sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cais do Sodré ... Largo de S.Paulo ... Razões para Festejar ? por António Sérgio Rosa de Carvalho.23/09/2011



António Costa, como político profissional viu na candidatura à Presidência da C.M.L. uma plataforma lógica e fértil para os seus voos políticos futuros …
Sem talento natural e “feeling”para os gigantescos desafios que Lisboa apresenta … Sem uma visão estratégica para a cidade … como “animal” político que é, viu a oportunidade de preenchimento destes vazios em duas figuras, cada uma delas, já detentora do seu programa individual de ambição de poder … Sá Fernandes, ex- figura “irreverente” e “inconformista”, agora já domesticada e integrada no “Sistema”, que lhe oferecia o prestígio da “Independência”, a frescura da “Autenticidade” e as mais valias políticas da “Actualidade”através da sua anterior, “genuína Cidadania”…
Manuel Salgado, Arquitecto , Teórico e Urbanista, efectivo e conhecedor, com capacidade de trabalho e capaz de desenvolver possíveis visões estratégicas para a Cidade …
O "problema" Roseta foi também resolvido através da sua secundarização e neutralização, tendo-lhe sido oferecida a gloriosa área da Acção e Habitação Social, prémio de consolação onde poderá andar entretida, em Heroísmos só comparáveis aos de Manuel Alegre …

Há uns tempos um dos visitantes e intervenientes do Fórum Cidadania LX no facebook, descrevia que - perante o Grave, Desesperante e Angustiante estado de Decadência e Destruição Sistemática do Património Histórico da Cidade de Lisboa – agravado pela incompetência de António Costa e pelos muito competentes e maquiavélicos personal master plans de Salgado e Sá Fernandes … os relatórios, denúncias e ilustrações continuamente desenvolvidas pelo Cidadania LX … se tinham tranformado por impotência, numa espécie de Agência Funerária onde este processo imparável era descrito como se tratasse de uma Necrologia contínua …

Quando António Costa tomou a decisão de deslocar a sede da C.M.L. para o Intendente … esta revelou definitivamente a sua incapacidade de servir a cidade … e até … a sua própria estratégia pessoal de resultados e sucessos com mais valias políticas.
Toda a sua atenção deveria ter sido dirigida à Zona que é caracterizada por todos os elementos que ele procurava … e que estava tão perto … mesmo à esquina … junto às suas maiores dores de cabeça – A Baixa, o Terreiro do Paço, a Ribeira das Naus , a “débacle” da Frente Tejo …
Trata-se do Arquétipicamente... Modelo e Paradigma da Reconstrução Pombalina … o Largo de S. Paulo, com as suas características únicas de Valor Patrimonial e o seu Potencial de Vivência … e tão perto do rio e do magnifico Mercado da Ribeira … os “Halles”de Lisboa …
Imaginem o Largo de S.Paulo completamente restaurado na sua singela glória Pombalina de “ bairro quase aldeia” , com a sua escala perfeita de conjunto urbano composto por habitação, comércio de qualidade, esplanadas , Igreja , Chafariz, pavimento … enfim etc., Imaginem o efeito pedagógico , emanante, estimulante , inspirador , contagiante …. o Efeito inspirador que esta intervenção- Modelo poderia ter para a sua envolvente, para a Baixa … e para o sucesso das ambições de António Costa …
Pois é … mas Manuel Salgado não gosta de Património nem do seu Restauro …
Do alto da sua Torre de Marfim, ele dedica-se a controlar exclusivamente através dos seus Planos, o Futuro... de outra maneira … Implicito, Sereno, sem cair na tentação de responder, ou dar satisfações a ninguém, ele vai estendendo o seu manto e tecendo a sua teia de Grande Mago e Feiticeiro … tal como Saruman no Senhor dos Anéis …
De resto … as imagens falam por si ….
António Sérgio Rosa de Carvalho.















Vizinhos acusam câmara de ter aprovado projecto de Souto de Moura que viola o PDM ...19/09/2011



Quatro moradias, uma delas com um jardim infantil, ocupam actualmente o local previsto para o projecto

Vizinhos acusam câmara de ter aprovado projecto de Souto de Moura que viola o PDM
Por José António Cerejo in Publico

Queixosos dizem que o prédio previsto para o Alto de Santo Amaro ultrapassa índices de construção e conta com terrenos que não são do promotor. Câmara e arquitecto não comentam

O menos que se pode dizer é que há lapsos na memória descritiva de um projecto aprovado pela Câmara de Lisboa em Dezembro passado. O projecto tem a assinatura do arquitecto Souto de Moura e prende-se com um edifício de seis pisos e 32 apartamentos que a Sociedade Agrícola Valle Flôr (grupo SLN) pretende construir na Rua do Jau, no Alto de Santo Amaro.

Inconformada com aquilo que considera serem as "gritantes violações do Plano Director Municipal" que caracterizam o projecto, a administração de um condomínio contíguo interpôs há duas semanas uma providência cautelar em que pede a suspensão da eficácia do despacho do vereador Manuel Salgado, que aprovou o projecto. Entre os argumentos dos vizinhos consta o facto de o projectista contar com terrenos que são deles e não da Valle Flôr. De acordo com a memória descritiva assinada por Souto Moura em 2009, a parcela desta empresa tem 2.425 m2, enquanto que a área de implantação do imóvel a construir é de 1.264 m2 e a superfície permeável verde ocupa 2.028 m2.

Aparentemente, estes valores são inconciliáveis, na medida em que a área verde somada à área coberta do edifício (3.292 m2) ultrapassa em 867 m2 a superfície do lote da Valle Flôr. A menos que, dizem os vizinhos, o promotor tenha contado com os 872 m2 do jardim privado do condomínio em que habitam, que está murado e escriturado em seu nome.

Segundo a memória descritiva, o novo edifício ficará assente em pilares de sete metros de altura, "dando continuidade física e visual para dentro do logradouro, transformado num grande jardim de usufruto público". Na acção interposta em tribunal, os vizinhos citam, porém, uma carta da Valle Flôr à câmara em que aquela diz que "as áreas verdes projectadas são propriedade privada para uso exclusivo dos condóminos".

Quanto a confusões, diz um dos queixosos, conta-se também a contradição entre a fotomontagem do prédio a construir que faz parte da memória descritiva e o texto da mesma: a fotomontagem mostra um bloco de cinco pisos e o texto fala em seis.

Os reclamantes insistem, sobretudo, em que o índice de utilização bruto do projecto é de 2,965 ( relação entre a área bruta de construção e a área do lote), quando o PDM estabelece um máximo de 2. Igualmente posta em causa é a ocupação da quase totalidade do logradouro com caves de estacionamento, sem que o sistema de drenagem da cobertura assegure a inflitração da água no solo.

Quanto à profundidade das empenas do edifício, os queixosos alegam que os próprios técnicos camarários reconhecem no processo que ela é superior ao máximo de 15 metros e acusam Souto de Moura de ter tentado escamotear esta violação do PDM recorrendo ao "expediente grosseiro" do desfasamento das empenas, que, segundo a memória descritiva, "simula a presença de dois edifícios paralelos, vazados entre si".

O silêncio de Salgado ...19/09/2011


O silêncio de Salgado

O vereador Manuel Salgado deixou mais uma vez sem resposta as perguntas do PÚBLICO. Questionado por escrito na segunda-feira, acerca das acusações dos moradores do Alto de Santo Amaro, o também vice-presidente da Câmara de Lisboa nada disse. Nem forneceu as cópias, que lhe foram pedidas no mesmo dia, dos pareceres dos seus serviços em que fundamentou a aprovação do projecto. Souto de Moura também não respondeu às perguntas enviadas. J.A.C.

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Mais uma vez se confirma a Arrogância permanente e o desprezo contínuo deste Eleito ... pela Comunicação Social e pelos Cidadãos e Eleitores … Manuel Salgado há muito que se fechou na sua Torre de Marfim Conceitual de Planos e Conceitos Urbanísticos, disposto a preparar a Destruição Sistemática daquilo que resta do Património de Lisboa.
António Sérgio Rosa de Carvalho
P.S. A imagem de Saruman - Salgado contemplando o seu Master Plan é claro, da minha responsabilidade, e é interpretativa do Título do artigo do Público.

Quiosques de Lisboa estão a trocar jornais por souvenirs baratos e outras bugigangas ...17/09/2011



A venda de jornais nos quiosques que a câmara concessiona para esse efeito é cada vez mais residual


Quiosques de Lisboa estão a trocar jornais por souvenirs baratos e outras bugigangas Por Ana Henriques in Publico

"Qualquer dia não há quem venda jornais em Lisboa", antecipa um representante dos ardinas, criticando a redução das margens de lucro. Câmara não explica mudanças de ramo

No topo da cascata de objectos estão os chapéus de palha e os bonés. Às vezes também há umas tábuas para cortar queijo, com faquinha incluída e um azulejo ao meio. Segue-se a secção de leques. A parte central do quiosque é uma verdadeira avalanche de magnetos (ímans) para o frigorífico a dois euros, que extravasam para as portas da banca, abertas para maximizar a área de exposição da quinquilharia. Escondidos num patamar abaixo dos óculos de sol e dos CD, quase no chão, alinha-se meia dúzia de jornais. "Quantos vendo por dia? Uns sete", calcula Vaskar Rahman, um dos imigrantes do Bangladesh que ocupam neste momento muitas das bancas de jornais da Baixa.

Há quiosques que estão a trocar a venda de jornais pela de bugigangas, em especial na Baixa - apesar de os regulamentos camarários não o permitirem. O presidente da Associação de Ardinas de Lisboa, José Matias, diz que tem vindo a pedir à câmara que o negócio dos jornais e revistas possa ser "mais abrangente", e que seja autorizada a mudança de ramo dos quiosques criados para a venda de periódicos. "A venda de jornais já não é viável", declara. Com um quiosque na zona do Arco do Cego, José Matias diz que preferia continuar com os jornais. "Mas como a margem de lucro dos ardinas é cada vez menor, se calhar vou ter de passar a vender águas com sabores e outros produtos para sobreviver." O seu prognóstico não é risonho: "Como as publicações e as distribuidoras se estão marimbando para nós, qualquer dia não há quem venda jornais e revistas em Lisboa."

As dezenas de capas coloridas alinham-se com esmero na banca de Eduardo Carrilho, na Rua de Santa Justa. Com 50 anos, é um dos poucos que ainda resistem a passar a banca à socapa aos negociantes de souvenirs baratos: "Já tive propostas, mas estou aqui de pedra e cal." Depois indigna-se, quando recorda que a margem dos ardinas com os jornais passou de 20, há duas décadas, para os actuais 12% e vacila: "Estou quase, quase a deixar isto." O quiosque uns metros adiante do seu já cedeu aos cachecóis, aos colares e, claro, aos omnipresentes magnetos. O seu proprietário terá invocado a única excepção legal que permite, sem concurso, a substituição do titular da licença de venda: "motivos ponderosos de índole social ou humanitária". Até pode ser verdade, mas associados à mudança de ramo ilegal estão associados negócios de trespasse ou subaluguer igualmente ilegais. Por ocupar o espaço público os ardinas pagam à câmara uma renda que varia entre 40 e 75 euros.
Apesar de o regulamento em vigor determinar que "a licença de ocupação de via pública é intransmissível, nem pode ser cedida a sua utilização a qualquer título, designadamente através de arrendamento, cedência da exploração e franchising", há comerciantes de quinquilharias que chegam a entregar 500 euros mensais aos ardinas para ficarem com um quiosque. Num negócio onde tudo se joga nas pequenas margens de lucro, a proposta é quase irrecusável. "É preferível irmos para casa com um lucro de mais de 400 euros, ou levantarmo-nos todos os dias para abrir a banca às 7h e fechá-la às 20h?", interroga um ardina. O Rossio é um dos locais onde o fenómeno é mais visível. Embora só num dos quiosques os jornais tenham desaparecido por completo, nenhuma das outras bancas tem já os periódicos como principal negócio.

Contactado com insistência pelo PÚBLICO para se pronunciar sobre a questão, o gabinete do vereador Sá Fernandes, responsável pelo espaço público da cidade, prometeu esclarecimentos para ontem, o que não aconteceu.

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As partes sublinhadas do texto.... foram minha iniciativa ...
Como morador da Baixa confirmo e comprovo o acima descrito.
As estratégias da expansão imparável de "souvenirs baratos e outras bugigangas" sofisticaram-se ... O Império do Híbrido, do Plástico e da Esferovite é já Omnipresente naquela que deveria ser a Zona de Excelência e fonte de referência do Carácter e Identidade da Cidade de Lisboa … e pelos vistos … também Omnipotente... pois o Gabinete de Sá Fernandes apesar de "contactado com insistência" não responde … pudera ... teria que reconhecer que perdeu o controle do Espaço Público na Zona Nobre da Cidade com as respectivas consequências para o Prestigio e a Imagem de Lisboa.
António Sérgio Rosa de Carvalho.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

As Necessidades ... da Tapada ... por António Sérgio Rosa de Carvalho ...08/09/2011

"A curto prazo", refere o assessor do vereador dos Espaços Verdes, a autarquia vai lançar outros concursos públicos, para a conservação e restauro do edifício da Estufa Circular, do muro da alameda e da Casa do Fresco, bem como do Largo Circular. Enquanto isso não acontece, foi já concretizada a primeira fase da recuperação dos caminhos e da rede de drenagem. E estão também a ser feitos estudos para a recuperação do antigo moinho e dos edifícios encostados à Rua do Borja.
João Pinto Soares, do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, reconhece que há melhorias visíveis no espaço e diz que ultimamente há "muito mais gente" a calcorrear o jardim. O próprio grupo e a Junta de Freguesia dos Prazeres têm dinamizado uma série de actividades, como visitas guiadas no primeiro domingo do mês, comemorações dos dias da criança e da árvore, piqueniques e aulas de tai chi chuan para crianças. 
Ao fim da manhã de quinta-feira, uma família preparava-se para almoçar no espaço e por lá também passeavam um casal de idosos e dois jovens espanhóis. Pinto Soares garante que as visitas guiadas têm estado cheias e que ao fim-de-semana "a miudagem" enche o grande relvado existente. "E há festas e tudo", diz, feliz por ver que há cada vez mais gente a render-se aos encantos da Tapada das Necessidades."
Ines Boaventura in Publico, 30 de Julho de 2011 









 "Esta semana a câmara lançou um concurso público para a exploração de um restaurante na Tapada das Necessidades, um jardim com dez hectares ao qual se acede através do largo com o mesmo nome ou do recém-aberto portão na Rua do Borja. O estabelecimento, que a autarquia pretende que tenha um "nível de exigência superior", irá funcionar num conjunto de edifícios onde chegou a haver um jardim zoológico.
Aí, em seis torreões rodeados por gradeamentos de ferro, eram albergados animais, como aves raras e macacos, "mandados vir de diversos lugares propositadamente para este local por D. Fernando II, para desenvolvimento dos conhecimentos sobre fauna dos príncipes D. Pedro e D. Luís". A explicação é de uma nota camarária, que sublinha a "enorme importância histórica" de que este conjunto, erguido entre 1848 e 1856, se reveste.
Cinco desses torreões, e um edifício construído mais recentemente no meio deles, vão ser concessionados a um privado, que terá de realizar os trabalhos de reabilitação e reconversão. E uma visita à Tapada das Necessidades é suficiente para perceber a dimensão da empreitada: a degradação do património edificado é evidente e o recinto do antigo zoológico está repleto de ervas daninhas e de entulho.
A câmara, que assumiu a gestão deste jardim há menos de três anos (no âmbito de um protocolo com o Ministério da Agricultura), ficará com o sexto torreão, para instalar "um espaço de exposição permanente dedicado à Tapada das Necessidades e à sua história e/ou para prestação de informações sobre assuntos relacionados com agricultura".
Ines Boaventura in Publico, 30 de Julho de 2011









 "Em Maio de 2005, a Direcção-Geral do Património afectou a Casa do Regalo à Secretaria-Geral da Presidência da República para nela se vir a instalar o gabinete do ex-Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, tendo-se solicitado à DGEMN um estudo e projecto de reabilitação da Casa do Regalo, dada a necessidade de se proceder a obras de conservação e restauro do edifício (as últimas tinham sido feitas em finais da década de ’60 e em 1991-93).

Com base nesse estudo, e no projecto elaborado pelo Arquitecto Pedro Vaz da DGEMN, foi adjudicada, em Junho de 2005, a empreitada respectiva, mediante prévio concurso público, tendo as obras de intervenção sido concluídas em finais de Maio/Junho de 2006.

A partir dessa data instalou-se o gabinete do ex-Presidente da República Dr. Jorge Sampaio que vem exercendo as funções de Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações e de Enviado Especial do Secretário-geral da ONU para a Luta Contra a Tuberculose."


"(...)tendo-se solicitado à DGEMN um estudo e projecto de reabilitação da Casa do Regalo, dada a necessidade de se proceder a obras de conservação e restauro do edifício (as últimas tinham sido feitas em finais da década de ’60 e em 1991-93)."

Conservação e Restauro ?!? … Primeiro que tudo … Aquilo que é denominado como “Casa do Regalo”… constitui um conjunto de um “Pavillon de Plaisance”, com uma importância perfeitamente reconhecivel em parâmetros Internacionais, e a respectiva envolvente, parte indivísivel do Projecto original da Casa Real.
Ou melhor dito … constituía … pois olhando para a imagem que se segue , vemos o resultado da intervenção da DGEMN e respectivo arquitecto no edificio e a sua unidade …
Aquele chocante volume não é um contentor … não … é um novo “Pavilhão-Acrescento” Monolítico , bem ilustrativo de como as Instituições Estatais e responsáveis pela Defesa do Património intervêm e procedem à “Conservação e Restauro” …
Agora que a DGEMN ja foi extinta … para quando a extinção definitiva da Farsa do IGESPAR? … Pseudo Instituição, onde todos os válidos “pareceres”de alguma gente que lá anda e que ainda se tenta “atravessar”… são imediatamente neutralizados pelas Chefias nomeadas pelos Ciclos Políticos … Quem defende o Património de Portugal ? Para que serve o IGESPAR?
Termino com um Concurso de Adivinhas … bem ilustrativo …(e ilustrado na imagem Google) de como quase toda uma Geração de Arquitectos se relaciona de forma Criativa, Interveniente e Interpretativa … com o Património … Quem construiu este conjunto na Calçada dos Barbadinhos ? … Quem foi …?
António Sérgio Rosa de Carvalho














Ainda uma última observação sobre estes caixotes de Ar Condicionado instalados em plena fachada do Jardim do Palácio das Necessidades … e deste conjunto originalmente Vernáculo na interessante área envolvente do Palácio … “Reabilitado”de forma completamente Hirta, Híbrida , Betonizada e Esmagadora … retirando-lhe tudo o que é profundidade Patrimonial e contraste Orgânico e Chiaroescuro …
As fachadas do nosso vernáculo - estilo “chão -” são já de si extremamente sóbrias … e vivem de um Chiaroescuro dependente dos constrates subtis dos seus materiais e dos perfis das suas janelas … 
Se “isto”… é “aquilo” que todas as Empresas de Construção pretendem fazer … quando desenvolvem o apelo desesperado para a “fatia”da “Reablitação Urbana” (?!?)






segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Relembrando ... Nem Um .... nem Outro !! por António Sérgio Rosa de Carvalho ...31/08/2011





Entretanto mais um alarmante caso de Vandalismo de Estado e de Crime de Lesa-Património foi denunciado ... desta vez em Tomar 
Mas, ainda alguém se lembra deste outro caso ... de enorme gravidade e ilustrador da total incompetência do IGESPAR e indiferença da Direcção Regional da Cultura ?!? 

Este caso foi por diversas vezes ilustrado neste blog ... e foi, entretanto, completamente esquecido ... Parece que as minhas palavras dirigidas então ao Dr. Soalheiro se transformaram numa triste profecia … Quando da decisão de recolocar o portão disse-lhe então : “Mas isso é tornar o inaceitável em … aceitável” … 

...comentava eu mais tarde aqui: " 

"Pois ... o Patriarcado não tem mais nada a acrescentar ... assim como a Direccão Regional da Cultura .... 
Exactamente como no gravissimo caso do Portal Lateral da Sé de Lisboa ... que num País com nivel (normal) de exigência cultural de parâmetros Europeus tinha dado escândalo de Lesa- Património e provocado demissões ...além de uma explicação imediata oficial do Patriarcado com um compromisso urgente de correcção deste Vandalismo inacreditável. 
Apesar das promessas da Direcção Regional da Cultura ... nada aconteceu até agora, e este caso parece ter sido esquecido por toda a gente... 
Senhores Jornalistas ?!? " 


Trapalhadas "monumentais" na Sé de Lisboa 
In Público (1/11/2009) 
Por António Sérgio Rosa de Carvalho 


«We have no right whatever to touch them. They are not ours John Ruskin 
Esta frase de Ruskin, famosa para todos aqueles que se ocupam dos conceitos do restauro em monumentos históricos, parece ser, no presente, completamente desconhecida para os responsáveis eclesiásticos da Sé da Lisboa. 

Antes de tudo, não parece demais relembrar que quando falamos da Sé de Lisboa estamos a falar de um monumento construído em 1150, três anos depois da reconquista de Lisboa por D. Afonso Henriques. 

A Sé foi ao longo dos séculos modificada com acrescentos de diversas épocas e reinos, sofreu danos provocados por diversos terramotos e foi restaurada sobre a influência de diversos conceitos. Uns hoje em dia mais aceitáveis que outros. Mas, provavelmente, nunca terá sido alvo de um tipo de intervenção com a ligeireza, irresponsabilidade e consequente gravidade como a que decorreu há pouco tempo. 

O que aconteceu? Só conhecemos os graves efeitos... desconhecemos, apesar de terem sido pedidas explicações ao patriarcado, quem são realmente os responsáveis e o que tencionam fazer com as graves consequências dos seus actos, que afectaram gravemente a integridade física deste monumento tão importante para a História de Lisboa e para a época da fundação de Portugal. O que podemos concluir das hesitantes e trágicas "declarações" do cónego Lourenço e do padre Edgar Clara à comunicação social é de que, impacientes com a demora de um necessário restauro de um gradeamento no portão norte, resolveram "deitar mãos à obra" por iniciativa própria, pondo um "jeitoso" pedreiro, sem qualquer acompanhamento técnico especializado por parte do Igespar, a "atacar" os blocos seculares através de um disco mecânico de diamante (!). Assim, a modos como quem muda um portão numa "vivenda", numa periferia manhosa. 

O testemunho das fotografias tiradas ainda quando a obra decorria não mente. O desenrascado artífice atacava a base das colunetas, arrancando blocos seculares que eram nitidamente visíveis no chão, e depois passava a cobrir os vazios com placas de pedra com a espessura de centímetro e meio, e bordadura. "Axim", a modos de umas obras de casa de banho (!). 

A mente humana é misteriosa. Quando a realidade é insuportável, procuramos uma fuga no surreal. Assim, vi-me de repente, perante a gravidade e o absurdo surrealista da situação, a imaginar os distintos eclesiásticos numa situação parecida com a famosa cena do filme Bean onde este conhecido comediante vandaliza o insubstituível quadro Whistler"s mother de forma irreversível, e tenta esconder as terríveis consequências. 

Mas não temos razões para rir. O próprio Igespar também ainda não deu explicações do que é que tenciona fazer em relação à situação. E onde estão as pedras originais vandalizadas? De que época e a que intervenção correspondem? Teremos que concluir que a extinção da Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais foi precipitada? Que o Igespar é um paquiderme inoperante? Será que Portugal está doente? 

Historiador de Arquitectura»