (see article). Mr Hollande, who came to office in 2012 promising a painless future, is hardly a Thatcherite reformer. But since he appointed Manuel Valls as prime minister in March, he has at least embraced the principle of public-spending cuts, lower taxes and structural reforms.

In theory a new and more cohesive reforming government could make progress, but public opinion is not remotely prepared for that. Mr Hollande is not just deeply unpopular; unlike Italy’s Matteo Renzi, who has bravely made the case for (as yet undelivered) tough reforms, the French president has failed to convince voters that painful change, including a reduction in the size of the state, is inevitable. Instead, Mr Montebourg and his chums offer the beguiling notion that, if only the euro zone scraps its rules and allows bigger budget deficits and generous enough public spending, no more painful reforms will be needed, because the economy will miraculously lift itself out of danger by its own bootstraps.
Mr Montebourg’s argument is all the more seductive because he is right about Europe’s third problem: excessive austerity, largely forced on the continent by Germany. Mr Draghi has just implicitly conceded that fiscal and monetary policy in the euro zone is too tight at the annual economics jamboree in Jackson Hole. He hinted that he was in favour of quantitative easing, which both America and Britain have used, and he called for fiscal policy to do more to encourage growth—a message plainly aimed at Germany’s chancellor, Angela Merkel. She is the leader who insists most firmly on sticking to the euro zone’s rules on fiscal discipline, just as it is the German Bundesbank that is most strongly against quantitative easing.

Angie, we can say you never tried
Despite the gloom, there should be scope here for a bargain. If Mr Hollande and Mr Renzi can show they are sincere about structural reforms, Mrs Merkel should be willing to tolerate an easier fiscal stance (including higher public investment in Germany) and a looser monetary policy. Close your eyes, and you can imagine the three leaders working with the European Commission to complete the single market and pushing through a trade deal with the United States. Sadly, in the real world, Mrs Merkel has little reason to trust either France or Italy: whenever external pressure on them has eased, they have promptly backtracked on promises of reform. And she has just installed Jean-Claude Juncker, the do-nothing candidate, as president of the European Commission.

So it will be hard. But without a new push from the continent’s leaders, growth will not revive and deflation could take hold. Japan suffered a decade of lost growth in the 1990s, and is still struggling. But, unlike Japan, Europe is not a single cohesive country. If the currency union brings nothing but stagnation, joblessness and deflation, then some people will eventually vote to leave the euro. Thanks to Mr Draghi’s promise to put a floor under government debt, the market risk that financial pressures could trigger a break-up has receded. But the political risk that one or more countries decide to storm out of the single currency is rising all the time. The euro crisis has not gone away; it is just waiting over the horizon.


From the print edition: Leaders

Mais de 700 assinaturas para salvar brasões das ex-colónias da Praça do Império A autarquia considera os brasões das ex-colónias ultramarinas portuguesas “estão ultrapassados” e que são “símbolos do colonialismo”

(...) " E o senhor vereador parece desconhecer esse limite”, argumenta Aline Beuvink, explicando que “não está em causa a defesa ou não da ideologia do Estado Novo, mas da arte, do património que é de todos. Houve um arquitecto português – que, aliás é uma figura grande da história da arquitectura portuguesa –, Cortinelli Telmo, que desenhou aquele espaço”.

Mais de 700 assinaturas para salvar brasões das ex-colónias da Praça do Império
A autarquia considera os brasões das ex-colónias ultramarinas portuguesas “estão ultrapassados” e que são “símbolos do colonialismo”
SOL online

Está instalada mais uma polémica em torno dos espaços verdes em Lisboa. Em causa está, agora, o bucho do jardim da Praça do Império, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, que o vereador dos Espaços Verdes da Câmara Municipal de Lisboa (CML) anunciou não pretender recuperar.
Citado pelo Público, Sá Fernandes asseverou, terça-feira, que a autarquia não iria reabilitar as composições florais que reproduzem os brasões das ex-colónias ultramarinas portuguesas – e que decoram um friso em torno da Fonte Monumental da Praça do Império – por considerar que “estão ultrapassados” e que são “símbolos do colonialismo”.

As críticas não pararam de subir de tom e, ontem, a Associação de Defesa do Património de Lisboa (ADPL) organizou uma manifestação pacífica que reuniu 50 pessoas na limpeza daquele jardim próximo dos Jerónimos, para chamar a atenção para a “falta de manutenção” a que o espaço, visitado por milhares de turistas, “tem estado votado” e contra aquilo que a responsável da APDL, Aline Beuvink, considera ser “uma leitura errada” do que é o valor do património da cidade: “Os países não deixam de ser irmãos por causa dos brasões existirem ali. Os brasões são parte da história, da nossa memória”, defende. Entretanto, a petição online lançada pela Preservação do jardim da Praça do Império soma já mais de 700 assinaturas.

Câmara ‘não pode destruir património’

“Ontem, enquanto limpávamos as ervas daninhas que se tinham acumulado sobre as sebes, aproximaram-se pessoas de Goa, por exemplo, e consideraram absurdo alguém fazer esta leitura política. Tem de haver um limite entre as ideologias e o legado patrimonial que nos foi deixado. E o senhor vereador parece desconhecer esse limite”, argumenta Aline Beuvink, explicando que “não está em causa a defesa ou não da ideologia do Estado Novo, mas da arte, do património que é de todos. Houve um arquitecto português – que, aliás é uma figura grande da história da arquitectura portuguesa –, Cortinelli Telmo, que desenhou aquele espaço”.

“A Câmara não pode, pura e simplesmente, chegar lá e destruir tudo”, indigna-se ainda a historiadora, temendo que este tipo de decisões impliquem a abertura de um “precedente perigoso”. “A Praça D. José [no Terreiro do Paço] foi mantida por ser um símbolo da monarquia absolutista. Faz parte do património cultural de Lisboa. Deveríamos destruí-la também?”, ironiza, questionando o facto de a CML não ter em conta o contexto em que os brasões foram projectados.


Reagindo às críticas de que tem sido alvo, o gabinete de Sá Fernandes, esclareceu, quarta-feira, em nota enviada às redacções, que a CML “está a terminar um estudo para, finalmente, recuperar os elementos ornamentais feitos em flores e arbustos que em tempos adornaram o Jardim da Praça do Império” e que “os brasões e outros elementos e arranjos ornamentais, como brasões dos distritos portugueses, da Cruz de Cristo, do Escudo Português, serão recuperados, repondo o seu desenho original”. Mas a CML “não irá despender recursos financeiros a recuperar os brasões criados pelo Estado Novo das antigas colónias portuguesas e que há muito não existem, nem sequer como arranjos florais no local”, insistiu.

O renovado Cinema Ideal abriu para estar perto do seu bairro



O renovado Cinema Ideal abriu para estar perto do seu bairro
CATARINA MOURA 29/08/2014 - PÚBLICO
Um dos cinemas mais antigos da capital reabriu depois das obras de recuperação anunciadas no final do ano passado. O Cinema Ideal promete ser um espaço próximo dos moradores do centro de Lisboa com projecções alternativas aos grandes circuitos comerciais.

A projecção do primeiro filme está marcada para as 21h15, mas às 20h de quinta-feira já uma massa de gente rodea uma das montras da rua do Loreto, em Lisboa, entre o Largo Camões e a Bica.

Todos estão à espera da abertura do Cinema Ideal, cujas obras só foram ultimadas momentos antes. A pequena sala no centro da cidade encheu-se para duas estreias: a sua e a de "E Agora? Lembra-me", o premiado filme de Joaquim Pinto.

Quem não soubesse o que se estava a passar, podia dizer que parecia um final de tarde à porta de um bar – amigos e conhecidos, de copo na mão, vão conversando e divertindo-se. Olhando com mais atenção, lá estão as letras em amarelo a azul por cima das amplas montras: Cinema Ideal. O projecto, iniciativa da distribuidora Midas Filmes e da Casa da Imprensa, que detém o edifício, foi anunciado no final do ano passado como o renascer de um dos cinemas mais antigos da cidade. A promessa era um espaço renovado pelo arquitecto José Neves, um “cinema de bairro”, próximo da população local e com uma programação alternativa aos circuitos comerciais.

“É perto de casa e faz muita falta um cinema assim, no centro da cidade, com este formato, com esta ideia”, diz Tânia Afonso, que veio à primeira projecção para estar com os amigos que, como ela, trabalham na área do cinema.

“É muito importante ser um cinema de bairro, que não está integrado num centro comercial – o que para mim já é uma coisa agradável. A ideia é que uma pessoa se desloque aqui mesmo para vir ao cinema”, acrescenta André Godinho, que conversava com Tânia e mais uns quantos amigos à porta do número 15 da rua do Loreto.

“Houve um tempo em que a frequência do cinema era uma coisa de proximidade: ia-se a pé porque em todas as zonas de Lisboa havia três ou quatro cinemas que ficavam à distância de 15 minutos”, contextualiza ao PÚBLICO Pedro Borges, da Midas, para explicar o que deseja para este espaço. Um dos seus objectivos é colaborar directamente com os moradores da zona, por exemplo, na programação. “Ainda são tudo desejos: há contactos feitos com as juntas de freguesia da Misericórdia e de Sta Maria Maior, com as pessoas que moram aqui ao pé”.

Por enquanto, assume que talvez ainda nem toda a gente saiba deste novo cinema, mas que aqueles que ali moram já conhecem – “foram vendo as obras, espreitando pela rua de trás: as portas da saída de emergência normalmente estavam sempre abertas e as pessoas tinham curiosidade”.

Algumas paredes ainda cheiram a tinta. Nos corredores, dezenas de pessoas passeiam e vão descobrindo o novo espaço, comentam os acabamentos, o ar amplo da sala, as filas de cadeiras com distância suficiente entre si para que ninguém se tenha de levantar quando alguém quer passar. As áreas são pequenas: um estreito corredor de entrada para um foyer onde já estão os cartazes dos próximos filmes – "Magia ao Luar", de Woody Allen, e "Os Maias", de João Botelho –, e a sala, que não chega a ter 200 lugares no conjunto da plateia e balcão.

“Acabámos às 19h10”, confessa Pedro Borges, já com toda a gente sentada para assistir ao filme de Joaquim Pinto. Confessou que nem tudo ficou pronto – falta o sistema de som no palco e as obras no andar de cima para uma livraria com restaurante vão continuar durante as próximas semanas.

Na inauguração, a sala está cheia de convidados da área do cinema e aqueles que apareceram para comprar bilhete não tiveram que pagar, porque a primeira sessão foi gratuita. “Tínhamos muita vontade de abrir o cinema com um filme português. O Joaquim teve a generosidade de esperar algum tempo para que o cinema estivesse pronto – o filme estreia agora quase um ano depois de ter estado em Locarno e ter ganho prémios”, refere Pedro Borges.

"E Agora? Lembra-me" está em exibição no Cinema Ideal juntamente com "A Desaparecida", de John Ford, de 1956, em sessões intercaladas, a partir das 13h30. Os bilhetes têm preços entre os cinco e os sete euros, semelhantes aos dos cinemas das grandes distribuidoras. “Queremos sobretudo bom cinema e bons filmes. Portugueses obviamente, mas queremos também europeus, chineses, iranianos. Podem também ser filmes americanos, mas têm que  ter qualquer coisa. E queremos clássicos, claro”, informa Pedro Borges.


“Lisboa precisa de salas de cinema como esta: alternativa”, defende Alexandra Amaral, do outro lado da rua, ainda antes de a bilheteira abrir. Professora, veio porque conhece Pedro Borges há muito tempo. “Acompanhei as obras e acho que está uma sala muito bonita, com cadeiras cómodas”. Confessa que já não vai muito ao cinema porque “está a ficar cada vez mais velha”, mas promete vir ao Cinema ideal. “Estou muito satisfeita por se ir repor o filme do Ford e espero que tenha mais cinema português e europeu”.

Alugar casas sem registo a turistas pode levar a coimas de quase quatro mil euros


Alugar casas sem registo a turistas pode levar a coimas de quase quatro mil euros
ANA RUTE SILVA 29/08/2014 - PÚBLICO
Lei publicada esta sexta-feira prevê registo online dos imóveis alugados temporariamente. Donos das casas têm de se colectar nas Finanças como prestadores de serviços de alojamento.

Quem alugar uma casa de férias sem qualquer registo prévio na câmara municipal arrisca-se a pagar uma coima que pode ir até aos 3740,98 euros. A nova lei do alojamento local, publicada nesta sexta-feira em Diário da República, entra em vigor em Novembro e abrange todas as casas e apartamentos alugados temporariamente a turistas, não só por particulares, mas também por empresas. O diploma autonomiza este tipo de alojamento, até agora regulado pela portaria 517/2008.

Qualquer imóvel divulgado na internet para este fim está abrangido pelo decreto-lei. Esta actividade é enquadrada a nível fiscal como uma “prestação de serviços de alojamento”. Ou seja, quem quer alugar uma casa tem de ter esta actividade aberta nas Finanças.

Tudo começa com um registo online. É preciso fazer uma comunicação prévia à câmara municipal através do Balcão Único Electrónico. Depois de submetido o pedido, cada imóvel passa a ter um número que é enviado de forma automática para o Turismo de Portugal. Esta entidade faz chegar a informação, a cada seis meses, à Autoridade Tributária. Sem este registo (gratuito) não é possível explorar estabelecimentos de alojamento local.

São pedidos vários dados: desde a autorização de utilização do imóvel, até a informações pessoais de quem explora (nome, número de identificação fiscal e morada). Também é preciso enviar um termo de responsabilidade “assegurando a idoneidade do edifício ou a sua fracção autónoma para a prestação de serviços de alojamento”, cópias da caderneta predial urbana (quando o pedido é feito por alguém que é dono da casa) ou do contrato de arrendamento e dar conta da capacidade da casa ou a data pretendida de abertura ao público. Quem quiser alugar uma casa tem de manter os dados actualizados sob pena de ter de pagar coimas.

O Balcão Único Electrónico emitirá, depois, um documento, o “único título válido de abertura ao público”. As câmaras municipais podem fazer vistorias às casas, tal como o Turismo de Portugal, quando em causa estão estabelecimentos cujas características se aproximem de verdadeiros aldeamentos. Alguém que explore este negócio só o pode fazer com, um máximo, de nove apartamentos por edifício. Se ultrapassar este número passa a estar abrangido pelo regime dos apartamentos turísticos.

As moradias com capacidade de dez turistas têm de cumprir requisitos de segurança, nomeadamente ter “extintor e manta de incêndios acessíveis aos utilizadores”, equipamento de pequenos socorros e a indicação “o número de emergência médica em local visível.

Quem não cumprir as regras e não registar as casas que aluga a turistas pode ter de desembolsar entre 2500 a 3740,98 euros, no caso dos particulares. Se forem empresas, os valores situam-se entre os 25 mil e os 35 mil euros. A fiscalização está nas mãos da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e da Autoridade Tributária.

O novo decreto-Lei é publicado na sequência da segunda alteração ao Regime Jurídico de Empreendimentos Turísticos, publicada em finais de Janeiro. Este regime criou a figura do alojamento local e, pela primeira vez, também define regras para os hostels, que se disseminaram nos últimos anos (em Lisboa haverá cerca de 65). Neste caso, a lei estipula detalhes como, por exemplo, quantas camas no mínimo deve ter um dormitório.

O aluguer de casas particulares a turistas tem crescido de forma exponencial nos últimos anos. Em 2013, o alojamento local registou 3,6 milhões de dormidas, o que representa 8,3% no conjunto de todas as unidades hoteleiras nacionais, de acordo com o INE (que inclui na definição casas de turismo rural ou turismo de habitação).


Notícia corrigida às 22h40: o mercado do alojamento local está regulado desde 2008. A nova lei cria um regime autónomo para este tipo de unidades

Inside Putinworld, where few risk speaking truth to power . The Guardian view on new Russian incursions into Ukraine / THE GUARDIAN.


Inside Putinworld, where few risk speaking truth to power
Kremlinology is back in vogue, the inner circle contracts and ruthless competition is encouraged among underlings
Shaun Walker, Moscow correspondent

Revered, even feared, to the point where no one will contradict him; aloof, isolated, a digital hermit who is never out of touch; broadly supported, but very narrowly advised by an ever-tighter group of confidantes. This is the picture of Vladimir Putin and his leadership style painted by a number of people with knowledge of the inner workings of the Kremlin, at a time when such things matter more than at any time since the collapse of communism.

Putin's Ukraine actions this year have turned him once again into arguably the world's most fascinating leader. But just as Kremlinology comes back into vogue, the walls of Putin's central Moscow redoubt are becoming as opaque as they were during the time of Brezhnev.

One anecdote about Putin's Kremlin reveals a tantalising glimpse of what it is to be a presidential adviser. Putin himself receives briefing information on printed sheets inside red folders; he very rarely uses the internet. According to one source, requirements for his briefing notes have changed significantly in recent months. The president now demands notes on any topic to be no more than three pages long and written in type no smaller than 18 point.

But the number of people speaking truth to power is small. The majority of those in the Russian government, exasperated by the sharp western response to the six-month crisis, approve of Putin's actions in Ukraine. But those who disapprove have no forum in which to voice their doubts.

Putin himself gives few clues as to how he runs the shop. On Friday, he offered an elliptical answer to a question about leadership. "The main criterion for success is when a person has their own deep personal conviction in what they do. The task is not so that people are forced to follow your opinion, but to get your point of view across effectively. That is when people will become trusting and start to support you."

There is no question that Putin is supported by the elite, perhaps as never before. Evgeny Minchenko, an analyst who studies Kremlin elites, says that the security services, after a number of recent reshuffles and purges, are now "more loyal to Putin than at any time since he took power".

That doesn't mean the Kremlin is united. Former employees say the level of infighting is remarkable because of the extraordinary array of people working under one roof. "In a country like America where you have a two-party system, the majority of top decision makers would change depending on if it was a Republican or Democrat administration," one former Kremlin employee says. "But the Kremlin is full of people with completely opposing views. You can have people who believe in a fully state-controlled economy working on a project with people who are market-oriented liberals."

Far from finding this a problem, Putin relishes this, according to the source. "He likes it when his subordinates fight each other; he feels it makes him stronger."

Some are uneasy about the way policy has developed, but lack opportunities to voice their worries. Public dissent is a no-go area. A deputy economic development minister who referred to a government policy as "shameful" earlier this month was immediately fired; the more free-thinking members of the government have long been purged.

One of the few sources of information about how Putin's presidential administration works in recent months has been a blog published by a mysterious group called Shaltai-Boltai, the Russian name for Humpty Dumpty. The blog, which is now banned, has posted leaked Kremlin documents and emails, most recently claiming to have hacked the smartphone of prime minister Dmitry Medvedev, displaying some of his personal messages online and briefly hacking his Twitter account.

Other leaks have included information on how the Kremlin's east Ukraine strategy was planned and financed, or the texts of Putin's speeches, posted online before the president made them.

This being Russia, many have assumed that the leaks are organised by one Kremlin grouping keen to discredit another, though Shaltai-Boltai claim they are "idealists" who want to "change reality". The Guardian met one of the group recently, who identified himself only as Shaltai. On the appointed date, a man wearing a floral shirt appeared at the meeting place he had set, a river landing jetty on the outskirts of a European city, and agreed to speak only when the small boat he had provided was sailing and loud music was blaring to prevent anyone listening in.He said the group was made up of hackers and – perhaps – disgruntled officials, and had an entire archive of unused material that it may choose to release in the future.

He claimed the group had access to everything from the records of every meal Putin has eaten for the last few years to thousands of emails sent by top Kremlin officials. As evidence he plucked a laptop from a bag and opened what appeared to the full archive of an email account belonging to a leading Kremlin functionary.

Reading the emails and internal documents of the Kremlin has given the group a unique insight into the way Russia is run, said Shaltai, who described Putin as a man "without human emotions", who is nevertheless a genuine patriot with a belief that his rule is the best thing for Russia.

"I think he has been in power too long. He has grown detached. He really is like a tsar. Below him people are fighting amongst themselves, but they are too scared to disagree with him. He does not have friends in the normal sense. There may be people he likes, but he is extremely paranoid."

There are old school acquaintances and old judo partners who are part of the president's inner circle and gather for frequent games of ice hockey, but they do not generally play a role in matters of state.

Conversations with others familiar with the corridors of power suggest that recent key decisions have been taken in top secret and within a very small circle, coming as a surprise to almost all mid-level Kremlin officials.

Previously, the presidential administration would have round-table talks with experts on important issues, says Minchenko, the analyst. On Ukraine, these meetings have dried up since the new year, with decisions such as the annexation of Crimea and the current military intervention in east Ukraine being taken by a small coterie of advisers, most of whom have backgrounds in the security services.

"There were no discussions about it, no briefing notes, no focus groups," says Shaltai. "Two days before the decision to annex Crimea was made by Putin, almost nobody in the presidential administration knew anything about it."

Likewise, very few people have a real idea of just how far Russia's armed intervention in Ukraine will go. That, at least, is partly because Putin himself may not know. Putin, say Kremlin watchers, has not been acting according to a long-gestating atavistic plan to bring the Soviet Union back to life in recent months. Instead, he has felt forced into corners, and decisions like the annexation of Crimea were taken at the last minute, even if plans for the eventuality were already on the shelf.

"Putin is a conservative," says a former Kremlin official who knows him personally. "Making dramatic decisions is not his style. He is good with speaking aggressively, and is not 'politically correct' in the western sense. But with his actions, he has never been a fan of dramatic moves. This is why the last few months have been so surprising."

With its new cycle lanes, its hipster dining venues and its gentrified parks, Moscow does not feel like a city that is preparing for war. But scratch the surface in the corridors of power, and there is a very real belief in these apparently outlandish scenarios.
Robert Shlegel, a pro-Kremlin MP, believes the US bombing of Moscow is a serious possibility in the not-too-distant future: "As a father I think every day about where I could evacuate my family to – to the Urals or Siberia," he told the Guardian. "It's a very real threat."

The international anger over the downing of MH17 over eastern Ukraine only compounded this sense of injustice in the Kremlin. In the period after the crash, with the world suspecting a Russian missile was involved in downing the plane, Putin spent days fielding angry phone calls from western leaders. Four days after the crash, he recorded a video address in the early hours of the morning, after an evening spent on the phone with various leaders. Putin was alone, standing by a desk, shifting his body weight from one leg to the other, and his face shiny with reflected light.

"No one has the right to use this tragedy to pursue their own political goals," said Putin, his voice quiet but imbued with barely concealed fury. Even though the Russian president presumably understood it was the Russia-backed rebels who shot down MH17, he firmly believes that events put in train by the US in Kiev are responsible for the chaos in eastern Ukraine, in which Russia was forced to intervene.

That sense of despair at a supposed dark western anti-Russian conspiracy is not new, but it is stronger than ever. One government official, in a private conversation, recently ranted about the west's interference in Russia: "Maybe we are barbarians, but only because you won't leave us alone to develop," said the official, claiming that for the last century the west has repeatedly pulled Russia back, in a number of conspiracies starting with the 1917 revolution.

Russia's perennially arrested development has been a long-running subject for the country's political thinkers: "Give the state 20 years and you will not recognise Russia," said the conservative prime minister Petr Stolypin in 1909. Stolypin did not get 20 years. He was assassinated at the opera in Kiev two years later, as the country spiralled into the abyss of war and revolution.

Putin is a keen reader of history and Stolypin is one of the historical figures Putin most admires. If he stands for another six-year presidential term in 2018, he will be on course to have spent 24 years at the helm.

Much of the policymaking over Ukraine has been aimed at preventing what is seen as a western-backed plot to undermine his rule; at getting his chance to make a real difference where Stolypin could not.

Whatever happens in Ukraine, few have any doubt that Putin will seek to spend another term in the Kremlin when his term runs out in four years. "I have no doubt that he will stand in 2018," says the former Kremlin adviser. "He has no reason to leave. He is popular, he thinks he is better than other candidates, he has a constitutional right to run, and he sincerely believes he is bringing a lot of good to the country."


The Guardian view on new Russian incursions into Ukraine
Lies and deception have characterised Russia’s intervention in Ukraine but the new incursions are less deniable
Editorial

Listening to Vladimir Putin, at a press conference earlier this year, solemnly deny that Russian troops had occupied parts of Crimea, the novelist Andrey Kurkov noted tersely in his diary: “He lies easily, uses humour.” From the beginning the Ukraine crisis has been characterised by bare-faced lying by the Russian president and his officials, often accompanied by tiresome jokes, on a scale beggaring belief.

Mr Putin does the big lies, while his foreign minister, Sergei Lavrov, trudges on a treadmill of deception that never stops. He was labouring along as usual yesterday, dismissing reports that Russian regular troops were fighting in Ukraine as “conjectures”. Not once, he continued in his po-faced way, “have any facts been presented to us”. Why Europe and America have to some extent gone along with this chicanery is not that mysterious.

As long as we half-accepted these deceptions, there seemed to be a chance that, if the Russian president could be brought to reconsider his intervention, a withdrawal could be accomplished without too much loss of face. If the Russians had never been in Ukraine, they might, in other words, cease to be there without an embarrassing fuss. This week we passed the point where such a tactic was defensible or could be deemed to be useful.

Only two days after talks in Minsk with President Petro Poroshenko, Mr Putin sent substantial extra numbers of Russian troops into Ukraine. This is not an invasion in the full sense, and President Obama was right to be relatively cautious in his reaction. But whereas before Russian soldiers came in as advisers and irregulars, some of them now seem to be on the ground as formed regular units. The reason is not difficult to conjecture, to use Mr Lavrov’s word. The rebels in eastern Ukraine were on the way to being defeated by Ukrainian government forces. Mr Putin could no longer redress the balance with “volunteers” and the like, so he had to operate more openly. His aim may be to frighten the Ukrainians into agreeing to a ceasefire which would freeze the conflict and allow the rebel enclaves to survive indefinitely. He may also want to take territory which will connect Russia with annexed Crimea.

One unfortunate consequence has already been a raising of the rhetorical stakes on the Ukrainian and Nato sides. The Ukrainian prime minister has said he will ask parliament to consider ending the country’s non-aligned status in order to join Nato, while Anders Rasmussen, the Nato secretary general, has said it is free to do so. This is the standard Nato line, but it has been regarded as less than useful, given Russian sensibilities, to repeat it since the crisis began. Ukraine is also reintroducing conscription, and Ukrainian officials are urgently repeating their appeals for economic aid and for certain kinds of non-lethal military equipment.

Mr Putin has rubbed salt into the Ukrainian wound, in one of his historical soliloquies, by saying that it seems to him that Russians and Ukrainians are “practically one people”, and that Kiev’s military campaign “sadly reminds me of the events of the second world war when German fascist… occupants surrounded our cities”. Ukrainian shelling of civilian areas is indeed to be deplored, but otherwise Mr Putin’s history, as so often, is at fault. He forgets that Ukraine decisively rejected union, or even close association, with Russia in 1991.


All this comes only a few days before the Nato summit in Wales. It shows Mr Putin unimpressed by Nato’s arrangements for pre-positioning of equipment in eastern Europe and the rotation of Nato forces there, which are irrelevant to his aims in Ukraine. Nato does not want to cross over the line to real military aid to Ukraine, let alone anything more than that. That gives Mr Putin a tactical advantage, but this latest escalation also sets Kiev even more firmly against him than before. How can that possibly serve any sensible purpose?